quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | ‘Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!’ traz família Sandler em comédia adolescente

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A grande estreia da Netflix na semana é mais uma parceria entre a empresa e o ator Adam Sandler. E essa combinação tem feito bem para ambas as partes. Apesar de algumas bizarrices, como O Halloween do Hubie (2020) e Mistério em Paris (2023), o saldo dessa relação é bastante positivo, com verdadeiras pérolas, como Arremessando Alto (2022), Joias Brutas (2019) e agora Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!. Não que o filme seja um primor, mas ele trata de um tema muito comum, que é o amadurecimento dos jovens, só que pela perspectiva de uma adolescente em uma tradicional família judia.



E trazer uma trama dessas poderia terminar mal, já que mexer em temas de religião em filmes de comédia é tocar em um vespeiro complicadíssimo. Afinal, geralmente mexe com dogmas e tradições milenares que certamente vão incomodar os religiosos mais tradicionais. Só que isso não acontece aqui, principalmente porque Adam Sandler é judeu e faz questão de trazer aspectos de sua religião para suas obras, por mais “pastelonas” que sejam. E dessa vez ele teve um cuidado todo especial, como principal produtor, de trazer um filme respeitoso e divertido porque a grande protagonista do longa é ninguém menos que sua filha caçula, Sunny Sandler.

Além de Sunny, a filha mais velha, Sadie Sandler, também tem um papel de destaque. E o mais legal é que ambas interpretam as filhas do personagem do próprio Adam Sandler, que cá entre nós, está interpretando ele mesmo. E por que reclamar de algo que ele faz tão bem? Mas é legal vê-lo aceitar um papel bem menor (ele deve ter uns 20 minutos de tela, se muito) para “passar o bastão do protagonismo” para sua caçula, que não está estreando nos filmes, apesar deste ser seu primeiro papel de destaque.

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No filme, Sunny interpreta Stacy, uma menina de família judia que frequenta um colégio hebraico e está se autopressionando por conta do planejamento de seu Bat Mitzvá, o rito de passagem judaico, que celebra a transição das meninas para a fase adulta. No entanto, seu pai começa a questionar se a filha está realmente compreendendo a importância do rito ou se está mais preocupada em impressionar os outros com uma festa megalomaníaca. Junto a essa pressão, a jovem carrega os tradicionais problemas da adolescência, como o primeiro amor, querer se enturmar com as meninas populares e lidar com suas amizades de infância. Só que as coisas perdem completamente o rumo quando, na mesma semana, ela passa por um evento traumático envolvendo a menstruação e vê sua melhor amiga começar a namorar com seu crush. Assim, ela fica numa sinuca de bico, sem saber se quer se vingar ou perdoar a amiga para tudo voltar a ser como antes.

O longa poderia ser tranquilamente uma daquelas 20 produções que a Netflix lança anualmente sobre as dificuldades de ser uma adolescente com 15 anos, que no final acabam sendo mais do mesmo, mas o cenário judaico realmente traz um diferencial para Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!, que já em suas primeiras cenas mostra diferentes rituais de passagens de diversas culturas e religiões, mostrando que por mais estranhas que possam parecer, não cabe aos outros julgar. E é dessa premissa de se abrir para o diferente que a comédia cativa, porque ela não quer que o público julgue o rito judaico, ao mesmo tempo que faz os próprios seguidores desta religião questionarem se os valores atuais estão sendo passados corretamente para as novas gerações ou se deixaram o capitalismo vencer, transformando uma cerimônia tradicional em um evento em que quem gasta mais se sobressai. E o filme faz isso de forma completamente orgânica e divertida.

Dentro e fora do aspecto religioso, há momentos completamente constrangedores que fazem rir e refletir, misturados a algumas referências a Cultura Pop e situações clássicas de filmes adolescentes. E toda vez que a trama fica séria demais, Adam Sandler aparece para uma cena curtinha de humor que ajuda a equilibrar o tema. Porém, esse humor é bem mais sutil, nada tão pastelão quanto seus clássicos, já que ele está interpretando um pai comum. E ele está muito, muito bem.

Sunny carrega o filme com muita competência, parecendo já ter protagonizado outros filmes antes, mesmo sendo seu primeiro papel de destaque. O resto do elenco também está bem, mas nada de extraordinário, até porque são personagens bastante simples, que não exigem muito dos atores. Já o roteiro, que também é simples, tem esse mérito de não descambar para o humor ofensivo e fecha bem os arcos principais, construindo essa história divertida e constrangedora sobre o amadurecimento em meio a uma família tradicional.

A direção de Sammi Cohen é muito interessante, porque usa de músicas que estão nas Trends para embalar as cenas e traz um personagem não-oficial que está cada vez mais presente no cinema e na vida das pessoas, que é o TikTok. Ela trabalha bem esse uso da rede social dentre os jovens e usa uma estética bem similar aos vídeos mais produzidos que viralizam na rede. É interessante ver a influência do app no cinema e como ele é trabalhado na produção para dialogar com os adolescentes. Porém, ela se perde um pouco no ritmo do filme, que dá uma sensação dele ser maior do que realmente é. Sua duração é de aproximadamente 1h30, mas a extensão de certos temas quebra um pouco o ritmo da comédia e dá a sensação de se passar em 2h.

De qualquer forma, Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá! é um daqueles filmes de aquecer o coração que é bem executado e consegue divertir e até mesmo emocionar. É uma boa pedida para assistir de bobeira em um dia chuvoso descompromissado, com um baldão de pipoca e uns bombons.

Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá! está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A grande estreia da Netflix na semana é mais uma parceria entre a empresa e o ator Adam Sandler. E essa combinação tem feito bem para ambas as partes. Apesar de algumas bizarrices, como O Halloween do Hubie (2020) e Mistério em Paris (2023), o saldo dessa relação é bastante positivo, com verdadeiras pérolas, como Arremessando Alto (2022), Joias Brutas (2019) e agora Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!. Não que o filme seja um primor, mas ele trata de um tema muito comum, que é o amadurecimento dos jovens, só que pela perspectiva de uma adolescente em uma tradicional família judia.

E trazer uma trama dessas poderia terminar mal, já que mexer em temas de religião em filmes de comédia é tocar em um vespeiro complicadíssimo. Afinal, geralmente mexe com dogmas e tradições milenares que certamente vão incomodar os religiosos mais tradicionais. Só que isso não acontece aqui, principalmente porque Adam Sandler é judeu e faz questão de trazer aspectos de sua religião para suas obras, por mais “pastelonas” que sejam. E dessa vez ele teve um cuidado todo especial, como principal produtor, de trazer um filme respeitoso e divertido porque a grande protagonista do longa é ninguém menos que sua filha caçula, Sunny Sandler.

Além de Sunny, a filha mais velha, Sadie Sandler, também tem um papel de destaque. E o mais legal é que ambas interpretam as filhas do personagem do próprio Adam Sandler, que cá entre nós, está interpretando ele mesmo. E por que reclamar de algo que ele faz tão bem? Mas é legal vê-lo aceitar um papel bem menor (ele deve ter uns 20 minutos de tela, se muito) para “passar o bastão do protagonismo” para sua caçula, que não está estreando nos filmes, apesar deste ser seu primeiro papel de destaque.

No filme, Sunny interpreta Stacy, uma menina de família judia que frequenta um colégio hebraico e está se autopressionando por conta do planejamento de seu Bat Mitzvá, o rito de passagem judaico, que celebra a transição das meninas para a fase adulta. No entanto, seu pai começa a questionar se a filha está realmente compreendendo a importância do rito ou se está mais preocupada em impressionar os outros com uma festa megalomaníaca. Junto a essa pressão, a jovem carrega os tradicionais problemas da adolescência, como o primeiro amor, querer se enturmar com as meninas populares e lidar com suas amizades de infância. Só que as coisas perdem completamente o rumo quando, na mesma semana, ela passa por um evento traumático envolvendo a menstruação e vê sua melhor amiga começar a namorar com seu crush. Assim, ela fica numa sinuca de bico, sem saber se quer se vingar ou perdoar a amiga para tudo voltar a ser como antes.

O longa poderia ser tranquilamente uma daquelas 20 produções que a Netflix lança anualmente sobre as dificuldades de ser uma adolescente com 15 anos, que no final acabam sendo mais do mesmo, mas o cenário judaico realmente traz um diferencial para Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá!, que já em suas primeiras cenas mostra diferentes rituais de passagens de diversas culturas e religiões, mostrando que por mais estranhas que possam parecer, não cabe aos outros julgar. E é dessa premissa de se abrir para o diferente que a comédia cativa, porque ela não quer que o público julgue o rito judaico, ao mesmo tempo que faz os próprios seguidores desta religião questionarem se os valores atuais estão sendo passados corretamente para as novas gerações ou se deixaram o capitalismo vencer, transformando uma cerimônia tradicional em um evento em que quem gasta mais se sobressai. E o filme faz isso de forma completamente orgânica e divertida.

Dentro e fora do aspecto religioso, há momentos completamente constrangedores que fazem rir e refletir, misturados a algumas referências a Cultura Pop e situações clássicas de filmes adolescentes. E toda vez que a trama fica séria demais, Adam Sandler aparece para uma cena curtinha de humor que ajuda a equilibrar o tema. Porém, esse humor é bem mais sutil, nada tão pastelão quanto seus clássicos, já que ele está interpretando um pai comum. E ele está muito, muito bem.

Sunny carrega o filme com muita competência, parecendo já ter protagonizado outros filmes antes, mesmo sendo seu primeiro papel de destaque. O resto do elenco também está bem, mas nada de extraordinário, até porque são personagens bastante simples, que não exigem muito dos atores. Já o roteiro, que também é simples, tem esse mérito de não descambar para o humor ofensivo e fecha bem os arcos principais, construindo essa história divertida e constrangedora sobre o amadurecimento em meio a uma família tradicional.

A direção de Sammi Cohen é muito interessante, porque usa de músicas que estão nas Trends para embalar as cenas e traz um personagem não-oficial que está cada vez mais presente no cinema e na vida das pessoas, que é o TikTok. Ela trabalha bem esse uso da rede social dentre os jovens e usa uma estética bem similar aos vídeos mais produzidos que viralizam na rede. É interessante ver a influência do app no cinema e como ele é trabalhado na produção para dialogar com os adolescentes. Porém, ela se perde um pouco no ritmo do filme, que dá uma sensação dele ser maior do que realmente é. Sua duração é de aproximadamente 1h30, mas a extensão de certos temas quebra um pouco o ritmo da comédia e dá a sensação de se passar em 2h.

De qualquer forma, Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá! é um daqueles filmes de aquecer o coração que é bem executado e consegue divertir e até mesmo emocionar. É uma boa pedida para assistir de bobeira em um dia chuvoso descompromissado, com um baldão de pipoca e uns bombons.

Você Não Tá Convidada pro Meu Bat Mitzvá! está disponível na Netflix.

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