sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Tin & Tina – Terror Psicológico da Netflix é ATERRORIZANTE…

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Às vezes um filme de terror pode até não ter uma história muito convincente, mas a forma como é construída tem elementos ou cenas tão impactantes, que acabam ficando no nosso imaginário por muito tempo depois de o longa ter terminado. Isso às vezes pode acontecer por causa do grau de semelhança com algum episódio em nossa vida particular por conta da possibilidade de aquela história acontecer na nossa realidade. Ou simplesmente porque a produção foi bem-feita, superando sua história original e causando um verdadeiro impacto no espectador. Isto ocorre em ‘Tin & Tina’, novo terror psicológico espanhol, lançamento na plataforma da Netflix neste mês.



Espanha, 1981. O casal Lola (Milena Smit) e Adolfo (Jaime Lorente) acabou de casar. Os dois têm uma vida inteira pela frente para disfrutar, enquanto a Espanha ainda se recupera das consequências da ditadura franquista e se prepara para receber as Olimpíadas de 1982. Lola e Adolfo têm seus sonhos dizimados no dia de seu casamento, quando a jovem sofre inesperado aborto e recebe a notícia de que não poderá mais ter filhos. Meses se passam e o casal não consegue superar a perda, até que Adolfo sugere que adotem uma criança. A ideia nobre os leva a um convento, onde Lola decide adotar um casal de irmãos gêmeos que se afeiçoara a ela. Porém, uma vez que a convivência em família começa, Tin (Carlos González Morollón) e Tina (Anastasia Russo) começam a demonstrar uma fervorosa devoção católica para justificar toda e qualquer atitude deles, e o que inicialmente poderia ser apenas consequências de uma educação rígida do convento aos poucos vai se tornando o pior pesadelo de Lola.

Em exatas duas horas de duração ‘Tin & Tina’ consegue construir um envolvente ambiente de terror psicológico com uma bela fotografia e uma ótima direção de arte que ao mesmo tempo consegue recriar um cenário dos anos 80 e confere elementos bizarros o suficientes para transformar o set em algo ligeiramente confortável para o espectador, mas com uma pontinha azeda que nos deixa em dúvida se aquele ambiente é realmente seguro quanto parece.

Neste contexto, se sobressaem as atuações das crianças albinas, absolutamente hipnotizadoras em um misto de uma inocência infantil e diálogos coerentes que nos faz sentir raiva e empatia delas por conta de seus argumentos plausíveis. Fazendo o contraponto, a ótima Milena Smit (de ‘Mães Paralelas’, último longa do Almodóvar) balanceia a equação como uma mãe que quer se dedicar à maternidade, mas que entra em conflito com as crenças e o comportamento das crianças adotadas. No filme de Rubin Stein o único um pouco fora de sintonia é Jaime Lorente, que tem bem menos cenas que seus colegas de elenco e cujo personagem abusa em desacreditar da esposa até mesmo em momentos muito evidentes, o que leva o espectador a perder a paciência com ele.

Em se tratando de terror psicológico, o roteiro ambienta o espectador na história, mas sem evidenciar qualquer tipo de violência, o que pode ser frustrante para os fãs do gênero. Aos mais sensíveis, a sugestão do que acontece é mais interessante do que ver acontecer de fato. ‘Tin & Tina’ é desses filmes cuja estética fica grudada na nossa retina mesmo depois que ele acaba, porque essas duas crianças são macabras e bizarras demais para serem esquecidas.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Espanha, 1981. O casal Lola (Milena Smit) e Adolfo (Jaime Lorente) acabou de casar. Os dois têm uma vida inteira pela frente para disfrutar, enquanto a Espanha ainda se recupera das consequências da ditadura franquista e se prepara para receber as Olimpíadas de 1982. Lola e Adolfo têm seus sonhos dizimados no dia de seu casamento, quando a jovem sofre inesperado aborto e recebe a notícia de que não poderá mais ter filhos. Meses se passam e o casal não consegue superar a perda, até que Adolfo sugere que adotem uma criança. A ideia nobre os leva a um convento, onde Lola decide adotar um casal de irmãos gêmeos que se afeiçoara a ela. Porém, uma vez que a convivência em família começa, Tin (Carlos González Morollón) e Tina (Anastasia Russo) começam a demonstrar uma fervorosa devoção católica para justificar toda e qualquer atitude deles, e o que inicialmente poderia ser apenas consequências de uma educação rígida do convento aos poucos vai se tornando o pior pesadelo de Lola.

Em exatas duas horas de duração ‘Tin & Tina’ consegue construir um envolvente ambiente de terror psicológico com uma bela fotografia e uma ótima direção de arte que ao mesmo tempo consegue recriar um cenário dos anos 80 e confere elementos bizarros o suficientes para transformar o set em algo ligeiramente confortável para o espectador, mas com uma pontinha azeda que nos deixa em dúvida se aquele ambiente é realmente seguro quanto parece.

Neste contexto, se sobressaem as atuações das crianças albinas, absolutamente hipnotizadoras em um misto de uma inocência infantil e diálogos coerentes que nos faz sentir raiva e empatia delas por conta de seus argumentos plausíveis. Fazendo o contraponto, a ótima Milena Smit (de ‘Mães Paralelas’, último longa do Almodóvar) balanceia a equação como uma mãe que quer se dedicar à maternidade, mas que entra em conflito com as crenças e o comportamento das crianças adotadas. No filme de Rubin Stein o único um pouco fora de sintonia é Jaime Lorente, que tem bem menos cenas que seus colegas de elenco e cujo personagem abusa em desacreditar da esposa até mesmo em momentos muito evidentes, o que leva o espectador a perder a paciência com ele.

Em se tratando de terror psicológico, o roteiro ambienta o espectador na história, mas sem evidenciar qualquer tipo de violência, o que pode ser frustrante para os fãs do gênero. Aos mais sensíveis, a sugestão do que acontece é mais interessante do que ver acontecer de fato. ‘Tin & Tina’ é desses filmes cuja estética fica grudada na nossa retina mesmo depois que ele acaba, porque essas duas crianças são macabras e bizarras demais para serem esquecidas.

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