domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Veríssimo – Documentário Convida Espectador a Passar uns Dias com Renomado Escritor

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Temos uma sorte tremenda em vivermos no mesmo tempo que grandes artistas mundiais. Em todos os campos das artes – cinema, plástica, literatura, música – é só fechar os olhos e os exemplos de grandes nomes vêm à mente. Por mais fã que sejamos, a verdade é que só conhecemos a superficialidade de nossos ídolos, aquilo que é mostrado por eles. Mas, e se tivéssemos a oportunidade de passar um tempinho a mais com aquele artista que admiramos, como seria? Esta é a intrigante proposta do documentárioVeríssimo’, que estreia essa semana no circuito exibidor de todo o país após passar pelo Festival É Tudo Verdade esse ano.



Às vésperas de completar 80 anos, em 2016, o recluso e tímido escritor Luis Fernando Veríssimo aceitou um convite que talvez tenha sido um dos mais difíceis de sua longa carreira: topar participar de um documentário sobre si mesmo. E, tendo em vista a demora para a estreia do filme (hoje o escritor já está com 87 anos, e poderíamos fazer um novo documentário a respeito), dá para se ter uma dimensão da importância de um registro como este para a literatura brasileira e a arte de uma forma geral. É Veríssimo por Veríssimo.

Acompanhando os sete dias anteriores à aguardada data do aniversário, o diretor Angelo Defanti faz um convite ao espectador para que se junte ao biografado em seu sofá, abra uma cerveja e contemple o dia a dia de Veríssimo para além do (pouco) que se sabe dele midiaticamente. Filho do igualmente famoso escritor Érico Veríssimo, Luis Fernando ficou mais conhecido por suas hilárias crônicas urbanas, historietas pequenas que contemplavam eventos às vezes nem tão engraçados, mas que, pela escrita do gaúcho, se tornavam deliciosamente cômicas.

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Mas o que vemos em ‘Veríssimo’ é a crônica de um homem comum, com desejo de se aposentar mas que continua na ativa. Dessa forma, o diretor Angelo Defanti coloca a câmera dentro da casa do escritor, convidando o espectador a sentar-se com ele na sala enquanto assiste a uma partida de futebol, beber uma cervejinha enquanto joga conversa fora com amigos que recebe em casa, e, acima de tudo, passar as tardes fazendo fisioterapia e brincando com os netos na hora do almoço. Veríssimo tem a vida comum como a de qualquer idoso com 80 anos, não há nada de extraordinário no seu cotidiano – e, justamente por isso, o documentário se torna tão intimista.

Os momentos de humor ocorrem principalmente nas (muitas) entrevistas que o biografado dá para diversos jornais e veículos de comunicação, por vezes repetindo as mesmas respostas e muitas vezes se surpreendendo com o tipo de pergunta que fazem a ele. É rir pra não morrer de vergonha. Mas o documentário também mostra a fragilidade desse grande escritor, então com 80 anos, que já não consegue mais ficar fazendo longas sessões de autógrafo e, em vez disso, carimba os livros, e que sente certa dificuldade para se levantar dos assentos.

A seu modo, ‘Veríssimo’ é um documentário tímido e miudinho como o próprio biografado, que enxerga o cotidiano da vida privada com olhos bem-humorados e tem sacadas geniais em momentos inesperados. Já dá até para fazer um novo filme, aliás, para as vésperas do aniversário de 90 anos de Luis Fernando Veríssimo, daqui a três anos. Ainda bem, pois o Brasil é muito mais leve com suas crônicas.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Às vésperas de completar 80 anos, em 2016, o recluso e tímido escritor Luis Fernando Veríssimo aceitou um convite que talvez tenha sido um dos mais difíceis de sua longa carreira: topar participar de um documentário sobre si mesmo. E, tendo em vista a demora para a estreia do filme (hoje o escritor já está com 87 anos, e poderíamos fazer um novo documentário a respeito), dá para se ter uma dimensão da importância de um registro como este para a literatura brasileira e a arte de uma forma geral. É Veríssimo por Veríssimo.

Acompanhando os sete dias anteriores à aguardada data do aniversário, o diretor Angelo Defanti faz um convite ao espectador para que se junte ao biografado em seu sofá, abra uma cerveja e contemple o dia a dia de Veríssimo para além do (pouco) que se sabe dele midiaticamente. Filho do igualmente famoso escritor Érico Veríssimo, Luis Fernando ficou mais conhecido por suas hilárias crônicas urbanas, historietas pequenas que contemplavam eventos às vezes nem tão engraçados, mas que, pela escrita do gaúcho, se tornavam deliciosamente cômicas.

Mas o que vemos em ‘Veríssimo’ é a crônica de um homem comum, com desejo de se aposentar mas que continua na ativa. Dessa forma, o diretor Angelo Defanti coloca a câmera dentro da casa do escritor, convidando o espectador a sentar-se com ele na sala enquanto assiste a uma partida de futebol, beber uma cervejinha enquanto joga conversa fora com amigos que recebe em casa, e, acima de tudo, passar as tardes fazendo fisioterapia e brincando com os netos na hora do almoço. Veríssimo tem a vida comum como a de qualquer idoso com 80 anos, não há nada de extraordinário no seu cotidiano – e, justamente por isso, o documentário se torna tão intimista.

Os momentos de humor ocorrem principalmente nas (muitas) entrevistas que o biografado dá para diversos jornais e veículos de comunicação, por vezes repetindo as mesmas respostas e muitas vezes se surpreendendo com o tipo de pergunta que fazem a ele. É rir pra não morrer de vergonha. Mas o documentário também mostra a fragilidade desse grande escritor, então com 80 anos, que já não consegue mais ficar fazendo longas sessões de autógrafo e, em vez disso, carimba os livros, e que sente certa dificuldade para se levantar dos assentos.

A seu modo, ‘Veríssimo’ é um documentário tímido e miudinho como o próprio biografado, que enxerga o cotidiano da vida privada com olhos bem-humorados e tem sacadas geniais em momentos inesperados. Já dá até para fazer um novo filme, aliás, para as vésperas do aniversário de 90 anos de Luis Fernando Veríssimo, daqui a três anos. Ainda bem, pois o Brasil é muito mais leve com suas crônicas.

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