[ANTES DE COMEÇAR A CRÍTICA, FIQUE CIENTE QUE ELA ESTÁ RECHEADA DE SPOILERS]
Se você ainda não assistiu ao último episódio da terceira temporada de The Boys, evite esta crítica, pois ela contém spoilers.
Depois da revelação chocante do penúltimo episódio, ficou a sensação de que a temporada poderia ter acabado ali mesmo. No entanto, o encontro de pai e filho entre Soldier Boy e Capitão Pátria dominou as telas nesse último episódio, que apesar de eletrizante, deixou a temporada mais ou menos no mesmo ponto em que ela começou. Soldier Boy congelado, Billy Bruto – mais do que nunca – sem ter nada a perder reunindo o grupo para acabar com Supers, Capitão Pátria prestes a largar a humanidade e assumir um papel de deus do mal, Kimiko e Francês querendo tomar o controle de suas próprias vidas, mas sem deixar o grupo e por aí vai.
A maior diferença é a escala das situações. Bruto tomou a dose fatal de Composto V temporário e tem apenas alguns meses de vida – por enquanto. E a Neuman agora concorre à vice-presidência dos EUA. O que, com suas habilidades e a eleição de cartas marcadas, praticamente garante que ela será a presidente do país na temporada 4. Isso abre uma possibilidade enorme para trabalharem bem a personagem, que injetou Composto V na própria filha, e já se mostrou uma grande manipuladora.
Da mesma forma, em um momento de alusão nada sutil aos fanáticos pelo Trump nos EUA e fanáticos políticos do mundo em geral, o Capitão Pátria agora descobriu que não importa o que ele faça, terá sempre um grupo de apoiadores cegos dando suporte para suas ações, por mais ridículas e criminosas que sejam.
Ao fim do episódio, ele mata a sangue frio um manifestante contrário a ele, e acaba sendo parabenizado e comemorado graças ao calvo de óculos que namora a ex-esposa do Leitinho. É um dos momentos mais assustadores, dada a conexão surreal com a nossa realidade, mas também um dos mais importantes para o Capitão da próxima temporada. Como visto ao longo dos episódios, um dos limitadores dele é a busca incessante por aprovação, como o Soldier Boy fez questão de apontar para ele. Agora, sabendo que ele tem um índice de aprovação imutável dentro desse grupo e com o desejo de criar o pequeno Ryan como sua cópia, fazendo o menino acreditar em sua superioridade ante os humanos, praticamente nada o impede de surtar de vez e promover uma chacina global.
Já o grande destaque da temporada, o Soldier Boy, mostrou que é apenas mais um babaca, como todos os Supers, mas que segue como uma das poucas armas capazes de parar o Capitão Pátria, já que ele suga o Composto V dos outros, como visto com a Kimiko e agora com a Rainha Maeve. O problema é que ele foi traído por seu novo grupo de companheiros, e já vimos que o cara é rancoroso. Se nessa temporada ele foi atrás dos Payback, caso ele saia dos animação suspensa de novo, vai atrás dos “The Boys”, sem sombra de dúvidas.
Mas foi bom não terem descartado ele assim de uma hora pra outra. O personagem é realmente muito bom e consegue ser uma pessoa pior que o maldito vilão psicótico da série. Não é fácil encontrar um antagonista assim.
Fugindo um pouco desse núcleo dos protagonistas, o grande destaque dos coadjuvantes foi o Trem-Bala. O fim da relação dele com o irmão justamente no momento em que o Super começava a demonstrar um mínimo de humanidade veio certeiro. E a forma como o Capitão Pátria e a Vought usaram isso contra ele acende uma esperança para que ele se liberte da empresa, tal qual a Luz-Estrela. Não que ele seja uma boa pessoa, mas seria interessante vê-lo se rebelar e até onde ele conseguiria ir.
Por fim, a trajetória do Black Noir aparentemente chegou ao final com sua morte ao melhor estilo Injustice. Porém, parece um assassinato muito simples para o personagem mais misterioso da série até aqui. E como essa mesma temporada fez questão de mostrar, essa não foi a primeira vez que o Noir sofreu um evento mortal em sua vida. E como a grande maioria sabe, ele tem um plot muito curioso nos quadrinhos que ainda pode render na série.
Ou seja, talvez ainda dê tempo do Noir voltar misteriosamente e roubar a cena com uma vingança fantástica contra não só o Capitão Pátria, mas também o Soldier Boy. Fica aí uma expectativa para a próxima temporada, assim como também seria legal vermos um pouco mais da Luz-Estrela, que teve um papel importante nos bastidores políticos, praticamente derrubando a Vought e o Capitão Pátria com seu Instagram, mas ainda ficou devendo nas cenas de ação e combate. Tomara que a próxima temporada traga mais oportunidades para ela mostrar esse lado “Super”.
Nota: 8.
As três temporadas de The Boys estão disponíveis no Amazon Prime Video.