domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Um Estado de Liberdade

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A Verdadeira Guerra Civil

Desde que se reinventou, ou melhor, reinventou sua carreira, o ator Matthew McConaughey fez as pazes com o sucesso, podendo novamente adentrar o seleto grupo do time A de Hollywood e recobrar o status de astro de uma vez por todas. A trajetória iniciada em 2011, culminou em 2014 com a vitória no Oscar, o maior prêmio da indústria do cinema, pelo filme Clube de Compras Dallas. Desde então, o ator apareceu poucas vezes na telona, mostrando que o processo de seleção de seus projetos se tornou mais minucioso também, como forma de dar a atenção merecida aos filmes que escolhe vender.

Depois que decorou sua casa com a estatueta do careca dourado, McConaughey deu as caras em apenas duas produções, Interestelar (2014), ficção científica ambiciosa do papa Christopher Nolan, e The Sea of Trees (2015), drama sombrio do cultuado Gus Van Sant, ainda inédito em terras Brasilis. Agora, o renovado Matthew McConaughey aporta novamente nas salas de exibição mundiais, em um novo projeto ambicioso, baseado em eventos históricos, que têm como pano de fundo a Guerra da Secessão, a Guerra Civil Norte-Americana, e a escravidão.



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Curiosamente, aqui no Rio de Janeiro, a exibição para a imprensa de Um Estado de Liberdade ocorreu na véspera da exibição de O Nascimento de uma Nação, filme de Nate Parker, cuja polêmica dentro e fora das telas terminou por polarizar opiniões dos especialistas. O fato é curioso porque as obras conversam muito bem entre si e podem ser, de certa forma, consideradas complementares.

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Um Estado de Liberdade inicia durante o fervor da Guerra entre os estados do norte e sul dos EUA, durante a década de 1860, na qual o protagonista Newton ‘Newt’ Knight (McConaughey) luta do lado dos Confederados, defendendo os estados sulistas. No entanto, o protagonista não é um senhor de escravos, ou sequer um homem poderoso, ele é um fazendeiro, dono de uma pequena fatia de terras. Quando um infortúnio pessoal se abate sobre sua família, Newt se afasta do conflito e logo é considerado um desertor. E o que acontecia com estes na época? Sim, você acertou. Eram punidos com morte.

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Assim, o personagem de McConaughey agora é um fugitivo, caçado pelos próprios compatriotas, os quais ele havia lutado para proteger. Neste calvário, o fazendeiro perde a esposa (papel de Keri Russell), que não aguenta a pressão da iminente tragédia, recolhe o pequeno rebento e cai na estrada; e precisa se unir a um grupo de escravos foragidos para se manter vivo.

Dois escravos serão importantes para a trajetória de Newt como líder revolucionário: Moses, papel do ótimo Mahershala Ali (o Cotton Mouth de Luke Cage, que este ano está cotado para uma indicação ao Oscar pelo elogiado Moonlight, ainda inédito no Brasil), e Rachel (Gugu Mbatha-Raw). O primeiro é a voz representante de seu povo, ao menos no pequeno conjunto de fugitivos, que começa, ao lado do protagonista, a mexer as coisas para que o direito ao voto dos negros seja cumprido. A segunda, será essencial para a linhagem de descendentes da família Knight.

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Justamente a descendência do protagonista entra em jogo com uma subtrama, passada na década de 1950-60, pincelada pela obra, que remete ao recente Loving (exibido no Festival do Rio, mas ainda inédito no circuito brasileiro). Um descendente direto de Knight tem o casamento anulado por não conseguir provar se possui um oitavo de sangue negro ou não – na época, em estados sulistas norte-americanos, o casamento inter-racial era considerado crime.

Um Estado de Liberdade é Matthew McConaughey. A performance do astro é o que segura a produção por seus longos 139 minutos de exibição (quase nunca atento para a duração de um longa, mas aqui é sentido). Além de muitas arestas que precisavam ser aparadas, como a subtrama passada em outro século, sem um aprofundamento adequado, a obra peca especialmente na direção solta de Gary Ross (Jogos Vorazes). O roteiro adaptado pelo próprio cineasta, baseado na história de Leonard Hartman, traz uma digna biografia a ser contada, amparada por importantes relatos históricos, que conseguem sobressair ao filme em si. Nestes casos, é sempre importante não confundir o filme com a história narrada.

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Quando as primeiras imagens do longa começaram a ser divulgadas, com Matthew McConaughey em meio às trincheiras, totalmente caracterizado com o uniforme dos confederados, o que imaginava-se era um épico sobre a Guerra Civil, possível candidato a diversos prêmios do cinema. O resultado não é esse. Pelo contrário, Um Estado de Liberdade deixa o didatismo prevalecer. Com uma direção quase automática de Ross, que transforma o filme em um produto sem vida, somos apenas levados pela atuação do protagonista e pelo peso histórico. Um Estado de Liberdade nunca decola, resultado da ausência do pulsar e fervor de obras que abordam o tema, se distanciando de filmes urgentes como O Nascimento de uma Nação. Mesmo assim, não deixa de ser um bom artigo para apreciadores e aficionados pelo período.

