domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Star Wars: Os Últimos Jedi – Demora a engatar, mas quando engata é épico

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O Império Revida

De fato, quando começa este Os Últimos Jedi não sentimos que muita coisa mudou desde que visitamos este mundo e seus personagens há dois anos em O Despertar da Força. A brincadeira em forma de meme que está rolando nas mídias sociais com Rey e Luke (ela segurando o sabre dele com o braço estendido por dois anos) se faz quase verdade, e o filme, neste trecho, continua do exato momento. Nas letras subindo em scroll na abertura – marca registrada da série, que carrega o majestoso tema de John Williams – as informações parecem notícias velhas também. A Primeira Ordem ganhou mais terreno e quase erradicou por completa a aliança rebelde. Por outro lado, estes ainda creem que Luke (Mark Hamill) seja a esperança de vitória. Bem, por esta apresentação podemos pensar que os realizadores tiveram, assim como no episódio anterior, os filmes da trilogia clássica em mente – O Império Contra-Ataca (1980) começa exatamente assim, com este tom caótico.

Os Últimos Jedi é um ótimo filme, mas não é um filme perfeito. Um de seus maiores problemas, e um problema muito sentido e que incomoda, é a falta de ritmo narrativo até, digamos, seu terceiro ato. E aí talvez entre em cena a mão de Rian Johnson, diretor escolhido para talhar este novo episódio, obviamente sob a supervisão de J.J. Abrams, o articulador desta nova trilogia, que aqui atua como produtor, e em breve voltará à direção no comando do último capítulo. Por mais difícil que possa parecer, Rian Johnson, de 43 anos, tem poucos filmes no currículo em sua filmografia, e apenas Looper: Assassinos do Futuro (2012) de mais chamativo dentro da ficção científica. Mesmo assim recebeu controle total (ou quase) deste oitavo episódio – escrevendo o roteiro e dirigindo. E esta fragilidade é sentida nas duas áreas.



A verdade é que Johnson não cria uma boa história para Os Últimos Jedi, se formos analisar o todo. É uma trama simples, que durante mais da metade da projeção faz uso de algumas cenas que poderiam facilmente ter ficado de fora do corte final – o que é a cena no planeta cassino, que envolve a subtrama de Finn (John Boyega) e Rose (Kelly Marie Tran), a nova personagem adicionada e interesse amoroso, resgatando “cavalos de corrida”, e os salvando de ricaços inescrupulosos? A cena está no filme para introduzir o especialista arrombador – que inacreditavelmente não é o maior trapaceiro da galáxia, Lando Calrissian (Billy Dee Williams), mas sim o personagem canalha e gago de Benicio Del Toro (ótimo em cena e dono de um bom arco dramático). Como este, alguns outros momentos poderiam ter sido enxugados do roteiro.

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Outra das personagens novas que ganha destaque é a de Laura Dern, uma das líderes da rebelião, que assume o comando depois que a General Leia sai de cena. Momentaneamente, calma, não é o que você está pensando. Dern se sai bem, segura as cenas intensas e protagoniza justamente ao lado da saudosa Carrie Fisher, a cena mais emotiva do longa, que trouxe nó à garganta. E tenho certeza que trará à de vocês também. Sua personagem reserva uma reviravolta interessante, num arco sobre lealdade e traição. Por falar em reviravolta… bem, segura aí que voltarei a este tópico mais para frente. Falando dos personagens que já haviam aparecido no filme de 2015, é Poe Dameron, de Oscar Isaac, quem cresce muito e se ergue como líder nato. O sujeito mostra que se importa com a causa como nenhum outro e faz muito além do esperado dele. Creio que será o coração desta revolta.

Pulando para a participação de Carrie Fisher, dá para ver que a saudosa veterana realmente completou todo seu trabalho nesta produção. Sua participação é de destaque, e sua personagem é dona de enorme importância dentro da trama. Ela aparece muito e do início ao fim. Em determinado trecho, quando achamos que o filme tratará de tira-la de cena da pior forma possível (e acredite, os trailers estavam certos, ao contrário do que todos imaginavam – as cenas estavam mesmo na ordem), a primeira grande reviravolta é dada no roteiro, que deixará os fãs de cabelo em pé. Por isso é que acima eu disse que voltaria a este tópico, sobre as reviravoltas contidas aqui. Este é o filme das guinadas, da imprevisibilidade, do choque. O roteiro te surpreende a cada grande momento apresentado, quando esperamos que tudo corra por um caminho, somente para em seguida o momento ser subvertido. É simplesmente de tirar o fôlego. Muitas vezes, até mesmo em cabines de imprensa (exibições para críticos), as palmas e gritos de animação parecem fora de hora (como nos filmes da Marvel e da DC). Aqui, vibramos junto, porque o filme faz por merecer. E esta cena com Leia é uma delas. Que cena F#da!

