domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Uma Nova Chance: Aposta em clichês torna comédia de Jennifer Lopez esquecível

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Para que diploma quando se é JLo?

Não é novidade para ninguém o fato de que várias cantoras pop decidem dividir os palcos com performances nas telonas. A mais comentada da vez é Lady Gaga, devido ao estrondoso sucesso de Nasce Uma Estrela – que lhe rendeu uma indicação ao Oscar e, ao lado de Glenn Close, o prêmio de “Melhor Atriz” no Critic’s Choice Awards deste ano.  No entanto, antes mesmo de Stefani Germanotta estourar nas rádios com o sucesso “Just Dance” – em uma época em que “Shallow” nem sonhava em existir -, Jennifer Lopez já se dividia entre esses dois mundos estrelando inúmeras comédias românticas. Encontro de Amor (2002), O Casamento dos Meus Sonhos (2001), Plano B (2010), e A Sogra (2005) estão entre os sucessos do gênero – e, agora, depois de um tempo sumida dos cinemas, a estrela volta com todo o seu carisma já conhecido em Uma Nova Chance.



Dirigido por Peter Segal, de Como se Fosse a Primeira Vez (2004), e com roteiro de Justin Zackham e da estreante Elainge Goldsmith-Thomas, o filme conta a história de Maya – uma vendedora de loja que dá a vida pelo trabalho e não tem o reconhecimento merecido pela falta de escolaridade esperada para cargos altos, por mais que na prática mostre jogo de cintura para dar conta do recado. Assim, ao perder o emprego dos seus sonhos para um novo contratado com diploma melhor, ela faz um pedido no dia do seu aniversário de 43 anos: viver em um mundo onde sua experiência pudesse ser mais valiosa que um simples currículo.

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Seu desejo parece finalmente ter se realizado quando uma das marcas com as quais a loja trabalha a convida para uma entrevista de emprego; no entanto, ao chegar lá, Maya descobre que só foi convocada porque alguém – seu afilhado, como fica sabendo logo depois -, criou o currículo dos sonhos com o seu nome, com direito à formação em Harvard e até foto com o ex-presidente Obama nas redes sociais. Desse modo, mesmo sabendo que tudo não passa de uma mentira, a protagonista resolve aceitar o desafio porque acredita que sua prática na área tem muito mais valor que anos de teoria em um banco de universidade – questionamento importante em uma época em que todo mundo se pergunta o que é necessário para o verdadeiro sucesso profissional.

Com essa premissa e um relacionamento amoroso sendo deixado em segundo plano, Uma Nova Chance conquista em seus minutos iniciais por nos mostrar uma protagonista que representa muito bem a figura da mulher moderna: alguém que muitas vezes prefere focar no emprego que na construção de uma família tradicional ao lado de um homem – por mais que ele pareça ser o cara dos sonhos (aqui na forma de Milo Ventimiglia, que não por acaso representa o mesmo personagem romântico e dedicado que vive na série This is Us). Ainda que não tenha um currículo perfeito por não ter tido oportunidade de estudar quando era mais jovem, Maya é focada em seu trabalho e busca seu crescimento pessoal através dele – tanto como a vendedora da loja quanto no momento em que começa a ser uma ~executiva por acidente~. Jennifer Lopez, mostrando que ainda mantém a boa forma de suas antigas comédias românticas, inclusive merece elogios ao transitar muito bem entre o jeito humilde e autoconfiante de sua personagem – o que faz com que o público automaticamente torça para que ela se saia bem em seus desafios na nova empresa, mesmo que só esteja onde está por conta de uma mentira meio difícil de engolir.

Outro ponto positivo da primeira parte do filme é o relacionamento com Zoe, a personagem de Vanessa Hudgens. Por mais que a jovem vice-presidente da empresa tenha tido uma antipatia imediata por Maya – principalmente pelo fato dela questionar uma das principais linhas de cosméticos da casa -, e que as duas estejam disputando entre si a formulação de um novo produto, é agradável assistir à afinidade surgir aos poucos entre ambas. Seguindo o viés inicial do filme, soa como a quebra do velho clichê de que mulheres precisam ser sempre rivais nas histórias, isso sem falar no fato das duas serem bem-sucedidas e de personalidade forte, sem a necessidade de um homem caminhando junto para reafirmar suas respectivas qualidades. Para quem só guardou na memória o jeito doce e sensível de Hudgens na pele de Gabriella do musical High School Musical, é até uma boa surpresa ver a atriz em um papel que, no início, chega a ter toques de vilã.

No entanto, do meio para a frente, um plot twist inesperado muda totalmente a trajetória da história e torna um enredo que tinha tudo para ser moderno em uma espécie de novelão mexicano – ainda que sem as doses de drama características desse gênero por se tratar de uma comédia. Todas as escolhas feitas pela protagonista até então passam a ter outra motivação, e a lição principal do longa – a da experiência como algo mais importante que as qualificações de um diploma – fica em segundo plano para dar espaço a esse novo foco. Até mesmo o título, Uma Nova Chance, ganha um novo significado ao considerar o rumo que o roteiro decide seguir – e é aí que o filme perde pontos por não entregar o que parecia prometer inicialmente.

