O ano era 2017 quando o canal por assinatura Multishow estreou seu então mais novo programa de humor, chamado ‘Tô de Graça’. Com atores trazidos de outro programa de humor de sucesso, o Zorra Total, o ‘Tô de Graça’ tinha uma proposta um pouco diferente, pois centrava sua história no dia a dia de uma mãe periférica moradora de uma favela do Rio de Janeiro que, com uma penca de filhos, precisava dar conta da rotina sem deixar faltar nada a eles nem a si mesma. Da rotina, vinha a piada. A identificação pelo público foi imediata, o que fez com que o programa de esquetes durasse por seis temporadas e agora, a partir dessa semana, ganhasse um filme só dele, o ‘Tô de Graça: O Filme’, que já chegou aos cinemas de todo o país.
Graça (Rodrigo Sant’Anna) acaba de receber a rescisão de seu antigo emprego e, com o dinheiro, pretende comprar o vestido de formatura da sua filha Briti Sprite (Isabelle Marques), mas tudo anda muito caro. Quando volta à casa, porém, recebe a notícia de que sua outra filha, Sara Jane (Roberta Rodrigues), vai viajar com o noivo (Pedro Carvalho) para Búzios, onde o rapaz é dono de um resort, mas, com vergonha da própria família, Sara Jane vai viajar sozinha. Indignada com a postura da filha, Graça decide gastar o dinheiro da rescisão para levar sua família de férias até Búzios e forçar um encontro com o rapaz, porém, no meio do caminho, além de se meterem em muitas confusões, eles ainda terão que procurar por Shubakira.
Pensando no imenso público que ajudou a série a se tornar o sucesso que a manteve por seis anos no ar, os roteiristas Rodrigo Sant’Anna, Sabrina Garcia e Junior Figueiredo constroem uma história que é recheada de eventos que remetem à trama original do humorístico da Multishow. Entretanto, mais do que repetir as piadas conhecidas, o roteiro insere novos elementos no enredo que ajudam a ampliar o universo dos personagens e, mais ainda, se preocupa em apresentar uma mensagem importantíssima ao final do longa – mensagem esta que, considerando o público-alvo da produção, se torna ainda mais relevante, o que pode proporcionar uma emoção repentina no espectador no final da projeção.
Dirigido por César Rodrigues (da série de humor ‘Nada Suspeitos’), quando o filme acompanha a protagonista, a produção flui sozinha, o que comprova o total domínio de Rodrigo Sant’Anna não só da sua personagem, mas da intenção e da direção que essa personagem vai na vida. Dos outros personagens que compõem o cenário, definitivamente Maicon (Andy Gerker) é o que arranca mais risadas do público, pois suas falas fluem com naturalidade dentro de um contexto de fácil identificação do público.
Numa pegada ‘Os Farofeiros’, ‘Tô de Graça: O Filme’, surpreendentemente, é um filme que faz rir e emocionar, capaz até mesmo de fazer escorrer uma lágrima no fim. Para aqueles que torcem o nariz para a comédia brasileira de grande impacto, ‘Tô de Graça: O Filme’ é uma produção que prova o contrário: dá, sim, para agradar o público fiel e conquistar um novo público, entregando os elementos que tornaram sua história um sucesso e inserindo uma linda mensagem ao fim. ‘Tô de Graça: O Filme’ é uma comédia engraçada à altura de Maria das Graças Xuxa a Meneghel.