quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Verão de 84 – Thriller adolescente é mais sério e impactante do que imaginamos

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Meus Vizinhos São um Terror

Atualmente, toda e qualquer produção de terror/suspense protagonizada por um grupo de crianças/adolescentes será imediatamente comparada ao fenômeno Stranger Things. Se centrar a trama na década de 1980 então. Nada mais justo, já que a produção da Netflix se tornou referência no subgênero, apresentado-o a toda uma geração. Vale apenas salientar que o próprio seriado surgiu como homenagem a tais obras cinematográficas pertencentes ao estilo e tem como base as fortes influências que sofreu delas.

Assim, a temática não surgiu nem se deve ao programa, e sempre continuará existindo e nos fazendo voltar no tempo para uma época muito especial. Bem, principalmente para quem a viveu – ou pessoas com Neymar feelings (de ter saudade do que não viveu). É justamente nesta categoria que se encaixa Verão de 84, thriller teen que estreou no Festival de Sundance no ano passado, e nos EUA em agosto do mesmo ano – sem fazer muito barulho. Agora, a Cinecolor Films traz a obra para nossos cinemas neste fim de semana.



À primeira vista, Verão de 84 é um filme básico, que perpassa por uma trama muito conhecida do público e se agarra a artifícios (como a década em que se passa) para ganhar algum respaldo nostálgico do espectador. Sem nomes conhecidos na frente ou atrás das câmeras, o longa se vê diante de uma venda difícil para o consumidor. Porém, mais uma vez demonstrando que nunca devemos julgar um livro (ou filme) pela capa (ou premissa), a obra exibe um resultado que paira acima dos demais produtos do gênero, demonstrando grande alma e diferencial.

Verão de 84 é melancólico, nostálgico, poético, belo e impactante; dono de um desfecho que te obrigará a pensar sobre ele dias após o fim da sessão. De fato, embora se molde na fórmula Goonies (1985) e Conta Comigo (1986), exibida em todas as prévias, o filme tem mais a ver com outro programa da Netflix, Mindhunter – que estreou há pouco tempo sua segunda temporada. Aqui também temos como atração principal a caça a um serial killer; e o tema é tratado de forma muito sóbria, fazendo uso do tipo de dramaticidade presente em filmes que buscam prêmios. O que é uma grande surpresa.

Escrito por Matt Leslie (Straight Outta Compton) e Stephen J. Smith, o filme se divide em dois âmbitos. O primeiro retrata de forma precisa o “crescer” nos subúrbios americanos de uma pequena cidade, onde um grupo de quatro amigos entrando na adolescência passa seus dias andando de bicicleta, espionando a bela vizinha mais velha trocar de roupa e em geral fazendo tudo que quem cresceu nesta época vivenciou. Não, nada de passar o dia com a cara enfiada num smartphone, embora tivéssemos as galerias de arcades e os primeiros vídeo games de poucos bits.

No segundo, é onde a história verdadeiramente se desenrola, com um serial killer solto nas imediações (desta e de cidades vizinhas), sequestrando e matando jovens iguais aos protagonistas. O fato traz excitação aos amigos (já que nada parece acontecer no local que traga alguma emoção), viciados em cultura pop, em especial a Davey (Graham Verchere), filho de um jornalista e que fica sabendo em primeira mão todas as novidades sobre o tal caso. Logo, a turminha fica desconfiada de que seu vizinho, o policial Wayne (Rich Sommer), possa ser o assassino. Aí o longa acrescenta elementos de clássicos 80s como A Hora do Espanto (1985) e Meus Vizinhos São um Terror (1989).

É muito difícil, mas Verão de 84 consegue se sair (muito) bem em suas duas frentes. Cria um cenário crível para esta história de amadurecimento, nunca deixando a ambientação sobressair à trama ou aos personagens, mas a fazendo agregar bastante ao valor de produção. Os personagens ganham tratamento especial, o que enfatiza mais seu relacionamento e sua amizade, retratando com perfeição como adolescentes se comportam e interagem. Cada um dos meninos possui sua própria subtrama, como o rechonchudo Woody (Caleb Emery) e seu relacionamento com a mãe, ou a menina dos sonhos do quarteto, Nikki (a belíssima Tiera Skovbye), cujos pais estão em processo de divórcio. Velhas temáticas que remetem ao tipo de cinema que Spielberg criou para cimentar obras de entretenimento.

Fora isso, faz o suspense funcionar, respeitando o espectador com escolhas sensatas sobre como tratar o tema. O filme apresenta um ambiente crível, onde o medo espreita, e nunca descamba somente para o tipo de cinema que o público adolescente, o alvo, quer ver. Verão de 84 – e os méritos devem ir para trio de diretores François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell – dá profundidade e respaldo inclusive para seus momentos mais insanos, nos lembrando a todo momento de seu nível de compromisso e seriedade.

Assim, mesmo quando se propõe a meter medo – e o faz constantemente – evocando luz e sombras de clássicos como Halloween (1978), e isso é um baita elogio, Verão de 84 não perde sua sofisticação, apostando muito mais no clima gélido de suas entrelinhas, e na construção de uma atmosfera para experimentarmos junto com os personagens, como somente os melhores contadores de histórias são capazes de realizar. Como exemplo recente de sensação de pertencimento, Verão de 84 está a par com Corrente do Mal (2014).

