domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | The Act: Mãe e filha em relação doentia na nova série biográfica da Hulu

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A nova produção original da plataforma de streaming Hulu já se anunciava como uma grande promessa, trazendo às telinhas a história real da jovem Gypsy Rose, que viveu anos sob sucessivos abusos físicos e psicológicos por parte de sua mãe, a ponto de dar um fim em seu sofrimento, com a ajuda de seu então namorado, que tirou a vida da matriarca. Uma história real que chocou os Estados Unidos, ela protagonizou também um dos casos mais conflitantes. Como alguém subjugada ao amor doentio de Dee Dee Rose, ela viveu entre remédios, alimentação intravenosa e foi proibida de andar, sendo tratada como uma garota paraplégica, que ainda sofria de um câncer em estágio terminal, além de má formação cerebral.



Mas sufocada por um cuidado supostamente amoroso, perceber o caos de sua vida não era tão simples como para quem assiste uma simples série de TV – pela ótica do espectador que sabe de tudo. E The Act exprime exatamente essa complexidade, apresentando uma narrativa que completa a imagem real construída em extensos documentários jornalísticos exibidos nos últimos anos. Demonstrando mais do que nunca a inocência de Gypsy, a produção ainda começa a explorar a Síndrome de Münchhausen por procuração, uma patologia perigosa que coloca em risco a vida de pessoas que – aparentemente – são tão amadas e bem tratadas no seio familiar.

A série criada por Nick Antosca e Michelle Dean faz um trabalho excepcional de caracterização. A escolha de Patricia Arquette e Joey King é certeira, resultando em uma dinâmica de tela impecável e cheia de entrega. A dupla, que interpreta mãe e filha, se rende aos fatos reais e dos fios de cabelo sintético aos detalhes do figurino se molda a uma genuína personificação de Dee Dee e Gypsy Blanchard. Honrando sua estatueta do Oscar como ninguém, a veterana nos presenteia com uma atuação poderosa e contrastante, que vagueia entre a fala extremamente mansa – quase lenta, e o comportamento agressivo dominante. Já King se prepara para uma carreira muito além da comédia teen A Barraca do Beijo, transformando sua voz e se rendendo aos maneirismos que a vida impuseram à Gypsy. Juntas, elas fazem de The Act um ato espetaculoso do que uma série de qualidade tem que ser.

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Retratar fatos reais é sempre um desafio. Do fact check à caracterização física e emocional dos protagonistas, o detalhismo é o diferencial de uma produção que se compromete com a história que está contando. Na primeira temporada de The Act, o roteiro é bem alinhado e evidencia alguns dos momentos chaves da vida da mãe e da filha, passando pelas transformações hormonais naturais de uma garota comum, que não possui qualquer limitação congênita. A produção também acerta na sua direção, que explora a luz natural e as sombras com facilidade, ajudando a construir a atmosfera das cenas. Esse aspecto ainda faz um contraste com o design de produção, que segue a risca o universo cor de rosa estabelecido por Dee Dee Rose, a fim de consolidar aquela sensação de fábula da vida real – de uma garotinha cheia de pesares, mas que consegue vencê-los entre bichinhos de pelúcia e tons pastéis.

Com um excelente ritmo a cada episódio, a série é um primor em sua totalidade e ainda traz uma trilha sonora com algumas referências da própria cultura POP. Nos apresentando ainda a Calum Worthy, ex-ator do Disney Channel (Austin & Ally), que traz consigo uma atuação surpreendentemente convincente, a Hulu se consolida cada vez mais como uma plataforma valiosa para a produção de conteúdos originais e faz de The Act uma série antológica de cacife igualmente poderoso, se igualando ao mesmo nível de maestria da aclamada American Crime Story.

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Crítica | The Act: Mãe e filha em relação doentia na nova série biográfica da Hulu

A nova produção original da plataforma de streaming Hulu já se anunciava como uma grande promessa, trazendo às telinhas a história real da jovem Gypsy Rose, que viveu anos sob sucessivos abusos físicos e psicológicos por parte de sua mãe, a ponto de dar um fim em seu sofrimento, com a ajuda de seu então namorado, que tirou a vida da matriarca. Uma história real que chocou os Estados Unidos, ela protagonizou também um dos casos mais conflitantes. Como alguém subjugada ao amor doentio de Dee Dee Rose, ela viveu entre remédios, alimentação intravenosa e foi proibida de andar, sendo tratada como uma garota paraplégica, que ainda sofria de um câncer em estágio terminal, além de má formação cerebral.

Mas sufocada por um cuidado supostamente amoroso, perceber o caos de sua vida não era tão simples como para quem assiste uma simples série de TV – pela ótica do espectador que sabe de tudo. E The Act exprime exatamente essa complexidade, apresentando uma narrativa que completa a imagem real construída em extensos documentários jornalísticos exibidos nos últimos anos. Demonstrando mais do que nunca a inocência de Gypsy, a produção ainda começa a explorar a Síndrome de Münchhausen por procuração, uma patologia perigosa que coloca em risco a vida de pessoas que – aparentemente – são tão amadas e bem tratadas no seio familiar.

A série criada por Nick Antosca e Michelle Dean faz um trabalho excepcional de caracterização. A escolha de Patricia Arquette e Joey King é certeira, resultando em uma dinâmica de tela impecável e cheia de entrega. A dupla, que interpreta mãe e filha, se rende aos fatos reais e dos fios de cabelo sintético aos detalhes do figurino se molda a uma genuína personificação de Dee Dee e Gypsy Blanchard. Honrando sua estatueta do Oscar como ninguém, a veterana nos presenteia com uma atuação poderosa e contrastante, que vagueia entre a fala extremamente mansa – quase lenta, e o comportamento agressivo dominante. Já King se prepara para uma carreira muito além da comédia teen A Barraca do Beijo, transformando sua voz e se rendendo aos maneirismos que a vida impuseram à Gypsy. Juntas, elas fazem de The Act um ato espetaculoso do que uma série de qualidade tem que ser.

Retratar fatos reais é sempre um desafio. Do fact check à caracterização física e emocional dos protagonistas, o detalhismo é o diferencial de uma produção que se compromete com a história que está contando. Na primeira temporada de The Act, o roteiro é bem alinhado e evidencia alguns dos momentos chaves da vida da mãe e da filha, passando pelas transformações hormonais naturais de uma garota comum, que não possui qualquer limitação congênita. A produção também acerta na sua direção, que explora a luz natural e as sombras com facilidade, ajudando a construir a atmosfera das cenas. Esse aspecto ainda faz um contraste com o design de produção, que segue a risca o universo cor de rosa estabelecido por Dee Dee Rose, a fim de consolidar aquela sensação de fábula da vida real – de uma garotinha cheia de pesares, mas que consegue vencê-los entre bichinhos de pelúcia e tons pastéis.

Com um excelente ritmo a cada episódio, a série é um primor em sua totalidade e ainda traz uma trilha sonora com algumas referências da própria cultura POP. Nos apresentando ainda a Calum Worthy, ex-ator do Disney Channel (Austin & Ally), que traz consigo uma atuação surpreendentemente convincente, a Hulu se consolida cada vez mais como uma plataforma valiosa para a produção de conteúdos originais e faz de The Act uma série antológica de cacife igualmente poderoso, se igualando ao mesmo nível de maestria da aclamada American Crime Story.

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