quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Truth: Cate Blanchett e Robert Redford rumo ao Oscar

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De Pablo Bazarello, enviado especial a Toronto.

A Informante

O filme O Informante (The Insider, 1999), dirigido por Michael Mann, concorreu a sete estatuetas do Oscar e se tornou ícone do cinema sobre jornalismo. Na trama, o produtor Lowell Bergman (Al Pacino) e o jornalista Mike Wallace (Christopher Plummer) passam por uma verdadeira epopeia devido ao seu estarrecedor furo de reportagem que visava desbaratinar a indústria tabagista – com um verdadeiro insider (um homem de dentro).



Wallace e Bergman faziam parte do 60 Minutes, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e renomados dos EUA. Tal história foi perseguida e lançada em meados da década de 1990.

Agora chega Truth (parte do acervo deste ano do Festival de Toronto e o melhor filme visto por este que vos fala por enquanto no mesmo), nova produção que apresenta a versão romanceada de uma reportagem polêmica do mesmo 60 Minutos. Aqui, no entanto, saem Wallace e Bergman e entram a produtora Mary Mapes (Cate Blanchett) e o âncora Dan Rather (Robert Redford). O assunto da vez é tão polêmico quanto e trata da possível farsa do então candidato a presidência George W. Bush, envolvendo sua dispensa no serviço militar, do qual talvez nunca tenha feito parte.

truth_2

A grande diferença entre O Informante e Truth é que enquanto no filme de 1999 era a vida do delator Jeffrey Wigand (Russell Crowe) que virava do avesso, aqui são as vidas dos próprios jornalistas (ou ao menos a vida profissional) que correm risco – em especial a da produtora Mapes, o verdadeiro núcleo do filme.

Muito se fala numa nova indicação para Julianne Moore por Freeheld (drama homossexual também exibido no TIFF 2015), mas em minha opinião Cate Blanchett (também uma recente vencedora do Oscar – por Blue Jasmine) é quem desponta como merecedora de uma indicação. Embora Truth seja um filme de muitos atores e muitos personagens – todos com sua devida importância na trama, Blanchett tem aquela qualidade especial – que seus colegas talvez não apreciem tanto – de engolir a tela e roubar os holofotes. A câmera adora ela.

Fora a beleza descomunal, que parece aprimorar com o tempo (qualidade também presente em Sandra Bullock – que marca TIFF com Our Brand is Crisis), a atriz torna injusto para as outras a cada novo trabalho. Aos poucos Blanchett vai assumindo o filme, deixando pouco espaço inclusive para o veteraníssimo Redford (embora seja sempre uma alegria vê-lo nas telonas enfatizando bons personagens no auge de seus 80 anos).

truth_3

É sentida uma grande mudança de tonalidade no filme também. De início bem mais brincalhão e lotado de gags e piadinhas, Truth poderia seguir para uma sátira política, no entanto, assume formas de suspense dramático digno dos grandes filmes do gênero da investigação jornalística (coisa que Spotlight ficou devendo). Blanchett dá aula (literalmente) de atuação com as mudanças sofridas por sua personagem, cujo arco dramático faz girar toda a trama.

Baseado nas memórias da verdadeira Mary Mapes, Truth marca a estreia na direção do roteirista estrela James Vanderbilt (Zodíaco), se tornando assim um de seus melhores trabalhos.

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Wallace e Bergman faziam parte do 60 Minutes, um dos veículos jornalísticos mais respeitados e renomados dos EUA. Tal história foi perseguida e lançada em meados da década de 1990.

Agora chega Truth (parte do acervo deste ano do Festival de Toronto e o melhor filme visto por este que vos fala por enquanto no mesmo), nova produção que apresenta a versão romanceada de uma reportagem polêmica do mesmo 60 Minutos. Aqui, no entanto, saem Wallace e Bergman e entram a produtora Mary Mapes (Cate Blanchett) e o âncora Dan Rather (Robert Redford). O assunto da vez é tão polêmico quanto e trata da possível farsa do então candidato a presidência George W. Bush, envolvendo sua dispensa no serviço militar, do qual talvez nunca tenha feito parte.

truth_2

A grande diferença entre O Informante e Truth é que enquanto no filme de 1999 era a vida do delator Jeffrey Wigand (Russell Crowe) que virava do avesso, aqui são as vidas dos próprios jornalistas (ou ao menos a vida profissional) que correm risco – em especial a da produtora Mapes, o verdadeiro núcleo do filme.

Muito se fala numa nova indicação para Julianne Moore por Freeheld (drama homossexual também exibido no TIFF 2015), mas em minha opinião Cate Blanchett (também uma recente vencedora do Oscar – por Blue Jasmine) é quem desponta como merecedora de uma indicação. Embora Truth seja um filme de muitos atores e muitos personagens – todos com sua devida importância na trama, Blanchett tem aquela qualidade especial – que seus colegas talvez não apreciem tanto – de engolir a tela e roubar os holofotes. A câmera adora ela.

Fora a beleza descomunal, que parece aprimorar com o tempo (qualidade também presente em Sandra Bullock – que marca TIFF com Our Brand is Crisis), a atriz torna injusto para as outras a cada novo trabalho. Aos poucos Blanchett vai assumindo o filme, deixando pouco espaço inclusive para o veteraníssimo Redford (embora seja sempre uma alegria vê-lo nas telonas enfatizando bons personagens no auge de seus 80 anos).

truth_3

É sentida uma grande mudança de tonalidade no filme também. De início bem mais brincalhão e lotado de gags e piadinhas, Truth poderia seguir para uma sátira política, no entanto, assume formas de suspense dramático digno dos grandes filmes do gênero da investigação jornalística (coisa que Spotlight ficou devendo). Blanchett dá aula (literalmente) de atuação com as mudanças sofridas por sua personagem, cujo arco dramático faz girar toda a trama.

Baseado nas memórias da verdadeira Mary Mapes, Truth marca a estreia na direção do roteirista estrela James Vanderbilt (Zodíaco), se tornando assim um de seus melhores trabalhos.

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