quinta-feira , 14 novembro , 2024

Crítica | Sol da Meia Noite – Um romance para quem nunca assistiu a um filme sequer

O Novo Crepúsculo

Pensando bem, Sol da Meia Noite soa exatamente como um roteiro modificado para um novo Crepúsculo. É como se os produtores tivessem oferecido o pitch desta forma: “Imagine Crepúsculo com o vampiro sendo a menina”. Assim, ganhamos Katie, personagem da ruivinha Bella Thorne, uma jovem que só pode deixar a casa quando anoitece. O motivo, no entanto, não tem a ver com o sobrenatural, mas sim devido a uma doença grave que transforma o sol em seu maior predador.

A vida inteira ela foi apaixonada por Charlie (Patrick Schwarzenegger), o bonitão do colégio, a quem viu desde a infância passar em frente à sua casa, em seu caminho para a escola. Katie é sensível, tímida, gosta de música e sonha em poder cantar – assim como toda boa menina em um destes filmes deve ser. Então, como em um toque de mágica, o caminho dos belos adolescentes irá se cruzar e eles irão se apaixonar perdidamente. No percurso, é claro, precisando enfrentar o drama da condição da moça – o conflito apresentado aqui.



A premissa, embora incrivelmente batida, poderia até render um resultado minimamente saboroso. Em anos recentes, os filmes de “jovens terminais” praticamente se tornaram um subgênero dentro do cinema de romance adolescente – a maioria até mesmo surpreendendo e sobressaindo seu teor açucarado. Ao invés de matar o espectador com elevadíssimas taxas de glicose, produções como A Culpa é das Estrelas (2014) e Tudo e Todas as Coisas (2017) obtiveram sua cota de elogios e fãs. Isso só demonstra a forma certa que o material pode ser tratado. Não é isso o que ocorre aqui.

Ao contrário dos longas citados acima, Sol da Meia Noite parece trabalhar no mais baixo denominador comum. Não possui impressa qualquer sagacidade ou bom humor (o que dirá humor sarcástico) sobre o tópico adereçado. Este é somente mais um drama teen sobre doença, que perpassa por todos os itens da cartilha de obras assim, sem qualquer brilho ou insight.

A química entre o casal protagonista é inexistente, e este é um dos maiores problemas do romance. Em filmes assim, é esperado que o público anseie pelos personagens, para que fiquem juntos, e isso só se realiza se gostarmos de sua combinação. Esta é uma das maiores fraquezas de O Sol da Meia Noite. Separados, Thorne e Schwarzenegger não conseguem impulsionar seus papeis, entregando a vivacidade de “recortes de papelão” ao invés de seres humanos. Juntos então, soam como uma grande parede pintada de branco.

Bella Thorne, a It Girl do momento em Hollywood, já provou ter talento no passado e se sair bem em produções de comédia e terror, mas aqui, ao ser exigida que segure o filme com um papel dramático, a ruiva simplesmente não funciona. Talvez o recente comportamento errático da atriz, que começa a sair dos trilhos, tenha contribuído para sua atuação ligada no automático. Já o filho do grande Arnold Schwarzenegger, Patrick, em seu primeiro papel protagonista… bem, digamos que perto da performance do ator aqui, o muito criticado Scott Eastwood (filho de outro lendário artista, Clint Eastwood), comece a soar mais como um grande talento.

Sol da Meia Noite é baseado num filme japonês, escrito por Kenji Bando e adaptado por Eric Kirsten. A direção é de Scott Speer, o sujeito que cometeu os filmes da “franquia” Se Ela Dança, Eu Danço (2012 e 2014). Os diálogos são tão mundanos e sem energia, que podemos citá-los minutos antes, mesmo sem ter assistido ao filme, isso quando não causam vergonha alheia ou risadas involuntárias. Os únicos dois itens que se destacam são Rob Riggle como o pai e, em especial, Quinn Shephard no papel da melhor amiga Morgan – a jovem tem mais carisma em suas poucas cenas do que os protagonistas somados. Ficamos, inclusive, desejando que a história parasse de seguir a dupla principal modorrenta e começasse a acompanhar ela. Ou quem sabe se Shephard tivesse abocanhado o papel de Throne, tudo geraria um interesse maior.

A direção equivocada de Speer em algumas cenas, escritas de forma esdrúxula, só amplifica o grau do ridículo, deixando tudo artificial, e as risadas difíceis de serem seguradas por aqueles que já saíram da puberdade. Em um determinando trecho, por exemplo, Charlie exige que Katie comece a cantar e tocar, e sem mais nem menos, “sua voz celestial” começa a atrair um público cada vez maior, num local anteriormente desértico. E quem precisa do Flautista de Hamelin? Em outro momento, um descuido de Katie a faz ficar em maus lençóis, precisando fugir de última hora do sol – numa cena planejada como tensa e orquestrada na forma de um filme de terror. Tudo o que consegue causar, no entanto, são gargalhadas ao vermos Throne correr em câmera lenta de algo intangível. E tem quem ainda reclame da “fuga do vento” em Fim dos Tempos (2008), de Shyamalan.

