domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | O Nome da Rosa – Série Baseada na Obra de Umberto Eco é um Presente aos Bibliófilos

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Lançado pela primeira vez em 1980, o romance policial histórico ‘O Nome da Rosa’ alçou o escritor italiano Umberto Eco à popularidade internacional – tanto que, poucos anos depois, em 1986, ganhou uma adaptação audiovisual com Sean Connery e Christian Slater nos papéis principais. Às vésperas de completar quarenta anos de sua publicação o best-seller de Umberto Eco ganha o formato de série, que chega ao Brasil pela plataforma Starzplay.



O misterioso thriller tem lugar na Europa do século XIV, mais precisamente em 1327, em plena Inquisição da igreja católica. O irmão franciscano Guglielmo da Baskerville (John Turturro), junto com seu aprendiz Adso da Melk (Damian Hardung), é chamado pelo abade Abbassano da Fossanova (Michael Emerson) para investigar um terrível crime ocorrido na obscura abadia. Porém, o fato isolado rapidamente escala para uma série de assassinatos bizarros, que colocam em risco a vida e a segurança dos frades. No meio disso tudo, o abade Fossanova tem que intermediar uma conversa entre a Ordem de São Francisco, a Ordem dos Dominicanos – duas frentes recém criadas na Europa, sendo que a primeira buscava pregar o estilo de vida mendicante de Jesus, enquanto a segunda pretendia espalhar a palavra de Jesus, mas não abraçava a pobreza –  e a visita do inquisidor Bernardo Gui (Rupert Everett), e fica evidente a acirrada disputa entre o imperador e o Papa João XII, e o Papa e os franciscanos, desestabilizando toda a igreja católica.

A trama elaboradíssima se transformou em um roteiro moderado escrito a oito mãos por Andrea Porporati, John Turturro, Nigel Williams e Giacomo Batiatto – esse último, também dirigiu o projeto. Os primeiros quatro episódios têm um ritmo hipnótico dos cânticos dominicais, apresentando os personagens e direcionando-os ao tal debate entre as partes da igreja; a partir do final do 4º episódio em diante o enredo ganha ritmo, indo mais na pegada do thriller e se tornando mais envolvente.

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O prestigiado elenco – que conta com nomes e rostos conhecidos do grande público – consegue transmitir a atmosfera de reclusão encimesmada dos personagens, porém, as falas rebuscadíssimas, a variedade de nomes e de elementos na trama e o distanciamento temporal podem assustar o espectador comum. Mas não se apavorem: quem quiser se aprofundar nesta (que é uma das melhores histórias de thriller histórica de todos os tempos) pode ler o livro de Umberto Eco também.

A superprodução – orçada em aproximadamente U$30 milhões – se justifica: as locações (castelos italianos), a direção de arte, o figurino e todo o cuidado e requinte que a equipe criativa dedicou à recriação do enredo de Eco é de fazer cair o queixo. Ao dar o devido enfoque aos livros (sua feitura, tradução, decoração etc), a série presta bela homenagem aos bibliófilos cujo amor aos livros conduziram o sucesso do livro – e que na série conduz também a motivação de seus personagens.

The Name of the Rose’ é uma série cuja primeira temporada se encerra deixando apenas uma pequena abertura para novos desdobramentos, mas que, acima de tudo, aprofunda a ficção de Umberto Eco, comprovando que certas histórias se tornam atemporais.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Lançado pela primeira vez em 1980, o romance policial histórico ‘O Nome da Rosa’ alçou o escritor italiano Umberto Eco à popularidade internacional – tanto que, poucos anos depois, em 1986, ganhou uma adaptação audiovisual com Sean Connery e Christian Slater nos papéis principais. Às vésperas de completar quarenta anos de sua publicação o best-seller de Umberto Eco ganha o formato de série, que chega ao Brasil pela plataforma Starzplay.

O misterioso thriller tem lugar na Europa do século XIV, mais precisamente em 1327, em plena Inquisição da igreja católica. O irmão franciscano Guglielmo da Baskerville (John Turturro), junto com seu aprendiz Adso da Melk (Damian Hardung), é chamado pelo abade Abbassano da Fossanova (Michael Emerson) para investigar um terrível crime ocorrido na obscura abadia. Porém, o fato isolado rapidamente escala para uma série de assassinatos bizarros, que colocam em risco a vida e a segurança dos frades. No meio disso tudo, o abade Fossanova tem que intermediar uma conversa entre a Ordem de São Francisco, a Ordem dos Dominicanos – duas frentes recém criadas na Europa, sendo que a primeira buscava pregar o estilo de vida mendicante de Jesus, enquanto a segunda pretendia espalhar a palavra de Jesus, mas não abraçava a pobreza –  e a visita do inquisidor Bernardo Gui (Rupert Everett), e fica evidente a acirrada disputa entre o imperador e o Papa João XII, e o Papa e os franciscanos, desestabilizando toda a igreja católica.

A trama elaboradíssima se transformou em um roteiro moderado escrito a oito mãos por Andrea Porporati, John Turturro, Nigel Williams e Giacomo Batiatto – esse último, também dirigiu o projeto. Os primeiros quatro episódios têm um ritmo hipnótico dos cânticos dominicais, apresentando os personagens e direcionando-os ao tal debate entre as partes da igreja; a partir do final do 4º episódio em diante o enredo ganha ritmo, indo mais na pegada do thriller e se tornando mais envolvente.

O prestigiado elenco – que conta com nomes e rostos conhecidos do grande público – consegue transmitir a atmosfera de reclusão encimesmada dos personagens, porém, as falas rebuscadíssimas, a variedade de nomes e de elementos na trama e o distanciamento temporal podem assustar o espectador comum. Mas não se apavorem: quem quiser se aprofundar nesta (que é uma das melhores histórias de thriller histórica de todos os tempos) pode ler o livro de Umberto Eco também.

A superprodução – orçada em aproximadamente U$30 milhões – se justifica: as locações (castelos italianos), a direção de arte, o figurino e todo o cuidado e requinte que a equipe criativa dedicou à recriação do enredo de Eco é de fazer cair o queixo. Ao dar o devido enfoque aos livros (sua feitura, tradução, decoração etc), a série presta bela homenagem aos bibliófilos cujo amor aos livros conduziram o sucesso do livro – e que na série conduz também a motivação de seus personagens.

The Name of the Rose’ é uma série cuja primeira temporada se encerra deixando apenas uma pequena abertura para novos desdobramentos, mas que, acima de tudo, aprofunda a ficção de Umberto Eco, comprovando que certas histórias se tornam atemporais.

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