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Desde que se reinventou, ou melhor, reinventou sua carreira, o ator Matthew McConaughey fez as pazes com o sucesso, podendo novamente adentrar o seleto grupo do time A de Hollywood e recobrar o status de astro de uma vez por todas. A trajetória iniciada em 2011, culminou em 2014 com a vitória no Oscar, o maior prêmio da indústria do cinema, pelo filme Clube de Compras Dallas. Desde então, o ator apareceu poucas vezes na telona, mostrando que o processo de seleção de seus projetos se tornou mais minucioso também, como forma de dar a atenção merecida aos filmes que escolhe vender.

Depois que decorou sua casa com a estatueta do careca dourado, McConaughey deu as caras em apenas duas produções, Interestelar (2014), ficção científica ambiciosa do papa Christopher Nolan, e The Sea of Trees (2015), drama sombrio do cultuado Gus Van Sant, ainda inédito em terras Brasilis. Agora, o renovado Matthew McConaughey aporta novamente nas salas de exibição mundiais, em um novo projeto ambicioso, baseado em eventos históricos, que têm como pano de fundo a Guerra da Secessão, a Guerra Civil Norte-Americana, e a escravidão.

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Curiosamente, aqui no Rio de Janeiro, a exibição para a imprensa de Um Estado de Liberdade ocorreu na véspera da exibição de O Nascimento de uma Nação, filme de Nate Parker, cuja polêmica dentro e fora das telas terminou por polarizar opiniões dos especialistas. O fato é curioso porque as obras conversam muito bem entre si e podem ser, de certa forma, consideradas complementares.

Um Estado de Liberdade inicia durante o fervor da Guerra entre os estados do norte e sul dos EUA, durante a década de 1860, na qual o protagonista Newton ‘Newt’ Knight (McConaughey) luta do lado dos Confederados, defendendo os estados sulistas. No entanto, o protagonista não é um senhor de escravos, ou sequer um homem poderoso, ele é um fazendeiro, dono de uma pequena fatia de terras. Quando um infortúnio pessoal se abate sobre sua família, Newt se afasta do conflito e logo é considerado um desertor. E o que acontecia com estes na época? Sim, você acertou. Eram punidos com morte.

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Assim, o personagem de McConaughey agora é um fugitivo, caçado pelos próprios compatriotas, os quais ele havia lutado para proteger. Neste calvário, o fazendeiro perde a esposa (papel de Keri Russell), que não aguenta a pressão da iminente tragédia, recolhe o pequeno rebento e cai na estrada; e precisa se unir a um grupo de escravos foragidos para se manter vivo.

Dois escravos serão importantes para a trajetória de Newt como líder revolucionário: Moses, papel do ótimo Mahershala Ali (o Cotton Mouth de Luke Cage, que este ano está cotado para uma indicação ao Oscar pelo elogiado Moonlight, ainda inédito no Brasil), e Rachel (Gugu Mbatha-Raw). O primeiro é a voz representante de seu povo, ao menos no pequeno conjunto de fugitivos, que começa, ao lado do protagonista, a mexer as coisas para que o direito ao voto dos negros seja cumprido. A segunda, será essencial para a linhagem de descendentes da família Knight.

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Justamente a descendência do protagonista entra em jogo com uma subtrama, passada na década de 1950-60, pincelada pela obra, que remete ao recente Loving (exibido no Festival do Rio, mas ainda inédito no circuito brasileiro). Um descendente direto de Knight tem o casamento anulado por não conseguir provar se possui um oitavo de sangue negro ou não – na época, em estados sulistas norte-americanos, o casamento inter-racial era considerado crime.

Um Estado de Liberdade é Matthew McConaughey. A performance do astro é o que segura a produção por seus longos 139 minutos de exibição (quase nunca atento para a duração de um longa, mas aqui é sentido). Além de muitas arestas que precisavam ser aparadas, como a subtrama passada em outro século, sem um aprofundamento adequado, a obra peca especialmente na direção solta de Gary Ross (Jogos Vorazes). O roteiro adaptado pelo próprio cineasta, baseado na história de Leonard Hartman, traz uma digna biografia a ser contada, amparada por importantes relatos históricos, que conseguem sobressair ao filme em si. Nestes casos, é sempre importante não confundir o filme com a história narrada.

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Quando as primeiras imagens do longa começaram a ser divulgadas, com Matthew McConaughey em meio às trincheiras, totalmente caracterizado com o uniforme dos confederados, o que imaginava-se era um épico sobre a Guerra Civil, possível candidato a diversos prêmios do cinema. O resultado não é esse. Pelo contrário, Um Estado de Liberdade deixa o didatismo prevalecer. Com uma direção quase automática de Ross, que transforma o filme em um produto sem vida, somos apenas levados pela atuação do protagonista e pelo peso histórico. Um Estado de Liberdade nunca decola, resultado da ausência do pulsar e fervor de obras que abordam o tema, se distanciando de filmes urgentes como O Nascimento de uma Nação. Mesmo assim, não deixa de ser um bom artigo para apreciadores e aficionados pelo período.

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