sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | ‘The Assassination of Gianni Versace’ – Rasgação de seda à queima roupa

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O despertar dos olhos em uma manhã quente na cidade que exala excessos. Edgar Ramirez revela-se como Gianni Versace nos primeiros segundos, na leveza de um estilista cercado por si próprio. Não de maneira arrogante, mas sim intimista. Com ares italianos de uma arquitetura provençal regada a glamour e detalhes impressionantes, iniciamos ‘The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story‘ percorrendo os átrios desse universo extravagante fundado pelo veterano e, por que não, sua família.



Detalhista em cada ponto de sua costura e excessivo na mistura de estampas, Versace é o ápice do significado da palavra vogue. E isso é impresso em cada um dos atributos do primeiro episódio da segunda temporada da aclamada antologia de Ryan Murphy. Característico e até mesmo ostensivo na estética, como em todas as suas demais séries, ele assume a direção do capítulo inaugural da história que ele quis adiantar. Todos já ouvimos falar do emblemático caso da cultura POP. Agora seremos apresentados ao submundo das extensões de seda, paetês e estampas alegóricas que hipnotizam como a própria Medusa.

Tratar de uma das mortes mais sentidas no ramo da moda envolve um grau de percepção extremamente apurado. Ícone das passarelas e vitrines mais desejadas, Versace carregou seu sobrenome italiano para o resto do mundo. Vestiu algumas das modelos mais emblemáticas, como Naomi Campbell. Cercado pelo brilho das roupas que desenhava e costurava, ele uniu a quietude da comuna italiana de Régio da Calábria à irreverência do centro fashionista do mundo, Milão. Sua plasticidade, tão peculiar e exuberante, se reflete em roupas, acessórios, jogos de jantar e um design de interiores de encher os olhos.

Murphy entende a dimensão dessa história não falada, dita através deste universo quase inanimado. Pelas mãos de Versace tudo ganha vida ao seu redor e o produtor soube extrair a essência de seu mundo, consolidado em uma das casas mais fascinantes de Miami (hoje um hotel chamado The Villa Casa Casuarina). Ali, onde ele mesmo foi assassinado pelas mãos de Andrew Cunanan, o primeiro episódio se desabrocha, anunciando personagens tão complexos, mas tão bem apresentados. Em menos de um hora, sabemos quem todos são. Cercados pelo desenrolar de uma tragédia inesperada, a narrativa inverte a ordem dos fatos e conta a história de forma não linear. Espere rever o fim por diversos ângulos ao longo dos próximos oito episódios.

Peculiares à sua maneira, conhecemos Antonio D’Amico (Ricky Martin), Andrew Cunanan (Darren Criss) e Donatella Versace (Penélope Cruz). Os personagens que compõem a vida de Gianni absorvem a morte do estilista em virtude de suas respectivas personalidades. Donatella, o grande destaque, revela a bravura de uma mulher com raízes familiares bem construídas. Empresária nata, ela é apresentada de maneira honrosa, sob a atuação incrível da vencedora do Oscar. Cruz traz a linguagem corporal, o sotaque latino e uma voz firme, que comanda decisões regadas pelo sobrenome que carrega. Ali percebemos também o característico conceito de uma família italiana. A forma como os irmãos Versace se apresentam entrega muito mais que suas motivações, mas um compromisso familiar, a herança de um DNA compartilhado. Exatamente como vemos nas tradicionais casas italianas, o vínculo da familiaridade é tratado com precisão, sem entregar demais. É por isso que o conhecemos tão bem em tão pouco. Murphy soube contar uma história através de cada fragmento que a cerca.

Até pode ser um tanto cedo para avaliar e consagrar tudo que ‘The Assassination of Gianni Versace‘ vai nos oferecer, mas o histórico de Murphy nos garante uma produção que reúne os elementos que mais amamos em uma série: o suspense que emana de um crime, a exuberância do glamour que a cultura POP carrega em si, o drama que intensifica a narrativa e o teor documental, que nos leva a refletir sobre a origem dos fatos por dias a fio. Mal posso esperar pelo que vem por aí.   

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Detalhista em cada ponto de sua costura e excessivo na mistura de estampas, Versace é o ápice do significado da palavra vogue. E isso é impresso em cada um dos atributos do primeiro episódio da segunda temporada da aclamada antologia de Ryan Murphy. Característico e até mesmo ostensivo na estética, como em todas as suas demais séries, ele assume a direção do capítulo inaugural da história que ele quis adiantar. Todos já ouvimos falar do emblemático caso da cultura POP. Agora seremos apresentados ao submundo das extensões de seda, paetês e estampas alegóricas que hipnotizam como a própria Medusa.

Tratar de uma das mortes mais sentidas no ramo da moda envolve um grau de percepção extremamente apurado. Ícone das passarelas e vitrines mais desejadas, Versace carregou seu sobrenome italiano para o resto do mundo. Vestiu algumas das modelos mais emblemáticas, como Naomi Campbell. Cercado pelo brilho das roupas que desenhava e costurava, ele uniu a quietude da comuna italiana de Régio da Calábria à irreverência do centro fashionista do mundo, Milão. Sua plasticidade, tão peculiar e exuberante, se reflete em roupas, acessórios, jogos de jantar e um design de interiores de encher os olhos.

Murphy entende a dimensão dessa história não falada, dita através deste universo quase inanimado. Pelas mãos de Versace tudo ganha vida ao seu redor e o produtor soube extrair a essência de seu mundo, consolidado em uma das casas mais fascinantes de Miami (hoje um hotel chamado The Villa Casa Casuarina). Ali, onde ele mesmo foi assassinado pelas mãos de Andrew Cunanan, o primeiro episódio se desabrocha, anunciando personagens tão complexos, mas tão bem apresentados. Em menos de um hora, sabemos quem todos são. Cercados pelo desenrolar de uma tragédia inesperada, a narrativa inverte a ordem dos fatos e conta a história de forma não linear. Espere rever o fim por diversos ângulos ao longo dos próximos oito episódios.

Peculiares à sua maneira, conhecemos Antonio D’Amico (Ricky Martin), Andrew Cunanan (Darren Criss) e Donatella Versace (Penélope Cruz). Os personagens que compõem a vida de Gianni absorvem a morte do estilista em virtude de suas respectivas personalidades. Donatella, o grande destaque, revela a bravura de uma mulher com raízes familiares bem construídas. Empresária nata, ela é apresentada de maneira honrosa, sob a atuação incrível da vencedora do Oscar. Cruz traz a linguagem corporal, o sotaque latino e uma voz firme, que comanda decisões regadas pelo sobrenome que carrega. Ali percebemos também o característico conceito de uma família italiana. A forma como os irmãos Versace se apresentam entrega muito mais que suas motivações, mas um compromisso familiar, a herança de um DNA compartilhado. Exatamente como vemos nas tradicionais casas italianas, o vínculo da familiaridade é tratado com precisão, sem entregar demais. É por isso que o conhecemos tão bem em tão pouco. Murphy soube contar uma história através de cada fragmento que a cerca.

Até pode ser um tanto cedo para avaliar e consagrar tudo que ‘The Assassination of Gianni Versace‘ vai nos oferecer, mas o histórico de Murphy nos garante uma produção que reúne os elementos que mais amamos em uma série: o suspense que emana de um crime, a exuberância do glamour que a cultura POP carrega em si, o drama que intensifica a narrativa e o teor documental, que nos leva a refletir sobre a origem dos fatos por dias a fio. Mal posso esperar pelo que vem por aí.   

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