domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Tim Federle comanda o adorável e celebratório musical ‘Apresentando, Nate’

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Criar um musical original não é uma tarefa fácil – ainda mais quando inúmeros produções do gênero já encantaram o público ao redor do mundo. Dentre os poucos que realmente funcionaram nos últimos tempos, tivemos o aclamado ‘La La Land: Cantando Estações’, que levou para casa diversos Óscares e, mesmo assim, não partiu de uma premissa essencialmente inovadora, focando no romance entre duas pessoas diferentes que se envolveram a partir da arte e dos sonhos perdidos. Agora, o Disney+ deu sinal verde para a adaptação fílmica do romance ‘Apresentando, Nate’ (sem tradução oficial para o Brasil), comandada pelo próprio autor, Tim Federle.

Para aqueles que não conhecem, Federle não é um nome desconhecido no cenário audiovisual, ganhando fama depois de assinar alguns musicais da Broadway e encabeçar o roteiro de episódios da recente ‘High School Musical: O Musical: A Série’, da Casa Mouse. Considerando seu competente trabalho, não é nenhuma novidade que ele tenha sido escalado para levar a obra em questão às telas, em vez de contratarem outra pessoa que, provavelmente, não conseguiria capturar o espírito da narrativa. E, contrariando nossas expectativas, o resultado do longa-metragem é bem aprazível e traz mensagens muito importantes para os dias de hoje, desde aceitação e empoderamento até a necessidade de corrermos atrás de nossos sonhos.



O enredo é centrado em Nate Foster (Rueby Wood em sua estreia no escopo cinematográfico), um jovem de treze anos cujo maior desejo é se tornar um astro da Broadway. Morando em Pittsburgh, Nate tem um conhecimento surpreendente sobre peças musicais e faz delas um mote para acordar e se encontrar com sua melhor amiga, Libby (Aria Brooks), que sempre o acompanha em suas empreitadas. O problema é que ninguém além de Libby parece compreender Nate, visto que ele sofre bullying no colégio e parece desvanecer em casa perante o astro dos esportes Anthony (Joshua Bassett), seu irmão mais velho que não perde a chance de atazaná-lo. As coisas mudam por completo quando ele descobre que os diretores de elenco do musical ‘Lilo & Stitch’ estão realizando audições em Nova York, levando-o, junto a Libby, para uma das maiores metrópoles do planeta em uma divertida e inspiradora jornada que tem todos os elementos que mais gostamos em obras do gênero.

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Wood e Brooks são as principais estrelas do filme e nos encantam desde o primeiro momento em cena: o jovem ator-mirim comanda com grandiosidade os atos musicais, que fazem referência a clássicos como ‘Cantando na Chuva’, ‘Mary Poppins’ e ‘Pippin’’, e se rende a uma carga dramática que nem sequer passa perto dos convencionalismos novelescos – apostando em uma nova geração de adolescentes que sabe o que quer e que sabe como utilizar sua voz para lutar contra as injustiças; Brooks, por sua vez, age como uma adulta e encarna as quebras de expectativa como uma comediante experiente (cortesia de um ácido roteiro também supervisionado por Federle).

Em contraposição aos sonhos incontroláveis dos que ainda não se decepcionaram com a realidade, temos Lisa Kudrow, nossa eterna Phoebe Buffay, em um de seus melhores papéis em mais de uma década. Kudrow interpreta Heidi, tia de Nate que se afastou da família após uma impactante discussão com a irmã, e que vive em um loft do Queens, tentando, mesmo depois de tantos anos, conseguir seu grande sucesso como atriz. É esse conflito intergeracional que vêm à tona e preenche a aventura onírica do protagonista titular com uma boa dose de realismo, pincelada com a química invejável entre cada um dos atores. Kudrow e Wood, inclusive, nos convidam para uma belíssima cena em que a dupla fala sobre como as outras pessoas encaram quem é diferente – e que não há nada de errado em se destacar em meio à multidão.

É claro que lidamos com tropeços no meio do caminho, como o desequilibrado ritmo estrutural do primeiro ato – cujo maior sucesso é apresentar os personagens e dar a eles seus respectivos arcos para que, enfim, a história comece. Considerando o teor infanto-juvenil da narrativa, esses comodismos, que não buscam à voraz ambição desmedida da revolução estética, funcionam em boa parte e contribuem para dar a atmosfera da trama, enquanto reviravoltas interessantes nos aguardam nos eventos futuros. Além disso, há uma certa caracterização própria dos estúdios Walt Disney que aparece volta e meia na composição dos quadros e na paleta de cores – que nos remete à adorada trilogia ‘High School Musical’, por exemplo.

