sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Vizinhos – Comédia da Netflix com Leandro Hassum e Mauricio Manfrini FALHA em fazer rir…

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A comédia é o gênero favorito do brasileiro. Razão pela qual vira e mexe as produtoras buscam criar ou recriar histórias que tenham caído no gosto do público com atores já especializados nesse tipo de filme. E uma coisa bacana sobre os atores de comédia é que vira e mexe eles se reúnem em uma mesma produção, um puxando o outro, pois há a necessidade de suprir a sede do público por boas risadas. Assim, o ator mais famoso estrela e chama novos talentos (e alguns já renomados) para participar e juntar os públicos, como podemos ver em ‘ Vizinhos’, nova comédia nacional exatamente nessa pegada que estreou esse final de semana na Netflix.



Walter (Leandro Hassum) é um pai de família ranzinza, que detesta barulho. Certo dia ele tem uma síncope e descobre no hospital que seu ouvido está literalmente por um fio, e que o próximo grande barulho pode ser fatal. Diante do risco de morte, ele e a esposa, Joana (Júlia Rabello), decidem vender tudo e comprar uma casa nas montanhas, em busca de paz e sossego. O que eles não esperavam era que em vez da tranquilidade que almejavam fossem se deparar com um vizinho como Toninho (Maurício Manfrini), um sujeito boa praça que adora dar festas, faz ensaio de escola de samba em casa e cujos filhos ensaiam bateria e tuba no jardim. Assim, está iniciada a guerra para saber o que prevalecerá na vizinhança: o barulho ou o silêncio.

Com uma hora e quarenta de duração, a comédiaVizinhos’ pouquíssimas vezes faz rir. Mesmo com uma trinca principal com nomes consagrados e um elenco de apoio nos trinques – que inclui Marlei Cevada, Lucas Leto (o Marcelo de ‘Pantanal’) e a participação de Hélio de la Peña – o riso não flui. Os personagens parecem oriundos de um enlatado de estereótipos criados por alguém semelhante ao protagonista, que reclama de todo mundo que discorde de suas próprias regras. E, se o riso não flui, é porque boa parte do que deveria fazer rir recai sob responsabilidade do protagonista, que é um personagem chato, mau humorado e que, ainda que esteja à beira da morte, sua postura ao longo do filme é tão insuportável que o espectador não consegue se compadecer de sua situação e torcer por ele; ao contrário, tudo nele é agressivo, e até mesmo os outros personagens parecem abandoná-lo. Do mote principal, não há guerra entre vizinhos, a pinimba é unilateral, e já por aí o argumento se perde.

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Entretanto, ‘Vizinhos’ é um deslumbre nos aspectos artísticos. É uma bela produção bem-feita, com um cenário impecável, figurino bem bolado, muitas cores e luzes para tornar tudo bonito esteticamente na telinha, o que significa que o departamento de arte da produtora Camisa Listrada tem um time dedicado.

Algumas cenas esboçam o sorriso, como a recriação da icônica esquete do Porta dos Fundos que viralizou Júlia Rabello na internet, na qual o marido pergunta a ela o que tem se sobremesa – embora o original tenha sido mais engraçado. Mais uma vez, Maurício Manfrini mostra que domina a linguagem do povão e constrói um Zeca Pagodinho adoravelmente irritante com seu jeitão. Mas, ainda que bem produzido e apesar da dedicação individual, o todo do filme não tem graça.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Walter (Leandro Hassum) é um pai de família ranzinza, que detesta barulho. Certo dia ele tem uma síncope e descobre no hospital que seu ouvido está literalmente por um fio, e que o próximo grande barulho pode ser fatal. Diante do risco de morte, ele e a esposa, Joana (Júlia Rabello), decidem vender tudo e comprar uma casa nas montanhas, em busca de paz e sossego. O que eles não esperavam era que em vez da tranquilidade que almejavam fossem se deparar com um vizinho como Toninho (Maurício Manfrini), um sujeito boa praça que adora dar festas, faz ensaio de escola de samba em casa e cujos filhos ensaiam bateria e tuba no jardim. Assim, está iniciada a guerra para saber o que prevalecerá na vizinhança: o barulho ou o silêncio.

Com uma hora e quarenta de duração, a comédiaVizinhos’ pouquíssimas vezes faz rir. Mesmo com uma trinca principal com nomes consagrados e um elenco de apoio nos trinques – que inclui Marlei Cevada, Lucas Leto (o Marcelo de ‘Pantanal’) e a participação de Hélio de la Peña – o riso não flui. Os personagens parecem oriundos de um enlatado de estereótipos criados por alguém semelhante ao protagonista, que reclama de todo mundo que discorde de suas próprias regras. E, se o riso não flui, é porque boa parte do que deveria fazer rir recai sob responsabilidade do protagonista, que é um personagem chato, mau humorado e que, ainda que esteja à beira da morte, sua postura ao longo do filme é tão insuportável que o espectador não consegue se compadecer de sua situação e torcer por ele; ao contrário, tudo nele é agressivo, e até mesmo os outros personagens parecem abandoná-lo. Do mote principal, não há guerra entre vizinhos, a pinimba é unilateral, e já por aí o argumento se perde.

Entretanto, ‘Vizinhos’ é um deslumbre nos aspectos artísticos. É uma bela produção bem-feita, com um cenário impecável, figurino bem bolado, muitas cores e luzes para tornar tudo bonito esteticamente na telinha, o que significa que o departamento de arte da produtora Camisa Listrada tem um time dedicado.

Algumas cenas esboçam o sorriso, como a recriação da icônica esquete do Porta dos Fundos que viralizou Júlia Rabello na internet, na qual o marido pergunta a ela o que tem se sobremesa – embora o original tenha sido mais engraçado. Mais uma vez, Maurício Manfrini mostra que domina a linguagem do povão e constrói um Zeca Pagodinho adoravelmente irritante com seu jeitão. Mas, ainda que bem produzido e apesar da dedicação individual, o todo do filme não tem graça.

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Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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