Mas, apesar desse detalhe que esfria o clímax de uma história que tinha tudo para crescer, vale ressaltar que a trama ainda continua agradável de ser assistida devido ao entrosamento do elenco – com destaque para as amigas de Maya, especialmente a melhor amiga Joan,  vivida por Leah Remini – e a boa trilha sonora pop encaixada nos momentos certos para gerar emoção (um truque clichê, mas que até funciona aqui). Porém, ao fim dos 103 minutos, é difícil não pensar em tudo o que o filme poderia ter sido – dentro do entretenimento que propõe, é claro, e se aceitarmos alguns absurdos difíceis de engolir na vida real (como o currículo falso, por exemplo) – se decidisse seguir seus momentos iniciais e não lembrasse tanto o desenrolar de uma novela mexicana de gosto duvidoso. No fim, com os rumos que toma, fica apenas como um longa esquecível que não decidiu muito bem qual a mensagem principal que gostaria de passar. Pena que, aqui, JLo não tem uma segunda chance…

 

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Dirigido por Peter Segal, de Como se Fosse a Primeira Vez (2004), e com roteiro de Justin Zackham e da estreante Elainge Goldsmith-Thomas, o filme conta a história de Maya – uma vendedora de loja que dá a vida pelo trabalho e não tem o reconhecimento merecido pela falta de escolaridade esperada para cargos altos, por mais que na prática mostre jogo de cintura para dar conta do recado. Assim, ao perder o emprego dos seus sonhos para um novo contratado com diploma melhor, ela faz um pedido no dia do seu aniversário de 43 anos: viver em um mundo onde sua experiência pudesse ser mais valiosa que um simples currículo.

Seu desejo parece finalmente ter se realizado quando uma das marcas com as quais a loja trabalha a convida para uma entrevista de emprego; no entanto, ao chegar lá, Maya descobre que só foi convocada porque alguém – seu afilhado, como fica sabendo logo depois -, criou o currículo dos sonhos com o seu nome, com direito à formação em Harvard e até foto com o ex-presidente Obama nas redes sociais. Desse modo, mesmo sabendo que tudo não passa de uma mentira, a protagonista resolve aceitar o desafio porque acredita que sua prática na área tem muito mais valor que anos de teoria em um banco de universidade – questionamento importante em uma época em que todo mundo se pergunta o que é necessário para o verdadeiro sucesso profissional.

Com essa premissa e um relacionamento amoroso sendo deixado em segundo plano, Uma Nova Chance conquista em seus minutos iniciais por nos mostrar uma protagonista que representa muito bem a figura da mulher moderna: alguém que muitas vezes prefere focar no emprego que na construção de uma família tradicional ao lado de um homem – por mais que ele pareça ser o cara dos sonhos (aqui na forma de Milo Ventimiglia, que não por acaso representa o mesmo personagem romântico e dedicado que vive na série This is Us). Ainda que não tenha um currículo perfeito por não ter tido oportunidade de estudar quando era mais jovem, Maya é focada em seu trabalho e busca seu crescimento pessoal através dele – tanto como a vendedora da loja quanto no momento em que começa a ser uma ~executiva por acidente~. Jennifer Lopez, mostrando que ainda mantém a boa forma de suas antigas comédias românticas, inclusive merece elogios ao transitar muito bem entre o jeito humilde e autoconfiante de sua personagem – o que faz com que o público automaticamente torça para que ela se saia bem em seus desafios na nova empresa, mesmo que só esteja onde está por conta de uma mentira meio difícil de engolir.

Outro ponto positivo da primeira parte do filme é o relacionamento com Zoe, a personagem de Vanessa Hudgens. Por mais que a jovem vice-presidente da empresa tenha tido uma antipatia imediata por Maya – principalmente pelo fato dela questionar uma das principais linhas de cosméticos da casa -, e que as duas estejam disputando entre si a formulação de um novo produto, é agradável assistir à afinidade surgir aos poucos entre ambas. Seguindo o viés inicial do filme, soa como a quebra do velho clichê de que mulheres precisam ser sempre rivais nas histórias, isso sem falar no fato das duas serem bem-sucedidas e de personalidade forte, sem a necessidade de um homem caminhando junto para reafirmar suas respectivas qualidades. Para quem só guardou na memória o jeito doce e sensível de Hudgens na pele de Gabriella do musical High School Musical, é até uma boa surpresa ver a atriz em um papel que, no início, chega a ter toques de vilã.

No entanto, do meio para a frente, um plot twist inesperado muda totalmente a trajetória da história e torna um enredo que tinha tudo para ser moderno em uma espécie de novelão mexicano – ainda que sem as doses de drama características desse gênero por se tratar de uma comédia. Todas as escolhas feitas pela protagonista até então passam a ter outra motivação, e a lição principal do longa – a da experiência como algo mais importante que as qualificações de um diploma – fica em segundo plano para dar espaço a esse novo foco. Até mesmo o título, Uma Nova Chance, ganha um novo significado ao considerar o rumo que o roteiro decide seguir – e é aí que o filme perde pontos por não entregar o que parecia prometer inicialmente.

Mas, apesar desse detalhe que esfria o clímax de uma história que tinha tudo para crescer, vale ressaltar que a trama ainda continua agradável de ser assistida devido ao entrosamento do elenco – com destaque para as amigas de Maya, especialmente a melhor amiga Joan,  vivida por Leah Remini – e a boa trilha sonora pop encaixada nos momentos certos para gerar emoção (um truque clichê, mas que até funciona aqui). Porém, ao fim dos 103 minutos, é difícil não pensar em tudo o que o filme poderia ter sido – dentro do entretenimento que propõe, é claro, e se aceitarmos alguns absurdos difíceis de engolir na vida real (como o currículo falso, por exemplo) – se decidisse seguir seus momentos iniciais e não lembrasse tanto o desenrolar de uma novela mexicana de gosto duvidoso. No fim, com os rumos que toma, fica apenas como um longa esquecível que não decidiu muito bem qual a mensagem principal que gostaria de passar. Pena que, aqui, JLo não tem uma segunda chance…

 

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