Depois do clima tenso do último episódio da temporada anterior, em que Macarena (Maggie Civantos) quase mata Zulema (Najwa Nimri), deixando-a em coma, a expectativa era alta para o que ia acontecer nessa nova thuhnbbhh tudo hntemporada. Porém, o embate entre as duas não acontece, e isso gera bastante frustração.
A terceira temporada de ‘Vis a Vis’, na verdade, muda o rumo de tudo que foi construído até aqui e direciona a trama para um novo viés. Começa com a transferência de diversas detentas do presídio Cruz del Sur para o Cruz del Norte, dentre as quais Macarena, Cachinhos (Berta Vázquez), Saray (Alba Flores) e Sole (Maria Isabel Diaz). Já na transferência observamos uma diferença em Macarena: ela está de cara fechada, mais dura, e ali mesmo no ônibus aborda uma novata, Mercedes (Ruth Diaz), para que lhe faça o favor de esconder uma faca pra ela. Uma vez já na nova prisão, as detentas percebem que a autoridade do novo ambiente está nas mãos de um grupo de presidiárias chinesas, e que os carcereiros em Cruz del Norte são mais sombrios e corruptos.
Uma vez no novo cárcere, Macarena mede forças com as chinesas e acaba dentro da máquina de lavar, o que tira a protagonista da série até o final. Sério, ela só participa dos dois primeiros episódios, e isso é um fato um tanto quanto inédito em séries. Assim, o protagonismo passa para Zulema (que é mesmo uma personagem muito mais interessante, com seu passado sombrio), e Mercedes, que é a novata da vez. Toda a temporada centra-se, então, na triangulação dessas duas com a máfia chinesa.
Essa nova sequência de ‘Vis a Vis’ traz propostas diferentes para os espectadores, não só na alternância do protagonismo, mas também inserindo novos elementos, como uma detenta transgênero junto com as mulheres, uma senadora presa por desvio de dinheiro, o mundo da máfia chinesa (bastante presente em países como a Espanha), as artes marciais como forma de combate, e os policiais corruptos que não sofrem punição. Vale ressaltar que uma das coisas mais bacanas da série criada por Álex Pina (La Casa de Papel) e Daniel Écija é essa inserção de temáticas recorrentes do cotidiano espanhol, essa mescla de culturas imigrantes que já fazem parte da estrutura do país, como a árabe, a chinesa e a cigana.
Por outro lado, a estrutura conhecida pelos fãs permanece ali: uma morte central que vira o fio condutor dos investigadores; a equipe liderada por Castillo (Jesus Castejon), que parece nunca conseguir fazer o trabalho direito; os romances arrebatadores de Cachinhos; uma possibilidade de fuga cinematográfica; um golpe envolvendo muito dinheiro, que faz com que todas as detentas se mobilizem para ver quem consegue ficar com a bolada.
Esteticamente, também temos mudanças. Embora o amarelo do uniforme esteja lá, Macarena agora usa lápis escuro na parte de baixo dos olhos, o que endurece sem semblante, a exemplo de Zulema e Saray. De um modo geral, as detentas também emagreceram muito de uma temporada para outra e todas elas, sem exceção, embruteceram nessa nova etapa, o que demonstra que, por mais ficção que seja, o cárcere, a longo prazo, não redime nem reintegra o indivíduo, mas vai quebrando-o por dentro, de pouquinho em pouquinho, até que ele ou ela já não tenha mais nada a perder. E isso é triste.
Com menos capítulos (8, em comparação com as temporadas anteriores, que tinham 13) e menor duração (média de 45 minutos, em comparação com as outras, que tinham cerca de 1h15 de média), a sensação que se tem é que tudo se passa muito rápido e estamos vendo uma história derivada da série original, uma vez que tanta coisa mudou. Sem contar que o último episódio é de cair o queixo, e deixa o espectador confuso e ansioso para a 4ª e última temporada. Nenhuma dúvida é sanada e mais pontas soltas são lançadas na trama. Resta-nos aguardar e ver como os roteiristas vão resolver tantas tramas pendentes na série.