domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Special – uma aula sobre como fazer o humor impróprio funcionar

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Retratar qualquer tipo de incapacidade gerada a partir de um distúrbio sendo ele crônico ou não classifica-se, facilmente, como uma tarefa bem difícil e delicada. É necessário ter um cuidado específico para que não ofenda alguém ou trate a situação de forma incorreta. Quando esses assuntos são trabalhados no meio das produções de gênero cômico só existem dois caminhos: aquele do cuidado redobrado ou o do humor impróprio.

Special é uma série original Netflix criada por Ryan O’Connell (Awkward), que também estrela a dramaturgia, e é baseada na sua própria história como um jovem gay com paralisia cerebral. Após sofrer um acidente de carro, ele utiliza esta situação em seu novo emprego como estagiário, para justificar a sua inabilidade. A partir disso, Ryan vivencia algumas situações que nunca havia vivido antes e também passa por um processo de aprendizado.



Com oito episódios que variam entre 14 e 17 minutos, a produção conta com um roteiro que surpreende o espectador ao longo do seu desenvolvimento. A dramaturgia que, primeiramente, não parece oferecer grandes elementos, consegue prender a atenção de quem assiste e apresenta uma trama bem trabalhada em torno do humor impróprio. A primeira cena já evidencia o foco e o percurso que serão tomados, não deixando margem de dúvidas para aqueles que não curtem esse tipo de humor.

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Ao longo de seus capítulos, o público é apresentado cuidadosamente ao protagonista e aqueles que estão e passarão a fazer parte do seu convívio social. Os tons exagerados de alguns personagens acrescentam em positivo à ideia que a série quer passar, enquanto outros são facilmente identificáveis e críveis, não deixando margem para duvidar que poderiam existir na vida real.

Na construção dos personagens, Ryan Hayes é o ponto principal da trama e, no decorrer dos episódios, descobrimos algumas de suas facetas, inclusive, o quanto certas escolhas serão fundamentais para que ganhe mais maturidade caso a produção venha a ganhar uma segunda temporada. O crescimento da sua mãe, Karen Hayes (Jessica Hecht), é perceptível e muito bem construído, causando ainda mais simpatia do público para com ela.

Outra que é preciso destacar é Panum Patel no papel de Kim Laghari, uma das jornalistas do blog onde Ryan trabalha que rapidamente fica amiga do rapaz. Kim entrega cenas divertidíssimas e diálogos que giram em torno do entretenimento, mas que também provocam no espectador a reflexão. Phil (Patrick Fabian), o vizinho bonitão de Karen e interesse amoroso, é um dos que contribuem para que ela consiga perceber certos problemas no seu relacionamento com o filho.

Augustus Prew dá vida a Carey, um suposto interesse amoroso do protagonista, que deixará tanto ele como o próprio público confusos sobre o que realmente quer e o que está fazendo, além de provocar um pequeno ranço. O personagem permite ao espectador questionar o que esperar do mesmo na próxima temporada. Além deles, Olivia (Marla Mindelle) é a chefe de Ryan e um verdadeiro poço de futilidades, espere dar muitas risadas.

Em termos técnicos, a produção cumpre o esperado de uma comédia e tem Anna Dokoza (Bored to Death) assinando a direção de todos os episódios. A arte faz um trabalho também nos padrões e em algumas cenas despertam a vontade do telespectador de estar vivenciando aquele momento. A trilha sonora não é das mais marcantes, porém realiza o propósito.

No geral, Special é uma comédia que vale a pena conferir caso você goste e/ou seja fã do humor impróprio, afinal, algumas cenas podem soar ofensivas para aqueles que não curtem o gênero. Ademais, a série conta com um roteiro bem escrito e estruturado, além de personagens fáceis de se identificar.  Um detalhe para se saber antes de assistir é que, parecido com seu personagem, Ryan O’Connell demorou 28 anos para “sair do armário”, em virtude de sua paralisia cerebral. Com isso, já é possível imaginar que a trama conta com bons diálogos a respeito do assunto.