Um trecho que deixa a desejar é todo o “treinamento” de Rey (Daisy Ridley – mais dramática aqui, um pouco menos carismática, mas ainda bem badass) com Luke. Momento que cria muitas ideias repetitivas, e apresenta o personagem de Mark Hamill de forma ofuscada, sem brilho. Ao contrário, digamos, de Han Solo (Harrison Ford) no filme anterior, e Leia (Fisher), neste. Este momento, embora faça muitas referências ao treinamento de Luke com Yoda no segundo filme da trilogia clássica (e esperem uma grande surpresa desta subtrama), serve apenas para revelar o passado de Kylo Ren (Adam Driver) e seu relacionamento com Luke. E mais uma vez, guarda certas surpresas, por subverter novamente o que esperávamos.

A verdade é que até mais de sua metade, Os Últimos Jedi estava bambeando, não se segurando como filme próprio e tipicamente soando como um destes episódios de transição, nos quais o mote é a “encheção de linguiça” até nos guiar ao último capítulo. E aí chega o terceiro ato. A partir da cena envolvendo Kylo, Rey e o líder Snoke (Andy Serkis), o filme desperta e parece ter tomado a porrada com a injeção de adrenalina no peito, assim como Mia Wallace (Uma Thurman) em Pulp Fiction. E assim como a desvairada mulher, a reação é a mesma. Acelera, sobe e não para mais. De longe a melhor cena é esta. Um momento perfeitamente trabalho, digno de diversas interpretações e que confecciona uma reviravolta tão inesperada, que consegue remeter e nos fazer lembrar do que um bom roteiro é capaz. É o básico de aulas de roteiro, que a maioria parece esquecer atualmente.

Bem, daí em diante é um abraço. É uma crescente absoluta, e que guarda todos os melhores e mais memoráveis momentos do longa. Para ter uma ideia, imagine a cena final de Rogue One (2016), com Darth Vader. Imagine aquele último momento, esticado para o terceiro ato inteiro. É o que temos em Os Últimos Jedi. Apesar disso, este segundo filme da nova trilogia não é tão divertido ou entretém tanto quanto seu antecessor. E ao contrário do filme de Abrams também, precisaria aparar mais as arestas. Seja como for, Os Últimos Jedi não é tão sombrio ou desesperançoso quanto O Império Contra-Ataca, mas segue, como não podia deixar de ser, homenageando esta saga tão querida e amada por fãs de cinema do mundo todo. Star Wars segue como o cerne do cinema de entretenimento, e revitaliza suas bases como poucos.

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De fato, quando começa este Os Últimos Jedi não sentimos que muita coisa mudou desde que visitamos este mundo e seus personagens há dois anos em O Despertar da Força. A brincadeira em forma de meme que está rolando nas mídias sociais com Rey e Luke (ela segurando o sabre dele com o braço estendido por dois anos) se faz quase verdade, e o filme, neste trecho, continua do exato momento. Nas letras subindo em scroll na abertura – marca registrada da série, que carrega o majestoso tema de John Williams – as informações parecem notícias velhas também. A Primeira Ordem ganhou mais terreno e quase erradicou por completa a aliança rebelde. Por outro lado, estes ainda creem que Luke (Mark Hamill) seja a esperança de vitória. Bem, por esta apresentação podemos pensar que os realizadores tiveram, assim como no episódio anterior, os filmes da trilogia clássica em mente – O Império Contra-Ataca (1980) começa exatamente assim, com este tom caótico.

Os Últimos Jedi é um ótimo filme, mas não é um filme perfeito. Um de seus maiores problemas, e um problema muito sentido e que incomoda, é a falta de ritmo narrativo até, digamos, seu terceiro ato. E aí talvez entre em cena a mão de Rian Johnson, diretor escolhido para talhar este novo episódio, obviamente sob a supervisão de J.J. Abrams, o articulador desta nova trilogia, que aqui atua como produtor, e em breve voltará à direção no comando do último capítulo. Por mais difícil que possa parecer, Rian Johnson, de 43 anos, tem poucos filmes no currículo em sua filmografia, e apenas Looper: Assassinos do Futuro (2012) de mais chamativo dentro da ficção científica. Mesmo assim recebeu controle total (ou quase) deste oitavo episódio – escrevendo o roteiro e dirigindo. E esta fragilidade é sentida nas duas áreas.

A verdade é que Johnson não cria uma boa história para Os Últimos Jedi, se formos analisar o todo. É uma trama simples, que durante mais da metade da projeção faz uso de algumas cenas que poderiam facilmente ter ficado de fora do corte final – o que é a cena no planeta cassino, que envolve a subtrama de Finn (John Boyega) e Rose (Kelly Marie Tran), a nova personagem adicionada e interesse amoroso, resgatando “cavalos de corrida”, e os salvando de ricaços inescrupulosos? A cena está no filme para introduzir o especialista arrombador – que inacreditavelmente não é o maior trapaceiro da galáxia, Lando Calrissian (Billy Dee Williams), mas sim o personagem canalha e gago de Benicio Del Toro (ótimo em cena e dono de um bom arco dramático). Como este, alguns outros momentos poderiam ter sido enxugados do roteiro.

