As montanhas sempre ouvem e nunca respondem de volta. Explorando duas forças emocionais conflitantes, o fugir e o ter esperança, Tempestade Infinita parte de uma história sobre luta pela sobrevivência onde o instinto maternal e a solitude são parte de uma engrenagem fundamental que contempla os desafios de superar perdas. Dirigido pela dupla Malgorzata Szumowska e Michal Englert, o projeto é baseado em fatos reais de uma dramática história ocorrida no ano de 2010. No elenco, a duas vezes indicada ao Oscar, Naomi Watts.
Na trama, conhecemos Pam (Naomi Watts) uma alpinista e enfermeira na casa dos 50 anos com um enorme trauma no passado que vive seus dias sozinha em uma região fria e montanhosa. Ela faz parte da Equipe de Busca e Resgate do Vale de Pemigewasset, que cobre também o Monte Washington, em New Hampshire. Certo dia, mesmo sabendo das condições do tempo, com uma tempestade chegando, resolve ir até as montanhas. Durante o percurso, encontra um jovem perdido, e que parece desnorteado, fora de si. Lutando contra o tempo, Pam precisará usar todas suas habilidades para descer rapidamente a montanha e ajudar o jovem que encontrou.
Rodado em Kamnik, na Eslovênia, em uma co-produção que envolveu cinco países, Tempestade Infinita tem a perda implícita na trajetória de seus personagens mesmo que isso seja algo que demora a ser compreendido, fato que pode distanciar o espectador. O primeiro ponto é como sair de uma situação em condições contrárias, nesse parte, algumas perguntas podem ajudar: Quais os motivos para se sair daquela situação? Em quem você pensa quando embarca na esperança de volta pra casa? Qual o trauma sofrido pela protagonista? Para essa última pergunta, fundamental para entendermos algumas decisões, o uso de rápidos flashbacks completam algumas lacunas.
Basta uma pessoa para mudar os rumos de nossa vida. A narrativa adota a tempestade como um personagem importante, praticamente um elo entre os dois personagens que se encontram em um lugar inóspito onde o tempo muda rapidamente com a temperatura caindo abruptamente pelos menos 20 graus com a ausência do sol. Essa forte conexão, entre os dois personagens, só é completamente entendida no desfecho, deixando grande parte do filme estacionado em sequências repletas de cortes secos de um plano a outro guiadas pelo espírito de sobrevivência.
Outro ponto importante para reflexões é o instinto maternal, uma peça que aparece com mais clareza com a exaustão batendo e lembranças dolorosas transformando-se de peso à força. Nesse momento, entendemos o ritmo lento de uma narrativa que estimula alguns porquês do isolamento voluntário, a necessidade de uma solitude e as relações com as forças incontroláveis da natureza.
Disponível no catálogo da Prime Video, Tempestade Infinita é um filme que demora para acontecer mas que reserva boas reflexões quando desabrocha, saindo de um esmorecimento para uma profunda reflexão sobre os obstáculos que aparecem pela vida.