domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Timbuktu

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JE SUIS TIMBUKTU

 

Por que assistir a um filme de um país tão distante de nós, quanto a Mauritânia? Apenas por ter sido indicado ao Oscar de filme em língua estrangeiro (o primeiro da Mauritânia)? É a motivação mais comum. Vê-lo também por ser uma boa produção e para entrar em contato com uma cinematografia diferente do circuitão seriam outros dois bons motivos. Mas, Timbuktu (Timbuktu) possui uma urgência. Vê-lo é quase um ato de “consciência social” – nota à margem: oh!, expressão brega…



E por que seria um gesto de humanidade assistir Timbuktu? O diretor e co-roteirista Abderrahmane Sissako focou sua câmera no drama de cidades que sofrem com o terrorismo islâmico. Em tempo de atentados a cartunistas e atrocidades semanais cometidas pelos transloucados do Estado Islâmico, fica evidente o porquê.

Timbuktu_1

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A primeira parte do filme mantém dois eixos narrativos: no primeiro, a cidade de Timbuktu, no Mali, já dominada pelos Jihadistas; no segundo, a família de Kidane (Ibrahim Ahmed), um criador de gado que vive isolado na zona desértica próxima da cidade. Na cidade, acompanhamos a imposição de uma rotina de terror e repressão aos moradores. No deserto, a vida tranquila e integrada à natureza da família de Kidane, até sua dissipação, após ele, em uma briga, mata um pescador.

Comparado com as atrocidades do Estado Islâmico que vemos no noticiário, o filme pode ser pouco violento – o que não quer dizer que ele seja leve. O que Timbuktu traz de diferente é o foco. Se no noticiário vemos estrangeiros sequestrados sendo mortos, no filme vemos como a população desses locais sofre nas mãos desses maníacos. Também expõe as contradições no interior do próprio islã, especialmente nos diálogos entre os radicais e um religioso moderado.

Timbuktu permite uma visão mais ampla do problema. Terroristas como aqueles que invadiram a redação do jornal Charlie Hebdo não afetam apenas a vida em países do ocidente, nem se opõem apenas à nossa liberdade de expressão. Eles também tornam a vida de pessoas que comungam da mesma religião um inferno.

 

 

Pessoalmente não gosto de slogans para fazer política. Seja um “Somos Todos Amarildo” ou “Je Suis Charlie” sempre me soou um tanto cafona, algo que reduz a dimensão das tragédias e que serve apenas para promover as subraças dos políticos e dos ongueiros oportunistas. Mas, fazendo um esforço, e indo além, se “Somos Todos Amarildo” for de fato uma crítica à violência brasileira, se “Je Suis Charlie” for realmente uma defesa da liberdade de expressão e crítica ao terrorismo, então também me estimulo a acrescentar um “Je Suis Timbuktu”, como a lembrança de que o terror é devastador também em terras islâmicas.

Timbuktu_Cartaz

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E por que seria um gesto de humanidade assistir Timbuktu? O diretor e co-roteirista Abderrahmane Sissako focou sua câmera no drama de cidades que sofrem com o terrorismo islâmico. Em tempo de atentados a cartunistas e atrocidades semanais cometidas pelos transloucados do Estado Islâmico, fica evidente o porquê.

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A primeira parte do filme mantém dois eixos narrativos: no primeiro, a cidade de Timbuktu, no Mali, já dominada pelos Jihadistas; no segundo, a família de Kidane (Ibrahim Ahmed), um criador de gado que vive isolado na zona desértica próxima da cidade. Na cidade, acompanhamos a imposição de uma rotina de terror e repressão aos moradores. No deserto, a vida tranquila e integrada à natureza da família de Kidane, até sua dissipação, após ele, em uma briga, mata um pescador.

Comparado com as atrocidades do Estado Islâmico que vemos no noticiário, o filme pode ser pouco violento – o que não quer dizer que ele seja leve. O que Timbuktu traz de diferente é o foco. Se no noticiário vemos estrangeiros sequestrados sendo mortos, no filme vemos como a população desses locais sofre nas mãos desses maníacos. Também expõe as contradições no interior do próprio islã, especialmente nos diálogos entre os radicais e um religioso moderado.

Timbuktu permite uma visão mais ampla do problema. Terroristas como aqueles que invadiram a redação do jornal Charlie Hebdo não afetam apenas a vida em países do ocidente, nem se opõem apenas à nossa liberdade de expressão. Eles também tornam a vida de pessoas que comungam da mesma religião um inferno.

 

 

Pessoalmente não gosto de slogans para fazer política. Seja um “Somos Todos Amarildo” ou “Je Suis Charlie” sempre me soou um tanto cafona, algo que reduz a dimensão das tragédias e que serve apenas para promover as subraças dos políticos e dos ongueiros oportunistas. Mas, fazendo um esforço, e indo além, se “Somos Todos Amarildo” for de fato uma crítica à violência brasileira, se “Je Suis Charlie” for realmente uma defesa da liberdade de expressão e crítica ao terrorismo, então também me estimulo a acrescentar um “Je Suis Timbuktu”, como a lembrança de que o terror é devastador também em terras islâmicas.

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