Crítica | Twinless – Um Gêmeo a Menos – Dylan O’Brien Surpreende em Profundo RomCom Gay

Dylan O’Brien é um dos nomes mais concorridos dentre os jovens atores nessa última década e meia. Tendo estrelado séries de sucesso como ‘Teen Wolf’ e a franquia ‘Maze Runner’, aos poucos o jovem talento foi se distanciando de produções de larga escala e se enveredando mais para criações que lhe proporcionassem maior expressividade artística. E é exatamente isso que vemos no surpreendente ‘Twinless – Um Gêmeo a Menos’, longa que teve exibição prévia durante o Festival do Rio 2025 e que está atualmente em cartaz no circuito brasileiro.

Dennis (James Sweeney) é um jovem gay completamente inseguro de muitas coisas sobre si mesmo. Certo dia, casualmente, ele conhece Rocky (Dylan O’Brien), um cara confiante, charmoso, estiloso, ou seja, o extremo oposto de Dennis. Por mais improvável que pudesse parecer, Dennis e Rocky se envolvem e vivem um romance… até que, de repente, Rocky para de responder. Atordoado e sem entender como que o romance poderia ter desaparecido assim, tão de repente, Dennis começa a perseguir Rocky, certo de que conseguirá obter as respostas de que precisa e retomar o relacionamento dos dois. Porém, um trágico acidente mudará o rumo de tudo… e Dennis conhecerá Roman (Dylan O’Brien), o irmão gêmeo de Rocky.

Escrito e dirigido por James Sweeney (que também protagoniza o filme), ‘Twinless – Um Gêmeo a Menos’ é, sem exageros, um dos filmes mais surpreendentes do ano.



O roteiro é construído de tal forma que o espectador se vê entrando no drama desse protagonista e sofre, junto com ele, por uma saída digna à situação embaraçosa que vai se construindo. Há toda uma rede de mentiras, enganações, teatro e mais mentiras para poder construir uma história de ficção plausível de modo a acobertar as escolhas do protagonista – e nós, espectadores, vamos vendo toda essa rede sendo montada na nossa frente, cientes de que alguma hora aquilo tudo vai ruir e, muito embora sintamos empatia e solidariedade por Dennis, é impossível concordar com tudo que ele faz, mesmo que em nome do amor.

Para contar essa história de amor obsessivo e responsabilidade emocional, James Sweeney imprime humor, romance e drama na medida certa para construir uma atmosfera de tensão (e tesão) crescente, que surpreende na hora certa e conduz bem as emoções que o público deve sentir – raiva, empatia, desejo, repulsa, vergonha, pena, compreensão, amor –, tudo pela roupagem de um filme que começa como uma comédia romântica e se transforma em um drama profundo e reflexivo, que pode fazer chorar aos mais sensíveis. Sob uma segunda camada, há todo um debate sobre saúde mental, sobre toxicidade, isolamento social e busca por afeto, e em até que ponto podemos permitir que nossos traumas do passado ditem nossas ações no presente.

Em um projeto que mistura temas tão sensíveis – romance gay, saúde mental, crimes de perseguição, relacionamento tóxico, suicídio, entre outros – destaca-se não só o roteiro e a direção dedicada, mas, acima de tudo, as atuações, com surpreendente destaque a Dylan O’Brien, que flexibiliza entre um cara altamente descontraído e solar para um outro mais introvertido, totalmente diferente, empenhado nas cenas de relação íntima com igual dedicação como em qualquer outro projeto.

Com plot twists surpreendentes e uma história bastante contemporânea, ‘Twinless – Um Gêmeo a Menos’ é dessas pequenas joias que entram silenciosamente em circuito e que quem gosta de um bom filme precisa garimpar para assistir.

author avatar
Janda Montenegro
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
Janda Montenegrohttps://cinepop.com.br
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
MATÉRIAS
CRÍTICAS

NOTÍCIAS