domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Sombra Lunar – Suspense da Netflix traz pitadas de ‘Black Mirror’ e ‘True Detective’

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Estamos em 2024. A primeira imagem que vemos é um cenário distópico caótico, totalmente destruído em algum lugar na Filadélfia. Cai uma bandeira que se assemelha com a dos Estados Unidos, porém, com menos estrelas. A gente estranha, mas segue em frente. E, de repente, estamos em 1988, acompanhando dois policiais cheios de vontade investigativa, seguindo o rastro do que parece ser um possível quadro de assassinatos em série: uma sequência de corpos encontrados pelas ruas da cidade, mortos no meio de uma ação incompleta, todos contendo duas características muito estranhas – uma marca de três pequenas perfurações em alguma parte do corpo e o fato de o cérebro ter se diluído de alguma forma, e escorrido através dos orifícios do corpo em um mar de sangue. Começa aí o quebra-cabeças que o espectador tem que montar.



O roteiro avança linearmente em intervalos de 9 anos, enquanto a história retrocede no mesmo intervalo de tempo. Ou seja, enquanto o filme se desenrola, o espectador tem que ir juntando as peças de trás pra frente, até o ponto da cena inicial – e isso pode ser um pouco confuso, já que os próprios personagens não sabem o que está acontecendo e a gente vai descobrindo junto com eles. É uma escolha arriscada dos roteiristas Gregory Weidman e Geoff Tock, pois, apesar de ser um formato ativo (ou seja, que pede a participação do espectador para construir a história), o resultado é bem morno e pouco elucidativo, deixando um bocado de ponta sem explicação – a começar pelo título.

 

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O elenco principal traz Boyd Holbrook como o protagonista Tommy Lockhart, um policial com instinto investigativo que trabalha junto com o parceiro Winston Maddox (Bokeen Woodbine). Boyd se esforça para criar uma paranoia em ser personagem, porém, o resultado não é cativante – aliás, todo o elenco não consegue fazer com que haja uma imersão total na história. Faltou uma exigência maior do diretor Jim Mickle, em fazer com que o elenco trouxesse mais emoção e sintonia ao trabalho em equipe.

Apesar disso, o arremate de ‘Sombra Lunar’ não é ruim. Entretanto, com o bom argumento que tinha, era para o longa ter atingido um resultado mais satisfatório. A trama começa como um suspense policial bem estilo ‘True Detective’, e esse é o tom com que a história vai sendo contada; entre o 2º e o 3º ato, o filme insere especulações da ficção científica com embasamento histórico – algo entre ‘Black Mirror’ e o romance distópico ‘1984’, de George Orwell; por fim, o espectador fica como começa – o que pode gerar frustração. Considerando que ‘Sombra Lunar’ tem 115 minutos, alguns cortes poderiam ter sido realizados em prol de um melhor desenvolvimento de pontos importantes da trama; ao invés, o longa joga elementos que parecem ser relevantes, mas que não acrescentam à história e só distraem o espectador (que fica na esperança de que a trama enverede por esse lado, mas ela não vai).

Ou seja, ‘Sombra Lunar’ é um entretenimento bacaninha, até bem-feitinho, mas não espere grandes explicações – estas ficam a cargo das teorias que o espectador deve construir por conta própria. Uma dica: o presidente Donald Trump aprovou uma diretriz para que a próxima missão de astronautas norte-americanos na Lua ocorra em 2024. Ligue os pontos.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Estamos em 2024. A primeira imagem que vemos é um cenário distópico caótico, totalmente destruído em algum lugar na Filadélfia. Cai uma bandeira que se assemelha com a dos Estados Unidos, porém, com menos estrelas. A gente estranha, mas segue em frente. E, de repente, estamos em 1988, acompanhando dois policiais cheios de vontade investigativa, seguindo o rastro do que parece ser um possível quadro de assassinatos em série: uma sequência de corpos encontrados pelas ruas da cidade, mortos no meio de uma ação incompleta, todos contendo duas características muito estranhas – uma marca de três pequenas perfurações em alguma parte do corpo e o fato de o cérebro ter se diluído de alguma forma, e escorrido através dos orifícios do corpo em um mar de sangue. Começa aí o quebra-cabeças que o espectador tem que montar.

O roteiro avança linearmente em intervalos de 9 anos, enquanto a história retrocede no mesmo intervalo de tempo. Ou seja, enquanto o filme se desenrola, o espectador tem que ir juntando as peças de trás pra frente, até o ponto da cena inicial – e isso pode ser um pouco confuso, já que os próprios personagens não sabem o que está acontecendo e a gente vai descobrindo junto com eles. É uma escolha arriscada dos roteiristas Gregory Weidman e Geoff Tock, pois, apesar de ser um formato ativo (ou seja, que pede a participação do espectador para construir a história), o resultado é bem morno e pouco elucidativo, deixando um bocado de ponta sem explicação – a começar pelo título.

 

O elenco principal traz Boyd Holbrook como o protagonista Tommy Lockhart, um policial com instinto investigativo que trabalha junto com o parceiro Winston Maddox (Bokeen Woodbine). Boyd se esforça para criar uma paranoia em ser personagem, porém, o resultado não é cativante – aliás, todo o elenco não consegue fazer com que haja uma imersão total na história. Faltou uma exigência maior do diretor Jim Mickle, em fazer com que o elenco trouxesse mais emoção e sintonia ao trabalho em equipe.

Apesar disso, o arremate de ‘Sombra Lunar’ não é ruim. Entretanto, com o bom argumento que tinha, era para o longa ter atingido um resultado mais satisfatório. A trama começa como um suspense policial bem estilo ‘True Detective’, e esse é o tom com que a história vai sendo contada; entre o 2º e o 3º ato, o filme insere especulações da ficção científica com embasamento histórico – algo entre ‘Black Mirror’ e o romance distópico ‘1984’, de George Orwell; por fim, o espectador fica como começa – o que pode gerar frustração. Considerando que ‘Sombra Lunar’ tem 115 minutos, alguns cortes poderiam ter sido realizados em prol de um melhor desenvolvimento de pontos importantes da trama; ao invés, o longa joga elementos que parecem ser relevantes, mas que não acrescentam à história e só distraem o espectador (que fica na esperança de que a trama enverede por esse lado, mas ela não vai).

Ou seja, ‘Sombra Lunar’ é um entretenimento bacaninha, até bem-feitinho, mas não espere grandes explicações – estas ficam a cargo das teorias que o espectador deve construir por conta própria. Uma dica: o presidente Donald Trump aprovou uma diretriz para que a próxima missão de astronautas norte-americanos na Lua ocorra em 2024. Ligue os pontos.

 

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