terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | ‘The Witcher: A Origem’ é uma grande caldeira de clichês cansativos

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Em 2019, a famosa franquia The Witcher ganhava sua adaptação para as telinhas com uma primeira temporada que, apesar das críticas mistas, conquistou o público ao redor do mundo. Depois de um segundo ciclo que provou que a produção ainda tinha muito a contar, a criadora Lauren S. Hissrich resolveu aliar forças com Declan de Barra para explicar vários elementos de grande importância para compreender o universo arquitetado por Andrzej Sapkowski. Foi a partir daí que The Witcher: A Origem’ surgiu: a minissérie, composta por quatro episódios, chegou recentemente ao catálogo da Netflix e teve como principal objetivo, ao menos em teoria, fornecer um pouco mais de esclarecimento aos fãs da saga de fantasia.

A trama é bem simples e, por essa razão, parece não convencer logo de cara. Ambientada mais de um milênio antes dos eventos da série primária, a produção explora, a princípio, a história da antiga civilização élfica que habitava o mundo antes de sua trágica ruína. A primeira cena, inclusive, abre com a aparição de um personagem amado da mitologia de The Witcher, Jaskier (Joey Batey), que está no meio de uma sangrenta batalha e é salvo por Seanchai (Minnie Driver), uma misteriosa mulher que deseja contar a bardo a história da Conjunção das Esferas, um dos eventos que mudou a realidade que todos conheciam e que prenunciou a queda dos elfos, a ascensão dos humanos e a criação do primeiro bruxo.

Há muito tempo, a princesa elfa de Xin’trea, Merwyn (Mirren Mack), estava obcecada em não repetir os erros do passado e deseja encontrar ou se tornar a Solryth, uma figura poderosa cujo objetivo é unir todos os reinos e fazê-los prosperar. Dessa forma, ela une forças com o druida Balor (Lenny Henry), colocando em prática um plano maligno de depor as forças que governam Xin’trea e instaurar um novo império – sem perceberem que a ambição é uma faca de dois gumes e que, em virtude de tantos acontecimentos trágicos, eles não têm apoio dos camponeses. Jurando colocar um fim em qualquer um que ouse se colocar em seus caminhos, Merwyn e Balor dão início a um reino de caos e violência que chama a atenção de Éile (Sophie Brown), uma ex-guerreira da guarda da rainha, e de Fjall (Laurence O’Fuarain), um elfo guerreiro, que juram vingar aqueles que pereceram na mão da impiedosa e tirânica imperatriz.

Em suas andanças, eles encontram aliados na forma de Syndril (Zach Wyatt), que descobriu um jeito de viajar entre as dimensões; Zacaré (Lizzie Annie), uma maga elfa, irmã celestial de Syndril; Meldof (Francesca Mills), uma anã que perdeu o grande amor de sua vida e jurou se vingar de seus algozes; Scían (Michelle Yeoh), uma poderosa guerreira e última sobrevivente do clã dos elfos fantasmas, que deseja invadir o palácio de Merwyn e recuperar uma poderosa espada que foi roubada de seus antepassados; e Callan “Irmão Morte” (Huw Novelli), um espadachim aposentado. Juntos, eles lutam contra adversidades para recuperar o que lhes pertence e para impedir que a imperatriz e seus lacaios alcancem o que desejam.

Se você está acostumado com produções de fantasia, sabe que o enredo descrito nos parágrafos acima está longe de ser original e já foi reciclado diversas vezes. Entretanto, as fórmulas podem ser deixadas de lado quando determinada narrativa entrega algo original ou um aspecto específico que é explorado de forma diferente do que conhecemos; infelizmente, esse não é o caso de ‘A Origem’: cada episódio se desenrola em um punhado de diálogos pré-fabricados e previsíveis que não permite ao público se conectar com os protagonistas ou os coadjuvantes. Até mesmo a cena em que Scían, utilizando sua sagacidade, engana os soldados da imperatriz para garantir que seus aliados adentrem Xin’trea parece uma versão derivada de qualquer sequência similar dos últimos vinte anos.

O elenco faz um bom trabalho, ainda que não tenham muito com o que trabalhar. A personalidade dos guerreiros é superficial demais para ser levada a sério ou para fornecer densidade considerável à trama – o que é triste, considerando o ótimo trabalho que Hissrich fez na 2ª temporada. Os pontos positivos se restringem à belíssima direção de arte e às cenas de luta, cujas coreografias são de tirar o fôlego. Todavia, a sólida investida imagética não é forte o bastante para nos livrar dos múltiplos deslizes e pela frustrante realização de que, no final das contas, nada foi dito.