‘Apresentando, Nate’ é um adorável, singelo e simples conto que celebra a os sonhos e as diferenças – e que dá destaque a um elenco fantástico que não permite que os espectadores se cansem dessa vibrante história. Uma adição realmente surpreendente ao catálogo do Disney+ e que é a pedida perfeita para um fim de semana em família.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Criar um musical original não é uma tarefa fácil – ainda mais quando inúmeros produções do gênero já encantaram o público ao redor do mundo. Dentre os poucos que realmente funcionaram nos últimos tempos, tivemos o aclamado ‘La La Land: Cantando Estações’, que levou para casa diversos Óscares e, mesmo assim, não partiu de uma premissa essencialmente inovadora, focando no romance entre duas pessoas diferentes que se envolveram a partir da arte e dos sonhos perdidos. Agora, o Disney+ deu sinal verde para a adaptação fílmica do romance ‘Apresentando, Nate’ (sem tradução oficial para o Brasil), comandada pelo próprio autor, Tim Federle.

Para aqueles que não conhecem, Federle não é um nome desconhecido no cenário audiovisual, ganhando fama depois de assinar alguns musicais da Broadway e encabeçar o roteiro de episódios da recente ‘High School Musical: O Musical: A Série’, da Casa Mouse. Considerando seu competente trabalho, não é nenhuma novidade que ele tenha sido escalado para levar a obra em questão às telas, em vez de contratarem outra pessoa que, provavelmente, não conseguiria capturar o espírito da narrativa. E, contrariando nossas expectativas, o resultado do longa-metragem é bem aprazível e traz mensagens muito importantes para os dias de hoje, desde aceitação e empoderamento até a necessidade de corrermos atrás de nossos sonhos.

O enredo é centrado em Nate Foster (Rueby Wood em sua estreia no escopo cinematográfico), um jovem de treze anos cujo maior desejo é se tornar um astro da Broadway. Morando em Pittsburgh, Nate tem um conhecimento surpreendente sobre peças musicais e faz delas um mote para acordar e se encontrar com sua melhor amiga, Libby (Aria Brooks), que sempre o acompanha em suas empreitadas. O problema é que ninguém além de Libby parece compreender Nate, visto que ele sofre bullying no colégio e parece desvanecer em casa perante o astro dos esportes Anthony (Joshua Bassett), seu irmão mais velho que não perde a chance de atazaná-lo. As coisas mudam por completo quando ele descobre que os diretores de elenco do musical ‘Lilo & Stitch’ estão realizando audições em Nova York, levando-o, junto a Libby, para uma das maiores metrópoles do planeta em uma divertida e inspiradora jornada que tem todos os elementos que mais gostamos em obras do gênero.

Wood e Brooks são as principais estrelas do filme e nos encantam desde o primeiro momento em cena: o jovem ator-mirim comanda com grandiosidade os atos musicais, que fazem referência a clássicos como ‘Cantando na Chuva’, ‘Mary Poppins’ e ‘Pippin’’, e se rende a uma carga dramática que nem sequer passa perto dos convencionalismos novelescos – apostando em uma nova geração de adolescentes que sabe o que quer e que sabe como utilizar sua voz para lutar contra as injustiças; Brooks, por sua vez, age como uma adulta e encarna as quebras de expectativa como uma comediante experiente (cortesia de um ácido roteiro também supervisionado por Federle).

Em contraposição aos sonhos incontroláveis dos que ainda não se decepcionaram com a realidade, temos Lisa Kudrow, nossa eterna Phoebe Buffay, em um de seus melhores papéis em mais de uma década. Kudrow interpreta Heidi, tia de Nate que se afastou da família após uma impactante discussão com a irmã, e que vive em um loft do Queens, tentando, mesmo depois de tantos anos, conseguir seu grande sucesso como atriz. É esse conflito intergeracional que vêm à tona e preenche a aventura onírica do protagonista titular com uma boa dose de realismo, pincelada com a química invejável entre cada um dos atores. Kudrow e Wood, inclusive, nos convidam para uma belíssima cena em que a dupla fala sobre como as outras pessoas encaram quem é diferente – e que não há nada de errado em se destacar em meio à multidão.

É claro que lidamos com tropeços no meio do caminho, como o desequilibrado ritmo estrutural do primeiro ato – cujo maior sucesso é apresentar os personagens e dar a eles seus respectivos arcos para que, enfim, a história comece. Considerando o teor infanto-juvenil da narrativa, esses comodismos, que não buscam à voraz ambição desmedida da revolução estética, funcionam em boa parte e contribuem para dar a atmosfera da trama, enquanto reviravoltas interessantes nos aguardam nos eventos futuros. Além disso, há uma certa caracterização própria dos estúdios Walt Disney que aparece volta e meia na composição dos quadros e na paleta de cores – que nos remete à adorada trilogia ‘High School Musical’, por exemplo.

‘Apresentando, Nate’ é um adorável, singelo e simples conto que celebra a os sonhos e as diferenças – e que dá destaque a um elenco fantástico que não permite que os espectadores se cansem dessa vibrante história. Uma adição realmente surpreendente ao catálogo do Disney+ e que é a pedida perfeita para um fim de semana em família.

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