sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | That ‘90s Show: Sequência de That ‘70s Show tem seu coração no lugar certo, mas falta carisma e maturidade

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Um fenômeno POP que atravessou as décadas de 90 e 2000, That ’70s Show foi um sopro criativo no formato de sitcoms. Uma comédia familiar majoritariamente centrada em seus protagonistas adolescentes, ela era uma caricatura da era hippie e de todos os demais estereótipos socioculturais que moldaram o período em questão. Propositalmente formulaica para se apresentar como uma sátira, a produção flertava com um humor mais saliente, deixando boa parte de suas piadas nas entrelinhas. Uma conexão instantânea com a geração millennial, oito temporadas depois e a fracassada tentativa de fazer That ’80s Show funcionar, e cá estamos diante de That ’90s Show, a 2ª chance da co-criadora Bonnie Turner de resgatar o sucesso dos tempos de outrora.



O ano é 1995 e agora há uma razão para nos importarmos com a trama. Enquanto That ’80s Show apenas tentava desfrutar da enorme popularidade da série original, a nova produção derivada tem um objetivo, além de conexões bem familiares. Leia Forman, a filha de Eric e Donna, volta para Wisconsin para passar as férias de verão ao lado de seus avós. E ali, no antigo e empoeirado porão dos veteranos da família Forman, uma nova turma de adolescentes peculiares se encontra, formando um pequeno e tempestuoso elo de amizade regado por encontros, desencontros e uma jornada de autodescoberta.

Resgatando quase todos os protagonistas principais da antiga sitcom (exceto Danny Masterson), That ’90s Show tenta se apoiar nos amados personagens originais, a fim de atrair os fãs mais antigos. Apelando para a nossa nostalgia, a série consegue acertar ao unir o elenco “oficial” novamente, nos fazendo até mesmo duvidar da passagem do tempo e suspirar pelo que uma vez já tivemos. E entre pequenas aparições e alguns destaques maiores, Turner, Gregg Mettler e Lindsey Turner ativam nossa memória afetiva mais saudosista, na tentativa de gerar uma ponte com o novato e inexperiente elenco que chega para ocupar os quatro cantos do icônico porão, à medida em que tentam encontrar um espaço no coração do irremediáveis fãs de That ’70s Show.

Mas embora a série sequência tenha boas intenções e seu coração esteja no lugar certo, um de seus maiores problemas é justamente a falta de carisma de seus novos personagens. Embora o elenco seja bem entrosado, seus protagonistas pecam pela falta de identidade. E ainda que sejam teoricamente bem elaborados dentro dos tropos de estereótipos de sitcoms familiares, That ’90s Show não consegue entregar a mesma personalidade que sua original sempre entregou. Enquanto Michael Kelso, Steven, Donna, Eric, Fez e Jackie eram de uma riqueza narrativa cômica, os novos não conseguem transpor a barreira do raso e sempre ficam no meio do caminho. Não são completamente esquecíveis, mas estão longe de serem suficientemente identificáveis e memoráveis.

E entregando alguns momentos mais delicados e sensíveis ao final de alguns de seus episódios, é notável que a original Netflix visa ir além da comédia pastelão e situacional – um dos seus pontos mais fortes. Mas com um humor que não funciona de forma contínua ao longo de seus 10 episódios, That ’90s Show acaba sendo reduzida à diversas sacadas cômicas soltas que, embora sejam genuinamente boas quando funcionam, ainda são escassas. Além disso, a falta de maturidade em seu humor torna os personagens bobos e às vezes desinteressantes, tornando a experiência esquecível às vezes pouco envolvente. Sem aquela mesma acidez, perspicácia e inteligência narrativa que tanto vimos em That ’70s Show, a nova produção corre o risco de se parecer com uma sitcom do saudoso Disney Channel.

Com Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith sendo o elo principal entre passado e presente, a nova série da Netflix acerta em cheio ao trazê-los de volta. Envelhecendo como um bom vinho, a dupla de atores desafia o teste do tempo com sua aparência e preserva o delicioso humor contrastante que sempre marcou a identidade do casal de idosos Red e Kitty Forman – sendo o melhor aspecto da nova sequência. E entre erros e acertos, That ’90s Show não é uma oportunidade perdida. Com um grande potencial para conquistar a geração Z e quem sabe manter os millennials, a derivada tem todos os elementos necessários para garantir uma 2ª temporada melhor, se fizer alguns ajustes em seu roteiro. Com um humor mais lapidado, sarcástico e inteligente, a produção é capaz de resgatar a riqueza criativa que tanto marcou a geração de That ’70s Show. Mas por hora, ela é (quase) o suficiente para acender a chama nostálgica que habita em nós.

