Lance Sterling (originalmente dublado por Will Smith, mas que no Brasil ganhou a inconfundível voz de Lázaro Ramos) é o maior espião do mundo, capaz de desmantelar capangas e gangues das mais tenebrosas redes da máfia global. Um dia ele é enganado por um pilantra, e, em vez de recuperar uma mala valiosa, Lance volta para o QG com a mala vazia. Pior: há um vídeo em que ele aparece como o grande vilão da história. Após ser demitido, Lance decide ir atrás do vilão para recuperar sua vida, e, para isso, conta com a ajuda do excêntrico cientista Walter (com a voz de Tom Holland no original) para tentar fazê-lo desaparecer – só que o experimento dá errado e Lance acaba se transformando em uma pomba!
O grande trunfo de ‘Um Espião Animal’ é construir uma situação de oposição entre os dois protagonistas (que recebem características físicas e trejeitos dos seus dubladores originais): de um lado há o espião que se veste bem, é bem sucedido, mais velho e querido por todos; do outro, o cientista esquisitão, jovem prodígio sem amigos, que tem mania de falar a coisa errada na hora mais errada ainda. A convivência dos dois em nome do objetivo em comum gera situações engraçadíssimas, que arranca sinceras risadas do espectador.
Além disso, como já é de se esperar, o longa de Nick Bruno e Troy Quane é recheado de referências, o que certamente irá agradar aos xófens. Há uma cena bastaaaante similar com ‘Homem-Aranha: Longe de Casa’ e outra em que há um embate semelhante ao do Homem-de-Ferro com o Homem-Aranha, e os marvetes de plantão conseguirão reconhecer; há também referência a Star Wars, inclusive com inserção de parte da música composta por John Williams (tem até agradecimento à Lucasfilm nos créditos); sem contar a inevitável referência a 007, claro. Ah, e fiquem tranquilos que não tem cena pós-créditos.
Bom, então qual é o problema de ‘Um Espião Animal’?
É que esta mesma oposição dos protagonistas é uma faca de dois gumes para o argumento do longa. Por um lado, o personagem Lance é extremamente bélico, quer resolver tudo com armas e punhos; do outro, Walter é um sujeito fofinho, a favor da conversa e da purpurina. Como a mensagem do filme é justamente “faça amor, não faça guerra” (literalmente dita por um personagem), em prol de mostrar o quanto a violência (inclusive nos desenhos animados) é desnecessária e maléfica, o filme acaba se recheando justamente dessas cenas, o que acaba tornando-o agressivo demais para o público alvo (presume-se que queira atingir a meninada de férias, de até 10 anos), e bobo demais para os marvetes que irão vê-lo por conta de Tom Holland.
De todo modo, enquanto entretenimento, ‘Um Espião Animal’ apresenta boas piadas, baseadas no cotidiano da juventude e recheada de memes facilmente reconhecíveis pelos adolescentes (o que gera ainda mais risadas). O filme é legal, e irá agradar mais o público masculino.