Quem governa o mundo é as mulheres, canta a Beyoncé. Mas… será que é mesmo? Por mais que a sociedade civil tenha melhorado em muitos aspectos, as mulheres ainda têm que lutar por seus direitos, por igualdade de salários, por respeito em todos os ambientes. O cinema tem exercido um importante papel ao iluminar, principalmente para o público masculino, os desafios que as mulheres enfrentam no dia a dia, com filmes como ‘Se Eu Fosse Você’, com uma inversão de papéis, e ‘Uma Babá Quase Perfeita’, em que um pai se veste como babá para estar com os filhos. Agora, uma nova comédia nacional aborda esse tema: a comédia ‘Uma Advogada Brilhante’, que chega aos cinemas logo após o Carnaval.
Michelle (Leandro Hassum) é um ótimo advogado que sonha em um dia trabalhar no escritório TOP. Um dia, descobre que a TOP está comprando a empresa em que está atualmente empregado, e ele acha que essa é a grande chance da sua vida… até descobrir que a TOP vai demitir todos os homens e manter apenas as advogadas mulheres. Só que, por conta do seu nome, Michelle, que é um nome masculino italiano, acaba sendo confundido com uma mulher, já que, no Brasil, Michelle é um nome feminino. Para não perder o emprego e o filho, Michelle decide se vestir de mulher e assumir uma nova persona, só que ele não imaginava que o mundo das mulheres era tão mais desafiador do que o mundo dos homens.
Escrito por Luiz Felipe Mazzoni, Ale McHaddo e Cris Wersom, o roteiro apresenta duas histórias paralelas que o protagonista percorre: a vida real masculina, da luta para que seu filho não se mude para longe, enquanto mostra à ex-mulher que ele é um pai presente e interessado; e a vida ficcional, em que a Dra. Michelle descobre os desafios de ser mulher no mundo corporativo, sofrendo assédio, interrupções, roubo de ideias e rebaixamentos constantes. Esta segunda parte se desdobra em dois casos de tribunal, o que acaba transformando o filme de uma hora e meia em muitas histórias para o espectador acompanhar.
Até por conta de ser uma comédia, o roteiro não exatamente se aprofunda nas questões enfrentadas pelo/a protagonista, mas sim apenas os demonstra para o público-alvo – que é, em sua maioria, presume-se, masculino. Nesse sentido, é muito importante que Leandro Hassum tenha interpretado esse papel, pois se o público de Hassum, que gosta de uma comédia mais solta, conseguir identificar as situações e refletir sobre elas, então assim o cinema cumpre seu papel de dialogar com o contemporâneo.
É muito interessante ver como essa construção se dá no filme, pois ainda que o/a protagonista viva dois papéis, é Ale McHaddo – diretora do filme e que interpreta uma advogada de defesa – quem profere o discurso mais importante do longa, o argumento da produção, enquanto todos os outros personagens literalmente ficam sentados e ouvem (porque estão num tribunal, mas isso é muito simbólico).
Com Bruno Garcia e Paulinho Serra vivendo personagens bem arquétipos, com os quais qualquer mulher tem que lidar várias vezes na vida, ‘Uma Advogada Brilhante´ é divertido por se debruçar sobre o que realmente importa: que a mulher é competente para exercer qualquer função laboral, e que as empresas precisam urgentemente igualar a balança dos gêneros em seus quadros de funcionários.
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