Outra das personagens novas que ganha destaque é a de Laura Dern, uma das líderes da rebelião, que assume o comando depois que a General Leia sai de cena. Momentaneamente, calma, não é o que você está pensando. Dern se sai bem, segura as cenas intensas e protagoniza justamente ao lado da saudosa Carrie Fisher, a cena mais emotiva do longa, que trouxe nó à garganta. E tenho certeza que trará à de vocês também. Sua personagem reserva uma reviravolta interessante, num arco sobre lealdade e traição. Por falar em reviravolta… bem, segura aí que voltarei a este tópico mais para frente. Falando dos personagens que já haviam aparecido no filme de 2015, é Poe Dameron, de Oscar Isaac, quem cresce muito e se ergue como líder nato. O sujeito mostra que se importa com a causa como nenhum outro e faz muito além do esperado dele. Creio que será o coração desta revolta.

Pulando para a participação de Carrie Fisher, dá para ver que a saudosa veterana realmente completou todo seu trabalho nesta produção. Sua participação é de destaque, e sua personagem é dona de enorme importância dentro da trama. Ela aparece muito e do início ao fim. Em determinado trecho, quando achamos que o filme tratará de tira-la de cena da pior forma possível (e acredite, os trailers estavam certos, ao contrário do que todos imaginavam – as cenas estavam mesmo na ordem), a primeira grande reviravolta é dada no roteiro, que deixará os fãs de cabelo em pé. Por isso é que acima eu disse que voltaria a este tópico, sobre as reviravoltas contidas aqui. Este é o filme das guinadas, da imprevisibilidade, do choque. O roteiro te surpreende a cada grande momento apresentado, quando esperamos que tudo corra por um caminho, somente para em seguida o momento ser subvertido. É simplesmente de tirar o fôlego. Muitas vezes, até mesmo em cabines de imprensa (exibições para críticos), as palmas e gritos de animação parecem fora de hora (como nos filmes da Marvel e da DC). Aqui, vibramos junto, porque o filme faz por merecer. E esta cena com Leia é uma delas. Que cena F#da!

Um trecho que deixa a desejar é todo o “treinamento” de Rey (Daisy Ridley – mais dramática aqui, um pouco menos carismática, mas ainda bem badass) com Luke. Momento que cria muitas ideias repetitivas, e apresenta o personagem de Mark Hamill de forma ofuscada, sem brilho. Ao contrário, digamos, de Han Solo (Harrison Ford) no filme anterior, e Leia (Fisher), neste. Este momento, embora faça muitas referências ao treinamento de Luke com Yoda no segundo filme da trilogia clássica (e esperem uma grande surpresa desta subtrama), serve apenas para revelar o passado de Kylo Ren (Adam Driver) e seu relacionamento com Luke. E mais uma vez, guarda certas surpresas, por subverter novamente o que esperávamos.

A verdade é que até mais de sua metade, Os Últimos Jedi estava bambeando, não se segurando como filme próprio e tipicamente soando como um destes episódios de transição, nos quais o mote é a “encheção de linguiça” até nos guiar ao último capítulo. E aí chega o terceiro ato. A partir da cena envolvendo Kylo, Rey e o líder Snoke (Andy Serkis), o filme desperta e parece ter tomado a porrada com a injeção de adrenalina no peito, assim como Mia Wallace (Uma Thurman) em Pulp Fiction. E assim como a desvairada mulher, a reação é a mesma. Acelera, sobe e não para mais. De longe a melhor cena é esta. Um momento perfeitamente trabalho, digno de diversas interpretações e que confecciona uma reviravolta tão inesperada, que consegue remeter e nos fazer lembrar do que um bom roteiro é capaz. É o básico de aulas de roteiro, que a maioria parece esquecer atualmente.

Bem, daí em diante é um abraço. É uma crescente absoluta, e que guarda todos os melhores e mais memoráveis momentos do longa. Para ter uma ideia, imagine a cena final de Rogue One (2016), com Darth Vader. Imagine aquele último momento, esticado para o terceiro ato inteiro. É o que temos em Os Últimos Jedi. Apesar disso, este segundo filme da nova trilogia não é tão divertido ou entretém tanto quanto seu antecessor. E ao contrário do filme de Abrams também, precisaria aparar mais as arestas. Seja como for, Os Últimos Jedi não é tão sombrio ou desesperançoso quanto O Império Contra-Ataca, mas segue, como não podia deixar de ser, homenageando esta saga tão querida e amada por fãs de cinema do mundo todo. Star Wars segue como o cerne do cinema de entretenimento, e revitaliza suas bases como poucos.

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