domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Tommaso – Willem Dafoe em filme experimental Quase biográfico

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Quando um ator começa a fazer muito sucesso em Hollywood, quase sempre ele abandona os projetos de baixo orçamento, focando sua carreira em roteiros que rendam mais prêmios ou mais visibilidade. São raros os exemplos de atores que continuam aceitando papéis alternativos, teatrais ou experimentais. Bom, este segundo caso é o caso de Willem Dafoe, que parece estar sempre em busca de inovação em seu currículo.



Em ‘Tommaso’, Dafoe interpreta um ator nova-iorquino de mesmo nome, que mora em Roma com sua esposa russa muito mais jovem, Nikki (Cristina Chiriac), e sua pequena filha, Dee Dee (Anna Ferrara). O longa é sobre só isso mesmo, e por pouco mais de duas horas acompanhamos o protagonista em seu dia a dia, superando dificuldades cotidianas e frustrações que fazem parte da rotina de qualquer um.

É um pouco difícil avaliar esse longa como sendo ficção, uma vez que a história se aproxima tanto da vida pessoal de Dafoe. É que o Willem, na vida real, também é um ator norte-americano que vive na Itália com uma esposa italiana mais jovem, e que também pratica yoga, escreve roteiros, dá aulas de teatro e está aprendendo italiano, tal como o personagem do filme. Apesar desses inúmeros pontos em comum, ‘Tommaso’ não está sendo divulgado como uma cinebiografia, por isso vamos interpretá-lo como ficção.

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Tommaso’ apresenta um retrato intimista desse ator em suas inúmeras crises: de idade (em relação à esposa mais jovem), de paternidade (começa a desconfiar que a filha não é dele), de sua sobriedade (frequenta AAs e reuniões de dependentes químicos, contando suas experiências do passado), de identidade (faz aulas de italiano porque está vivendo em um país novo), de cidadania (sente-se inseguro com a violência da cidade, e, portanto, acha que a esposa corre risco também), de masculinidade (dá em cima e fica com outras mulheres para auto-afirmar-se como homem), entre outros pontos.

O longa escrito e dirigido por Abel Ferrara e totalmente centrado em Tommaso, com a câmera o tempo todo seguindo Willem Dafoe (às vezes focando diretamente no rosto dele, de maneira um bocado invasiva), até mesmo em momentos íntimos. Assim, fica até complicado avaliar a atuação das outras pessoas que (pouco) aparecem no longa.

Ainda assim, ‘Tommaso’ é um longa bem feitinho tecnicamente, e desperta a curiosidade do espectador – afinal, nós, cinéfilos, queremos sempre saber da intimidade das estrelas de Hollywood. Mas é importante ressaltar que o ritmo é bem arrastado, e contém cenas um bocado aleatórias, o que aumenta a sensação de ser um filme longo (embora, é verdade, fosse possível contar essa história em menos de duas horas né).

Em suma, ‘Tommaso’ é um filme experimental que trabalha as múltiplas crises do ego masculino, tendo Willem Dafoe como representante dos homens que se aproximam da terceira idade, mas que insistem em acreditar que ainda são jovens adolescentes. Vale a reflexão sobre o tema.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Em ‘Tommaso’, Dafoe interpreta um ator nova-iorquino de mesmo nome, que mora em Roma com sua esposa russa muito mais jovem, Nikki (Cristina Chiriac), e sua pequena filha, Dee Dee (Anna Ferrara). O longa é sobre só isso mesmo, e por pouco mais de duas horas acompanhamos o protagonista em seu dia a dia, superando dificuldades cotidianas e frustrações que fazem parte da rotina de qualquer um.

É um pouco difícil avaliar esse longa como sendo ficção, uma vez que a história se aproxima tanto da vida pessoal de Dafoe. É que o Willem, na vida real, também é um ator norte-americano que vive na Itália com uma esposa italiana mais jovem, e que também pratica yoga, escreve roteiros, dá aulas de teatro e está aprendendo italiano, tal como o personagem do filme. Apesar desses inúmeros pontos em comum, ‘Tommaso’ não está sendo divulgado como uma cinebiografia, por isso vamos interpretá-lo como ficção.

Tommaso’ apresenta um retrato intimista desse ator em suas inúmeras crises: de idade (em relação à esposa mais jovem), de paternidade (começa a desconfiar que a filha não é dele), de sua sobriedade (frequenta AAs e reuniões de dependentes químicos, contando suas experiências do passado), de identidade (faz aulas de italiano porque está vivendo em um país novo), de cidadania (sente-se inseguro com a violência da cidade, e, portanto, acha que a esposa corre risco também), de masculinidade (dá em cima e fica com outras mulheres para auto-afirmar-se como homem), entre outros pontos.

O longa escrito e dirigido por Abel Ferrara e totalmente centrado em Tommaso, com a câmera o tempo todo seguindo Willem Dafoe (às vezes focando diretamente no rosto dele, de maneira um bocado invasiva), até mesmo em momentos íntimos. Assim, fica até complicado avaliar a atuação das outras pessoas que (pouco) aparecem no longa.

Ainda assim, ‘Tommaso’ é um longa bem feitinho tecnicamente, e desperta a curiosidade do espectador – afinal, nós, cinéfilos, queremos sempre saber da intimidade das estrelas de Hollywood. Mas é importante ressaltar que o ritmo é bem arrastado, e contém cenas um bocado aleatórias, o que aumenta a sensação de ser um filme longo (embora, é verdade, fosse possível contar essa história em menos de duas horas né).

Em suma, ‘Tommaso’ é um filme experimental que trabalha as múltiplas crises do ego masculino, tendo Willem Dafoe como representante dos homens que se aproximam da terceira idade, mas que insistem em acreditar que ainda são jovens adolescentes. Vale a reflexão sobre o tema.

 

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