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A vida inteira ela foi apaixonada por Charlie (Patrick Schwarzenegger), o bonitão do colégio, a quem viu desde a infância passar em frente à sua casa, em seu caminho para a escola. Katie é sensível, tímida, gosta de música e sonha em poder cantar – assim como toda boa menina em um destes filmes deve ser. Então, como em um toque de mágica, o caminho dos belos adolescentes irá se cruzar e eles irão se apaixonar perdidamente. No percurso, é claro, precisando enfrentar o drama da condição da moça – o conflito apresentado aqui.

A premissa, embora incrivelmente batida, poderia até render um resultado minimamente saboroso. Em anos recentes, os filmes de “jovens terminais” praticamente se tornaram um subgênero dentro do cinema de romance adolescente – a maioria até mesmo surpreendendo e sobressaindo seu teor açucarado. Ao invés de matar o espectador com elevadíssimas taxas de glicose, produções como A Culpa é das Estrelas (2014) e Tudo e Todas as Coisas (2017) obtiveram sua cota de elogios e fãs. Isso só demonstra a forma certa que o material pode ser tratado. Não é isso o que ocorre aqui.

Ao contrário dos longas citados acima, Sol da Meia Noite parece trabalhar no mais baixo denominador comum. Não possui impressa qualquer sagacidade ou bom humor (o que dirá humor sarcástico) sobre o tópico adereçado. Este é somente mais um drama teen sobre doença, que perpassa por todos os itens da cartilha de obras assim, sem qualquer brilho ou insight.

A química entre o casal protagonista é inexistente, e este é um dos maiores problemas do romance. Em filmes assim, é esperado que o público anseie pelos personagens, para que fiquem juntos, e isso só se realiza se gostarmos de sua combinação. Esta é uma das maiores fraquezas de O Sol da Meia Noite. Separados, Thorne e Schwarzenegger não conseguem impulsionar seus papeis, entregando a vivacidade de “recortes de papelão” ao invés de seres humanos. Juntos então, soam como uma grande parede pintada de branco.

Bella Thorne, a It Girl do momento em Hollywood, já provou ter talento no passado e se sair bem em produções de comédia e terror, mas aqui, ao ser exigida que segure o filme com um papel dramático, a ruiva simplesmente não funciona. Talvez o recente comportamento errático da atriz, que começa a sair dos trilhos, tenha contribuído para sua atuação ligada no automático. Já o filho do grande Arnold Schwarzenegger, Patrick, em seu primeiro papel protagonista… bem, digamos que perto da performance do ator aqui, o muito criticado Scott Eastwood (filho de outro lendário artista, Clint Eastwood), comece a soar mais como um grande talento.

Sol da Meia Noite é baseado num filme japonês, escrito por Kenji Bando e adaptado por Eric Kirsten. A direção é de Scott Speer, o sujeito que cometeu os filmes da “franquia” Se Ela Dança, Eu Danço (2012 e 2014). Os diálogos são tão mundanos e sem energia, que podemos citá-los minutos antes, mesmo sem ter assistido ao filme, isso quando não causam vergonha alheia ou risadas involuntárias. Os únicos dois itens que se destacam são Rob Riggle como o pai e, em especial, Quinn Shephard no papel da melhor amiga Morgan – a jovem tem mais carisma em suas poucas cenas do que os protagonistas somados. Ficamos, inclusive, desejando que a história parasse de seguir a dupla principal modorrenta e começasse a acompanhar ela. Ou quem sabe se Shephard tivesse abocanhado o papel de Throne, tudo geraria um interesse maior.

A direção equivocada de Speer em algumas cenas, escritas de forma esdrúxula, só amplifica o grau do ridículo, deixando tudo artificial, e as risadas difíceis de serem seguradas por aqueles que já saíram da puberdade. Em um determinando trecho, por exemplo, Charlie exige que Katie comece a cantar e tocar, e sem mais nem menos, “sua voz celestial” começa a atrair um público cada vez maior, num local anteriormente desértico. E quem precisa do Flautista de Hamelin? Em outro momento, um descuido de Katie a faz ficar em maus lençóis, precisando fugir de última hora do sol – numa cena planejada como tensa e orquestrada na forma de um filme de terror. Tudo o que consegue causar, no entanto, são gargalhadas ao vermos Throne correr em câmera lenta de algo intangível. E tem quem ainda reclame da “fuga do vento” em Fim dos Tempos (2008), de Shyamalan.

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