A série de terror da Globo
Vendido como a primeira investida real no gênero terror na TV Globo (ou quem sabe na TV aberta), Supermax teve seu primeiro episódio exibido ontem. Logo de início percebemos certo teor jocoso e tom de sátira aos reality shows, em especial à prata da casa Big Brother. É interessante ver a toda poderosa Globo tirando sarro de si mesma.
A sátira vem acompanhada de certa metalinguagem, ao apresentar o mestre de cerimônia Pedro Bial brincando com sua imagem e interpretando a si mesmo. A estranheza plena reside no fato de vermos estrelas como Mariana Ximenes e Cleo Pires nos papeis de desconhecidas participantes deste tipo de programa, conversando com o anfitrião. Há certa aura de tosqueira espreitando tudo.
Um reality passado numa prisão inteiramente cercada pela Floresta Amazônica, no qual os participantes possuem crimes em seus currículos, é tão exagerado e caricato que torna a atmosfera incrivelmente trash. Só se torna aceitável a partir do momento em que abraçamos o lado sátira do programa.
Doze concorrentes a muitos milhões de reais estão confinados no local, entre eles o ex-policial Sergio (Erom Cordeiro), o ex-lutador de MMA Luisão (Bruno Belarmino), a ex-prostituta Diana (Fabiana Gugli), o ex-jogador de futebol ‘Rei’ Arthur (Rui Ricardo Diaz), a ex-socialite Cecilia (Vania de Britto), o jovem aficionado por rock e coisas satânicas Dante (Ravel Andrade), a empresária dona de salões de beleza Janette (Maria Clara Spinelli), o economista ligado a políticos José Augusto (Ademir Emboava), o ex-padre Nando (Nicolas Trevijano), o médico aposentado Timóteo (Mario César Camargo), além, é claro, das musas protagonistas Ximenes, que vive a enfermeira mórbida Bruna, e Pires, interpretando Sabrina, uma psicóloga com síndrome de Estocolmo.
Esses personagens coloridos também funcionam como caricaturas de personalidades que ressoam muito próximo ao imaginário coletivo popular do brasileiro. Figuras nacionais polêmicas como Bruna Surfistinha, os jogadores Ronaldo e Adriano, além de diversos políticos e socialites são clara inspiração para nossos protagonistas aqui.
E no quesito terror…
Se por um lado Supermax conseguiu despertar minimamente nossa curiosidade no quesito sátira / drama, nem que seja por uma questão de prazer culposo, o primeiro episódio deixa a desejar no item terror e suspense. O clima construído é legal, e o visual da prisão é muito bacana. A parte técnica está de parabéns – mas isso não é novidade em se tratando da emissora.
Supermax, no entanto, não entrega o anunciado. Seria o caso do programa chegar já chutando a porta, ao contrário, o primeiro episódio chega manso, preferindo privilegiar a apresentação e desenvolvimento dos personagens. Nada contra isso. Tirando dois momentos – um envolvendo o padre Nando com sangue por debaixo da porta e um no encerramento do episódio – o foco do debute foi por um viés mais dramático e psicológico, fazendo-nos questionar se as assombrações prometidas serão os fantasmas e demônios internos dos participantes se manifestando durante seu confinamento. A pergunta que muitos farão é: cadê o terror? Quanto a isso só posso rebater: esperemos.