segunda-feira , 4 novembro , 2024

Crítica | Terror nas Profundezas – Chuva de Clichês Não Salva Nem Tubarão em TERROR da Netflix

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Um clichê bem usado conecta o espectador a mundos e tramas já previamente conhecidos, cujo lugar-comum é sempre bom voltarmos justamente por criar uma conexão com aquilo que esperamos e aquilo que encontramos nos filmes. Esse é o bom clichê, que, mesmo mudando o cenário, a época ou a língua segue funcionando com quem assiste ou lê a história. Infelizmente, porém, quando mal utilizado, recai em um buraco sem fim que transforma a experiência do entretenimento fílmico em um poço infindável de aborrecimento. Isso ocorre com ‘Terror nas Profundezas’, thriller de sobrevivência tão caricato que somente a presença de um tubarão justifica sua figuração no Top 10 da Netflix desde sua estreia.

Naomi (Mãdãlina Ghenea) sobrevivera um naufrágio em alto mar quando era criança, porém, nesse mesmo acidente perdera seu pai e sua mãe. O trauma permanece em sua vida mesmo hoje, décadas depois, figurando em seu sono à noite e causando-lhe pesadelos. Inconscientemente isso faz com que a jovem tenha dificuldade em assumir compromissos de longo prazo, como seu relacionamento com Jackson (Ed Westwick), seu namorado com quem já está há um tempo e que já começa a falar em casamento. Quando Jackson viaja com Barny (Ibrahima Gueye) para resolver questões de negócio, Naomi fica para trás na ilha caribenha para cuidar de outras questões. Teimosa, ela pega o barco deles e viaja em alto mar mesmo diante da ameaça de uma tempestade a espreita. No caminho, ela encontra Maria (Macarena Gómez) e José (Stany Coppet), sobreviventes de algum acidente. Contrariando as recomendações do namorado Naomi decide ajudar os desconhecidos, colocando-se em risco a partir do momento em que descobre que os dois são mal caráteres.

Em menos de uma hora e trinta a bagunça do roteiro de Robert Capelli Jr. e Sophia Eptamenitis é tão grande que em poucas cenas o espectador já perde a motivação. A protagonista (vivida por uma bela atriz com tudo em cima) é construída aos moldes de um estereótipo da mulher bonita e ingênua, mesmo dizendo que seu histórico é de sobrevivência e inteligência. As ações contraditórias só não superam a dupla de vilões, puramente moldados no estereótipo do hispanohablante cujo único papel na vida é ser vilão e tentar de se dar bem às custas dos protagonistas, mas não são páreos para eles, o casal anglofalante.

Nessa mistura toda sobra torcer para o tubarão, cuja participação não é nem central – apesar de figurar no pôster e na sinopse de ‘Terror nas Profundezas’. O diretor Marcus Adams faz do animal o grande antagonista de uma trama pouco crível, desenhado com efeitos especiais menos críveis ainda dentro de uma atuação sofrível. Mesmo assim, o tubarão consegue ser a melhor coisa do filme, imprimindo dinamismo e algum sentido nesta superprodução com locações maravilhosas e orçamento de vários dígitos.

Para quem curte filmes de terror nos quais o tubarão é a grande ameaça, ‘Terror nas Profundezas’ decepciona, mesmo trazendo um tubarão bacaninha. O grande plot twist da trama poderia ter sido justamente a trama central do filme – aí sim trazendo algo de novo – mas o elemento nem é aproveitado. ‘Terror nas Profundezas’ não assusta, não entretêm e não convence.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Naomi (Mãdãlina Ghenea) sobrevivera um naufrágio em alto mar quando era criança, porém, nesse mesmo acidente perdera seu pai e sua mãe. O trauma permanece em sua vida mesmo hoje, décadas depois, figurando em seu sono à noite e causando-lhe pesadelos. Inconscientemente isso faz com que a jovem tenha dificuldade em assumir compromissos de longo prazo, como seu relacionamento com Jackson (Ed Westwick), seu namorado com quem já está há um tempo e que já começa a falar em casamento. Quando Jackson viaja com Barny (Ibrahima Gueye) para resolver questões de negócio, Naomi fica para trás na ilha caribenha para cuidar de outras questões. Teimosa, ela pega o barco deles e viaja em alto mar mesmo diante da ameaça de uma tempestade a espreita. No caminho, ela encontra Maria (Macarena Gómez) e José (Stany Coppet), sobreviventes de algum acidente. Contrariando as recomendações do namorado Naomi decide ajudar os desconhecidos, colocando-se em risco a partir do momento em que descobre que os dois são mal caráteres.

Em menos de uma hora e trinta a bagunça do roteiro de Robert Capelli Jr. e Sophia Eptamenitis é tão grande que em poucas cenas o espectador já perde a motivação. A protagonista (vivida por uma bela atriz com tudo em cima) é construída aos moldes de um estereótipo da mulher bonita e ingênua, mesmo dizendo que seu histórico é de sobrevivência e inteligência. As ações contraditórias só não superam a dupla de vilões, puramente moldados no estereótipo do hispanohablante cujo único papel na vida é ser vilão e tentar de se dar bem às custas dos protagonistas, mas não são páreos para eles, o casal anglofalante.

Nessa mistura toda sobra torcer para o tubarão, cuja participação não é nem central – apesar de figurar no pôster e na sinopse de ‘Terror nas Profundezas’. O diretor Marcus Adams faz do animal o grande antagonista de uma trama pouco crível, desenhado com efeitos especiais menos críveis ainda dentro de uma atuação sofrível. Mesmo assim, o tubarão consegue ser a melhor coisa do filme, imprimindo dinamismo e algum sentido nesta superprodução com locações maravilhosas e orçamento de vários dígitos.

Para quem curte filmes de terror nos quais o tubarão é a grande ameaça, ‘Terror nas Profundezas’ decepciona, mesmo trazendo um tubarão bacaninha. O grande plot twist da trama poderia ter sido justamente a trama central do filme – aí sim trazendo algo de novo – mas o elemento nem é aproveitado. ‘Terror nas Profundezas’ não assusta, não entretêm e não convence.

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