terça-feira, maio 7, 2024

Crítica | Tudo o que Tivemos – Hilary Swank estrela melodrama com boa intenção

Longe dela

Estreando no Festival de Sundance no ano passado, e seguindo para Toronto no mesmo ano, Tudo o que Tivemos é um projeto autoral da jovem atriz Elizabeth Chomko – debutando como roteirista e diretora. O filme chega neste fim de semana aos cinemas brasileiros, e usa como chamariz a presença da estrela duas vezes vencedora do Oscar, Hilary Swank (Meninos Não Choram e Menina de Ouro).

Como tema, é um usado um assunto mais que digno de debate: o mal de Alzheimer – e o sofrimento que a doença causa não apenas ao portador, mas principalmente a seus entes queridos. Somos apresentados a uma problemática e desunida família norte-americana, que após o último surto da matriarca Ruth (Blythe Danner), precisa se reunir mais uma vez. Desta interação, irão sair novos atritos, discussões, picuinhas, jogos de culpa, mas também reflexões sobre passado e futuro.

Hilary Swank protagoniza na pele de Bridget, uma mulher dona de um casamento falido, infeliz dentro do matrimônio. Ela também se distancia cada vez mais da filha (Taissa Farmiga), incapaz de encontrar uma conexão nesta fase tão difícil para o relacionamento entre pais e filhos – a juventude. No meio deste turbilhão de sua vida pessoal, ela precisa retornar à sua cidade natal, encarar a truculência do pai (Robert Forster) e do irmão (Michael Shannon), lidar com a perturbadora realidade de sua mãe e decidir se a coloca ou não em um asilo – mesmo com os protestos do pai. No último episódio, a mulher fugiu de casa e quase morreu congelada na neve.

Tudo o que Tivemos é um filme emotivo e tem o coração no lugar certo. Aborda uma doença como tema central da produção e a explora na medida certa, assim como fizeram obras emblemáticas e recentes sobre o tópico, Longe Dela (2006) e Para Sempre Alice (2014). O elenco está entrosado e entrega performances do nível que esperamos de talentos como estes, que juntos somam 5 indicações ao Oscar entre eles.

O calcanhar de Aquiles do longa (se é que podemos dizer isso) é a falta de experiência de Chomko nos cargos que desempenha aqui. Vira e mexe citamos iniciantes com a imponência de veteranos. Mas este não é o caso com a cineasta, que por muitos momentos soa ainda verde e inocente em seus esforços – em especial no texto. Os diálogos, por vezes imaturos, entre adultos têm como objetivo a volta ao passado dos personagens – ao lugar que acreditamos ter deixado, sem nunca conseguirmos realmente. A intenção é percebida à distância, porém, o resultado se mostra sem muito brilho.

Chomko também se desvirtua do tema central, como se quisesse expandir a dramaticidade de outros eventos, sem perceber que devia centrar-se na personagem de Danner e fazer todo o resto girar em torno dela – como os outros longas citados acima. O melodrama sobre as questões da protagonista Swank (seja em relação ao marido ou à filha) e a amargura do personagem de Shannon são totalmente eclipsadas pela verve do pilar em vigor: o monstro do Alzheimer.

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