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O ano é 1995 e agora há uma razão para nos importarmos com a trama. Enquanto That ’80s Show apenas tentava desfrutar da enorme popularidade da série original, a nova produção derivada tem um objetivo, além de conexões bem familiares. Leia Forman, a filha de Eric e Donna, volta para Wisconsin para passar as férias de verão ao lado de seus avós. E ali, no antigo e empoeirado porão dos veteranos da família Forman, uma nova turma de adolescentes peculiares se encontra, formando um pequeno e tempestuoso elo de amizade regado por encontros, desencontros e uma jornada de autodescoberta.

Resgatando quase todos os protagonistas principais da antiga sitcom (exceto Danny Masterson), That ’90s Show tenta se apoiar nos amados personagens originais, a fim de atrair os fãs mais antigos. Apelando para a nossa nostalgia, a série consegue acertar ao unir o elenco “oficial” novamente, nos fazendo até mesmo duvidar da passagem do tempo e suspirar pelo que uma vez já tivemos. E entre pequenas aparições e alguns destaques maiores, Turner, Gregg Mettler e Lindsey Turner ativam nossa memória afetiva mais saudosista, na tentativa de gerar uma ponte com o novato e inexperiente elenco que chega para ocupar os quatro cantos do icônico porão, à medida em que tentam encontrar um espaço no coração do irremediáveis fãs de That ’70s Show.

Mas embora a série sequência tenha boas intenções e seu coração esteja no lugar certo, um de seus maiores problemas é justamente a falta de carisma de seus novos personagens. Embora o elenco seja bem entrosado, seus protagonistas pecam pela falta de identidade. E ainda que sejam teoricamente bem elaborados dentro dos tropos de estereótipos de sitcoms familiares, That ’90s Show não consegue entregar a mesma personalidade que sua original sempre entregou. Enquanto Michael Kelso, Steven, Donna, Eric, Fez e Jackie eram de uma riqueza narrativa cômica, os novos não conseguem transpor a barreira do raso e sempre ficam no meio do caminho. Não são completamente esquecíveis, mas estão longe de serem suficientemente identificáveis e memoráveis.

E entregando alguns momentos mais delicados e sensíveis ao final de alguns de seus episódios, é notável que a original Netflix visa ir além da comédia pastelão e situacional – um dos seus pontos mais fortes. Mas com um humor que não funciona de forma contínua ao longo de seus 10 episódios, That ’90s Show acaba sendo reduzida à diversas sacadas cômicas soltas que, embora sejam genuinamente boas quando funcionam, ainda são escassas. Além disso, a falta de maturidade em seu humor torna os personagens bobos e às vezes desinteressantes, tornando a experiência esquecível às vezes pouco envolvente. Sem aquela mesma acidez, perspicácia e inteligência narrativa que tanto vimos em That ’70s Show, a nova produção corre o risco de se parecer com uma sitcom do saudoso Disney Channel.

Com Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith sendo o elo principal entre passado e presente, a nova série da Netflix acerta em cheio ao trazê-los de volta. Envelhecendo como um bom vinho, a dupla de atores desafia o teste do tempo com sua aparência e preserva o delicioso humor contrastante que sempre marcou a identidade do casal de idosos Red e Kitty Forman – sendo o melhor aspecto da nova sequência. E entre erros e acertos, That ’90s Show não é uma oportunidade perdida. Com um grande potencial para conquistar a geração Z e quem sabe manter os millennials, a derivada tem todos os elementos necessários para garantir uma 2ª temporada melhor, se fizer alguns ajustes em seu roteiro. Com um humor mais lapidado, sarcástico e inteligente, a produção é capaz de resgatar a riqueza criativa que tanto marcou a geração de That ’70s Show. Mas por hora, ela é (quase) o suficiente para acender a chama nostálgica que habita em nós.

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