Desde que assumiu a produção dos filmes baseados em seus quadrinhos, a Marvel não decepcionou. Sem os direitos dos carros-chefes das HQs, ‘Homem-Aranha‘ e ‘X-Men‘, a Marvel Studios investiu pesado na adaptação para o cinema de seu grupo de super-heróis, começando pelas histórias individuais de cada um dos integrantes da equipe.
O estúdio se tornou responsável pela produção de ‘Homem de Ferro’, ‘O Incrível Hulk’, ‘Thor’ e ‘Capitão América – O Primeiro Vingador’, e em cada um das produções preparou terreno para um dos mais ambiciosos projetos: ‘Os Vingadores’.
Quando o filme foi lançado, o estúdio parecia ter chegado ao seu apogeu: ‘Os Vingadores‘ foi o melhor filme lançado pelo estúdio, misturando ação, comédia e drama na proporção ideal e trazendo personagens profundos e com personalidades delineadas.
Foi então que a Marvel conseguiu uma proeza sem igual: fez ‘Capitão América: O Soldado Invernal‘, um filme de super-herói sombrio com toques dos clássicos espionagem dos anos 70. O feito deixou ‘Os Vingadores‘ no chinelo e o estúdio conseguiu se superar, elevando o nível de suas produções para filmes mais sérios com roteiros extremamente inteligentes. A tarefa do estúdio se superar a cada filme está ficando cada vez mais impossível, mas ‘Vingadores: Era de Ultron‘ veio para provar que o estúdio ainda tem muito a nos mostrar.
Este é o melhor filme até aqui, graças ao diretor e roteirista Joss Whedon, que alcançou o sucesso com a elogiada série de TV ‘Buffy – A Caça Vampiros’ (1996-2003), onde uma jovem Sarah Michelle Gellar lutava contra vampiros e monstros, traçando uma metáfora com o difícil período da adolescência.
Quando Tony Stark tenta reiniciar um programa de manutenção da paz, as coisas não dão certo e os heróis mais poderosos da Terra, incluindo Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro, terão que passar no teste definitivo para salvar o planeta. Quando o misterioso Ultron aparece, a equipe precisa se reunir novamente para deter o terrível vilão tecnológico que quer a extinção da humanidade. No caminho, eles terão que enfrentar dois novatos misteriosos e poderosos, Wanda Maximoff e Pietro Maximoff, e também um velho amigo em uma nova forma, chamado Visão.
Com o mundo sob ameaça, os Vingadores precisam neutralizar seus terríveis planos com alianças complicadas e acontecimentos inesperados pavimentando o caminho para uma aventura épica em inédita escala global.
Com poucos – mas inteligentes – diálogos, Whedon consegue definir cada personagem e suas personalidades, de uma maneira que nenhum diretor de cinema é capaz de falar. Ao contrário do que ele havia afirmado quando começou as filmagens, a sequência é maior e mais complexa que o original.
Vários novos personagens são adicionados, o que geralmente é sinônimo de fracasso (vide ‘Homem-Aranha 3‘). Mas cada um dos personagens – novos e antigos – tem seu tempo ideal em tela para não ser supérfluo. Todos exercem uma função determinante para a história central. O atrativo principal – e diferencial deste para outros blockbusters – está na qualidade do roteiro. Apesar do grande número de astros em tela, cada um deles é trabalhado individualmente e decentemente, fazendo com que o público se identifique.
As adições no elenco ganham destaque excepcional: a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e o Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson) tem desempenho fundamental na trama, assim como o vilão Ultron (na voz de James Spader) e sua motivação. A maneira como o passado de cada um dos personagens é trabalhado é simplesmente brilhante.
Vários filmes tentam trabalhar a ideia dos perigos da Inteligência Artificial, mas poucos conseguem finalizar o conceito de maneira eficaz. O ser humano não deve brincar de Deus e criar uma máquina a sua semelhança, e Tony Stark descobre isso da pior maneira possível.
As cenas de ação são incessantes, e ‘Vingadores: Era de Ultron‘ consegue a proeza de ser superior que o primeiro filme em todos os níveis. A cada cena de ação, são adicionados diálogos hilários (o martelo de Thor e o linguajar do Capitão América são os melhores respiros cômicos), romance (Viúva Negra e Bruce Banner) e drama (o enredo dos irmãos Maximoff). Importante também é o destaque que ganha o Gavião Arqueiro, que no primeiro filme foi tratado como um coadjuvante e neste se torna um dos protagonistas.
Por fim, ‘Vingadores: Era de Ultron‘ não só é o melhor blockbuster dos últimos anos, como também um marco para a Marvel Studios e os fãs dos quadrinhos. É uma lição de como fazer um filme arrasa-quarteirões com toques de filme de arte.
Parabéns Joss Whedon, você se superou!