Quando a primeira animação dos famosos bonequinhos ‘Trolls’ chegou ao cinema, no final de 2016, os cinéfilos foram surpreendidos por um longa-metragem animado, colorido, totalmente musical, com um enredo de autoestima e aceitação e um romancezinho de pano de fundo. O sucesso foi tão grande que, em pouco tempo, a Universal Pictures anunciou a sequência, ‘Trolls 2’, que chega agora aos cinemas brasileiros em sessões antecipadas de pré-estreia (embora, nos Estados Unidos, tenha sido lançado diretamente no streaming este ano).
Nesta aventura, um novo mundo se abre diante dos olhos da princesa Poppy (Anna Kendrick, dublada por Jullie), que descobre que seu condado não é o único lugar no mundo onde há trolls: há outras regiões e lá existem trolls diferentes daqueles que ela conhece. E a música pop não é a única no mundo: há outros tipos de música, e cada um desses trolls desconhecidos cantam e dançam um ritmo diferente – rock, country music, clássica, funk, techno –, sendo que cada região guarda uma corda musical. De olho nisso, a Rainha Barb (Rachel Bloom) elabora um plano para roubar todas as cordas musicais para fazer o rock prevalecer, por isso Poppy, Tronco (Justin Timberlake, dublada por Hugo Bonemer, apresentador do canal Like) e sua turma partirão numa aventura para tentar unir os povos trolls de uma vez por todas.
Baseado nos personagens criados por Thomas Dam, a história de Jonathan Aibel e Glenn Berger tem uma boa intenção, mas se perde ao tentar abraçar muitos temas em apenas uma hora e meia de duração. Com o intuito de fazer o argumento “somos diferentes, e isso é o que nos torna especiais” se encaminhar para o propósito “vamos tentar unir todos os povos porque afinal de contas somos todos trolls”, o roteiro de Maya Forbes, Wallace Wolodarsky e Elizabeth Tippet junto com Jonathan e Glenn busca expressar uma mensagem de inclusão e de diversidade, mas faz um recorte bastante específico ao centralizar a sua história considerando apenas a cultura musical estadunidense e anglo-saxônica. Assim, embora haja um breve espaço para as influências imigrantes daquele país – trolls do kpop (dublados originalmente pelas meninas do grupo Red Velvet), reggeaton e os iurulês (aquela música bem de interiorzão mesmo, de chapéu na cabeça e palha na boca, oriunda da Irlanda) – a coisa toda se resume ao tipo de música relevante para os Estados Unidos – perdendo, assim, uma boa oportunidade de botar na prática o discurso que o filme propõe, jogando luz sobre a música de outros continentes, como a japonesa, a brasileira, a angolana, etc.
O campo técnico, entretanto, permanece impecável em ‘Trolls 2’. O longa já começa com uma sequência animadíssima, uma explosão de cores e sensações que faz a gente se sentir novamente numa grande festa, seguida por um pour pourri de várias canções conhecidas do público. Há sequências de ação tais quais em videogames, efeitos visuais deslumbrantes e um desfile de tons vibrantes na tela totalmente hipnotizantes. Ficou faltando, porém, uma música-tema forte, que, no filme original fez tanto sucesso.
‘Trolls 2’ é um filme esteticamente lindo, animado, com uma historinha meio perdida, mas que definitivamente entretém a pimpolhada. Tem até participação do Ozzy Osbourne dublando originalmente o (adivinhem!) Rei do Rock! Vale a pena ver isso, né?