quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica TIFF | A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly – A trajetória visceral de um fora da lei

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Filme Assistido durante o Festival de Toronto 2019

Uma Austrália colonial, em um século repleto de transformações. Do colapso de impérios como o da Espanha, China e França à ascensão dos impérios Britânico, Russo e Alemão, o período que compreende os anos de 1801 e 1900 traz em sua marca peculiaridades que só o contexto histórico da época poderia propiciar. Em meio à nações que experimentavam sua expansão e redefinição, surgiu nessa mesma colônia britânica um nome que em pleno 2019 ainda ecoaria tamanho impacto. É surreal pensar que quase 140 anos após sua morte ainda estaríamos falando de Ned Kelly, aquele fora da lei raiz, old school, que fez das mazelas da sua alma o regente de sua jornada de vingança. Mas A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly nos prova que muito mais do que viva, sua história sempre renderá um bom filme de ação vintage.



O fascínio hollywoodiano por Ned Kelly não deveria nos surpreender a essa altura da indústria. A afrontosa narrativa do jovem gângster traz em si alguns dos elementos mais cativantes de um bom filme de ação de época. Ira, rancor, amargura e incompreensão colidem entre si de maneira explosiva, resultando na curta jornada de um homem disposto a morrer – ironicamente – pela honra de seu próprio nome, manchado de sangue por seu passado e, quase involuntariamente, por ele mesmo. Na obra de Justin Kurzel, George MacKay se dilacera diante das telas, entregando a voracidade sanguinária de se tornar um justiceiro às avessas. Equivocado em fazer justiça para sua família à sua maneira, seu personagem se consagra como uma figura vítima do meio. Fruto de uma tumultuada família, suas despedaçadas raízes e a condenação do nome dela ainda na pouca idade trilharam uma rota de falsos conceitos, que eventualmente se tornaram reais e que são trazidos aqui em uma trama crescente e envolvente.

O longa, que ainda conta com Russell Crowe, Nicholas Hoult e Charlie Hunnam no elenco, reside justamente na intensidade de seu protagonista, que incorpora as angústias do vilão Ned Kelly, a ponto de apresentá-lo como uma figura compreensível, apesar de seus ensandecidos confrontos contra policiais. E com essa premissa, a trama se revigora a cada ato, crescendo vertiginosamente ao ritmo do comportamento doentio e inesgotável do fora da lei, ganhando seu ápice em um clímax de tirar o fôlego, onde a ação ganha novas formas mais estilísticas e conceituais. E entre uma fotografia mórbida de uma terra sem vida e a angústia de uma família renegada por sua própria nação, A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly é um drama aventuresco com pitadas de thriller, intenso e bem dirigido.

E pelas lentes de Kurzel, Ned Kelly ainda ganha uma abordagem mais poética e lírica, sem perder a sanguinolência que seguiu a figura histórica na maior parte de sua vida. Criando um contraste entre a poesia da direção artística e o sangue dos embates travados, a produção presenteia o publico com uma fotografia magnífica, com um visual simbólico de encher os olhos, à medida que a ação entorpece a audiência, proporcionando uma experiência valiosa e grandiosa. Com MacKay entregando a melhor atuação de sua carreira, a cinebiografia é um lembrete de que ainda havia um novo ângulo a ser abordado de Kelly. Este que talvez nem Heath Ledger tenha conseguido expressar nos idos dos anos 2000.

Com um roteiro que sabe usar seu tempo de tela com tranquilidade, envolvendo o espectador na rápida odisseia de Kelly à redenção de sua família, A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly é uma surpresa inesperada do Festival de Toronto. Conceitual em sua fotografia e design de produção, o drama ainda tem ares de blockbuster, cativando públicos díspares que amam um bom filme de ação. Divertido e bem dirigido, o longa ainda projeta MacKay para uma carreira mais promissora. Deixando os “veteranos” do ramo como simples personagens de apoio, o ator de apenas 27 anos se posiciona como mais uma aposta do futuro da indústria cinematográfica.

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O fascínio hollywoodiano por Ned Kelly não deveria nos surpreender a essa altura da indústria. A afrontosa narrativa do jovem gângster traz em si alguns dos elementos mais cativantes de um bom filme de ação de época. Ira, rancor, amargura e incompreensão colidem entre si de maneira explosiva, resultando na curta jornada de um homem disposto a morrer – ironicamente – pela honra de seu próprio nome, manchado de sangue por seu passado e, quase involuntariamente, por ele mesmo. Na obra de Justin Kurzel, George MacKay se dilacera diante das telas, entregando a voracidade sanguinária de se tornar um justiceiro às avessas. Equivocado em fazer justiça para sua família à sua maneira, seu personagem se consagra como uma figura vítima do meio. Fruto de uma tumultuada família, suas despedaçadas raízes e a condenação do nome dela ainda na pouca idade trilharam uma rota de falsos conceitos, que eventualmente se tornaram reais e que são trazidos aqui em uma trama crescente e envolvente.

O longa, que ainda conta com Russell Crowe, Nicholas Hoult e Charlie Hunnam no elenco, reside justamente na intensidade de seu protagonista, que incorpora as angústias do vilão Ned Kelly, a ponto de apresentá-lo como uma figura compreensível, apesar de seus ensandecidos confrontos contra policiais. E com essa premissa, a trama se revigora a cada ato, crescendo vertiginosamente ao ritmo do comportamento doentio e inesgotável do fora da lei, ganhando seu ápice em um clímax de tirar o fôlego, onde a ação ganha novas formas mais estilísticas e conceituais. E entre uma fotografia mórbida de uma terra sem vida e a angústia de uma família renegada por sua própria nação, A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly é um drama aventuresco com pitadas de thriller, intenso e bem dirigido.

E pelas lentes de Kurzel, Ned Kelly ainda ganha uma abordagem mais poética e lírica, sem perder a sanguinolência que seguiu a figura histórica na maior parte de sua vida. Criando um contraste entre a poesia da direção artística e o sangue dos embates travados, a produção presenteia o publico com uma fotografia magnífica, com um visual simbólico de encher os olhos, à medida que a ação entorpece a audiência, proporcionando uma experiência valiosa e grandiosa. Com MacKay entregando a melhor atuação de sua carreira, a cinebiografia é um lembrete de que ainda havia um novo ângulo a ser abordado de Kelly. Este que talvez nem Heath Ledger tenha conseguido expressar nos idos dos anos 2000.

Com um roteiro que sabe usar seu tempo de tela com tranquilidade, envolvendo o espectador na rápida odisseia de Kelly à redenção de sua família, A Verdadeira História da Gangue de Ned Kelly é uma surpresa inesperada do Festival de Toronto. Conceitual em sua fotografia e design de produção, o drama ainda tem ares de blockbuster, cativando públicos díspares que amam um bom filme de ação. Divertido e bem dirigido, o longa ainda projeta MacKay para uma carreira mais promissora. Deixando os “veteranos” do ramo como simples personagens de apoio, o ator de apenas 27 anos se posiciona como mais uma aposta do futuro da indústria cinematográfica.

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