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Crítica | Special – uma aula sobre como fazer o humor impróprio funcionar

Retratar qualquer tipo de incapacidade gerada a partir de um distúrbio sendo ele crônico ou não classifica-se, facilmente, como uma tarefa bem difícil e delicada. É necessário ter um cuidado específico para que não ofenda alguém ou trate a situação de forma incorreta. Quando esses assuntos são trabalhados no meio das produções de gênero cômico só existem dois caminhos: aquele do cuidado redobrado ou o do humor impróprio.

Special é uma série original Netflix criada por Ryan O’Connell (Awkward), que também estrela a dramaturgia, e é baseada na sua própria história como um jovem gay com paralisia cerebral. Após sofrer um acidente de carro, ele utiliza esta situação em seu novo emprego como estagiário, para justificar a sua inabilidade. A partir disso, Ryan vivencia algumas situações que nunca havia vivido antes e também passa por um processo de aprendizado.

Com oito episódios que variam entre 14 e 17 minutos, a produção conta com um roteiro que surpreende o espectador ao longo do seu desenvolvimento. A dramaturgia que, primeiramente, não parece oferecer grandes elementos, consegue prender a atenção de quem assiste e apresenta uma trama bem trabalhada em torno do humor impróprio. A primeira cena já evidencia o foco e o percurso que serão tomados, não deixando margem de dúvidas para aqueles que não curtem esse tipo de humor.

Ao longo de seus capítulos, o público é apresentado cuidadosamente ao protagonista e aqueles que estão e passarão a fazer parte do seu convívio social. Os tons exagerados de alguns personagens acrescentam em positivo à ideia que a série quer passar, enquanto outros são facilmente identificáveis e críveis, não deixando margem para duvidar que poderiam existir na vida real.

Na construção dos personagens, Ryan Hayes é o ponto principal da trama e, no decorrer dos episódios, descobrimos algumas de suas facetas, inclusive, o quanto certas escolhas serão fundamentais para que ganhe mais maturidade caso a produção venha a ganhar uma segunda temporada. O crescimento da sua mãe, Karen Hayes (Jessica Hecht), é perceptível e muito bem construído, causando ainda mais simpatia do público para com ela.

Outra que é preciso destacar é Panum Patel no papel de Kim Laghari, uma das jornalistas do blog onde Ryan trabalha que rapidamente fica amiga do rapaz. Kim entrega cenas divertidíssimas e diálogos que giram em torno do entretenimento, mas que também provocam no espectador a reflexão. Phil (Patrick Fabian), o vizinho bonitão de Karen e interesse amoroso, é um dos que contribuem para que ela consiga perceber certos problemas no seu relacionamento com o filho.

Augustus Prew dá vida a Carey, um suposto interesse amoroso do protagonista, que deixará tanto ele como o próprio público confusos sobre o que realmente quer e o que está fazendo, além de provocar um pequeno ranço. O personagem permite ao espectador questionar o que esperar do mesmo na próxima temporada. Além deles, Olivia (Marla Mindelle) é a chefe de Ryan e um verdadeiro poço de futilidades, espere dar muitas risadas.

Em termos técnicos, a produção cumpre o esperado de uma comédia e tem Anna Dokoza (Bored to Death) assinando a direção de todos os episódios. A arte faz um trabalho também nos padrões e em algumas cenas despertam a vontade do telespectador de estar vivenciando aquele momento. A trilha sonora não é das mais marcantes, porém realiza o propósito.

No geral, Special é uma comédia que vale a pena conferir caso você goste e/ou seja fã do humor impróprio, afinal, algumas cenas podem soar ofensivas para aqueles que não curtem o gênero. Ademais, a série conta com um roteiro bem escrito e estruturado, além de personagens fáceis de se identificar.  Um detalhe para se saber antes de assistir é que, parecido com seu personagem, Ryan O’Connell demorou 28 anos para “sair do armário”, em virtude de sua paralisia cerebral. Com isso, já é possível imaginar que a trama conta com bons diálogos a respeito do assunto.

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