Esteja pronto para voltar aos anos 1980, sentir a nostalgia latente e, principalmente, sair do cinema olhando por cima do ombro quando o mal jurar nunca te abandonar.

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Assim, a temática não surgiu nem se deve ao programa, e sempre continuará existindo e nos fazendo voltar no tempo para uma época muito especial. Bem, principalmente para quem a viveu – ou pessoas com Neymar feelings (de ter saudade do que não viveu). É justamente nesta categoria que se encaixa Verão de 84, thriller teen que estreou no Festival de Sundance no ano passado, e nos EUA em agosto do mesmo ano – sem fazer muito barulho. Agora, a Cinecolor Films traz a obra para nossos cinemas neste fim de semana.

À primeira vista, Verão de 84 é um filme básico, que perpassa por uma trama muito conhecida do público e se agarra a artifícios (como a década em que se passa) para ganhar algum respaldo nostálgico do espectador. Sem nomes conhecidos na frente ou atrás das câmeras, o longa se vê diante de uma venda difícil para o consumidor. Porém, mais uma vez demonstrando que nunca devemos julgar um livro (ou filme) pela capa (ou premissa), a obra exibe um resultado que paira acima dos demais produtos do gênero, demonstrando grande alma e diferencial.

Verão de 84 é melancólico, nostálgico, poético, belo e impactante; dono de um desfecho que te obrigará a pensar sobre ele dias após o fim da sessão. De fato, embora se molde na fórmula Goonies (1985) e Conta Comigo (1986), exibida em todas as prévias, o filme tem mais a ver com outro programa da Netflix, Mindhunter – que estreou há pouco tempo sua segunda temporada. Aqui também temos como atração principal a caça a um serial killer; e o tema é tratado de forma muito sóbria, fazendo uso do tipo de dramaticidade presente em filmes que buscam prêmios. O que é uma grande surpresa.

Escrito por Matt Leslie (Straight Outta Compton) e Stephen J. Smith, o filme se divide em dois âmbitos. O primeiro retrata de forma precisa o “crescer” nos subúrbios americanos de uma pequena cidade, onde um grupo de quatro amigos entrando na adolescência passa seus dias andando de bicicleta, espionando a bela vizinha mais velha trocar de roupa e em geral fazendo tudo que quem cresceu nesta época vivenciou. Não, nada de passar o dia com a cara enfiada num smartphone, embora tivéssemos as galerias de arcades e os primeiros vídeo games de poucos bits.

No segundo, é onde a história verdadeiramente se desenrola, com um serial killer solto nas imediações (desta e de cidades vizinhas), sequestrando e matando jovens iguais aos protagonistas. O fato traz excitação aos amigos (já que nada parece acontecer no local que traga alguma emoção), viciados em cultura pop, em especial a Davey (Graham Verchere), filho de um jornalista e que fica sabendo em primeira mão todas as novidades sobre o tal caso. Logo, a turminha fica desconfiada de que seu vizinho, o policial Wayne (Rich Sommer), possa ser o assassino. Aí o longa acrescenta elementos de clássicos 80s como A Hora do Espanto (1985) e Meus Vizinhos São um Terror (1989).

É muito difícil, mas Verão de 84 consegue se sair (muito) bem em suas duas frentes. Cria um cenário crível para esta história de amadurecimento, nunca deixando a ambientação sobressair à trama ou aos personagens, mas a fazendo agregar bastante ao valor de produção. Os personagens ganham tratamento especial, o que enfatiza mais seu relacionamento e sua amizade, retratando com perfeição como adolescentes se comportam e interagem. Cada um dos meninos possui sua própria subtrama, como o rechonchudo Woody (Caleb Emery) e seu relacionamento com a mãe, ou a menina dos sonhos do quarteto, Nikki (a belíssima Tiera Skovbye), cujos pais estão em processo de divórcio. Velhas temáticas que remetem ao tipo de cinema que Spielberg criou para cimentar obras de entretenimento.

Fora isso, faz o suspense funcionar, respeitando o espectador com escolhas sensatas sobre como tratar o tema. O filme apresenta um ambiente crível, onde o medo espreita, e nunca descamba somente para o tipo de cinema que o público adolescente, o alvo, quer ver. Verão de 84 – e os méritos devem ir para trio de diretores François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell – dá profundidade e respaldo inclusive para seus momentos mais insanos, nos lembrando a todo momento de seu nível de compromisso e seriedade.

Assim, mesmo quando se propõe a meter medo – e o faz constantemente – evocando luz e sombras de clássicos como Halloween (1978), e isso é um baita elogio, Verão de 84 não perde sua sofisticação, apostando muito mais no clima gélido de suas entrelinhas, e na construção de uma atmosfera para experimentarmos junto com os personagens, como somente os melhores contadores de histórias são capazes de realizar. Como exemplo recente de sensação de pertencimento, Verão de 84 está a par com Corrente do Mal (2014).

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