The Witcher: A Origem’ é uma produção desnecessária que só vale pelos momentos finais, em que um atropelado roteiro vomita informações que já foram vistas na série principal. A verdade é que os quatro episódios poderiam ser resumidos em uma cena-prólogo na próxima temporada, visto que abrem espaço para a Caçada Selvagem e para os eventos dos novos capítulos. Mas, além disso, quase nada se salva.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A trama é bem simples e, por essa razão, parece não convencer logo de cara. Ambientada mais de um milênio antes dos eventos da série primária, a produção explora, a princípio, a história da antiga civilização élfica que habitava o mundo antes de sua trágica ruína. A primeira cena, inclusive, abre com a aparição de um personagem amado da mitologia de The Witcher, Jaskier (Joey Batey), que está no meio de uma sangrenta batalha e é salvo por Seanchai (Minnie Driver), uma misteriosa mulher que deseja contar a bardo a história da Conjunção das Esferas, um dos eventos que mudou a realidade que todos conheciam e que prenunciou a queda dos elfos, a ascensão dos humanos e a criação do primeiro bruxo.

Há muito tempo, a princesa elfa de Xin’trea, Merwyn (Mirren Mack), estava obcecada em não repetir os erros do passado e deseja encontrar ou se tornar a Solryth, uma figura poderosa cujo objetivo é unir todos os reinos e fazê-los prosperar. Dessa forma, ela une forças com o druida Balor (Lenny Henry), colocando em prática um plano maligno de depor as forças que governam Xin’trea e instaurar um novo império – sem perceberem que a ambição é uma faca de dois gumes e que, em virtude de tantos acontecimentos trágicos, eles não têm apoio dos camponeses. Jurando colocar um fim em qualquer um que ouse se colocar em seus caminhos, Merwyn e Balor dão início a um reino de caos e violência que chama a atenção de Éile (Sophie Brown), uma ex-guerreira da guarda da rainha, e de Fjall (Laurence O’Fuarain), um elfo guerreiro, que juram vingar aqueles que pereceram na mão da impiedosa e tirânica imperatriz.

Em suas andanças, eles encontram aliados na forma de Syndril (Zach Wyatt), que descobriu um jeito de viajar entre as dimensões; Zacaré (Lizzie Annie), uma maga elfa, irmã celestial de Syndril; Meldof (Francesca Mills), uma anã que perdeu o grande amor de sua vida e jurou se vingar de seus algozes; Scían (Michelle Yeoh), uma poderosa guerreira e última sobrevivente do clã dos elfos fantasmas, que deseja invadir o palácio de Merwyn e recuperar uma poderosa espada que foi roubada de seus antepassados; e Callan “Irmão Morte” (Huw Novelli), um espadachim aposentado. Juntos, eles lutam contra adversidades para recuperar o que lhes pertence e para impedir que a imperatriz e seus lacaios alcancem o que desejam.

Se você está acostumado com produções de fantasia, sabe que o enredo descrito nos parágrafos acima está longe de ser original e já foi reciclado diversas vezes. Entretanto, as fórmulas podem ser deixadas de lado quando determinada narrativa entrega algo original ou um aspecto específico que é explorado de forma diferente do que conhecemos; infelizmente, esse não é o caso de ‘A Origem’: cada episódio se desenrola em um punhado de diálogos pré-fabricados e previsíveis que não permite ao público se conectar com os protagonistas ou os coadjuvantes. Até mesmo a cena em que Scían, utilizando sua sagacidade, engana os soldados da imperatriz para garantir que seus aliados adentrem Xin’trea parece uma versão derivada de qualquer sequência similar dos últimos vinte anos.

O elenco faz um bom trabalho, ainda que não tenham muito com o que trabalhar. A personalidade dos guerreiros é superficial demais para ser levada a sério ou para fornecer densidade considerável à trama – o que é triste, considerando o ótimo trabalho que Hissrich fez na 2ª temporada. Os pontos positivos se restringem à belíssima direção de arte e às cenas de luta, cujas coreografias são de tirar o fôlego. Todavia, a sólida investida imagética não é forte o bastante para nos livrar dos múltiplos deslizes e pela frustrante realização de que, no final das contas, nada foi dito.

The Witcher: A Origem’ é uma produção desnecessária que só vale pelos momentos finais, em que um atropelado roteiro vomita informações que já foram vistas na série principal. A verdade é que os quatro episódios poderiam ser resumidos em uma cena-prólogo na próxima temporada, visto que abrem espaço para a Caçada Selvagem e para os eventos dos novos capítulos. Mas, além disso, quase nada se salva.

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