segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Crítica | When You Finish Saving The World: Jesse Eisenberg debate as militâncias e uma família disfuncional em sua excelente estreia na direção

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Filme assistido durante o Festival de Sundance 2022

Entre conflitos de geração e uma disfuncional dinâmica familiar, uma profunda camada de existencialismo paira e governa sobre os nossos personagens, aqui mãe e filho, que buscam significado em suas vidas. Como extremos de dois tempos distintos – analógico e digital -, mas ainda sim sendo a mesma face de uma mesma moeda, Finn Wolfhard e Julianne Moore são um fragmento da contemporaneidade na nova comédia dramática de Jesse Eisenberg – e produzida por Emma Stone, When You Finish Saving The World. Saindo do foco das lentes, o ator indicado ao Oscar por A Rede Social (e amado por Zumbilândia) estreia na direção e no roteiro, em mais uma preciosidade nascida sob o selo da produtora indie A24.



Sob uma paleta ultra beige com poucas variações de tons terrosos, When You Finish Saving The World é um conto familiar que transcende seu subgênero, apresentando uma generosa camada extra de profundidade em seu roteiro. Aqui, a frágil comunicação dentro do ambiente doméstico se desmembra diante dos nossos olhos como uma extensão dos tumultuados tempos de crise social que temos enfrentado no mundo. Em meio a novos conceitos impostos por uma ávida militância e a constante sensação de incapacidade diante de impossibilidade de cumprir todas essas métricas, o roteiro de Eisenberg é uma aflição particular que mostra uma mãe e um filho tentando conquistar a aprovação do mundo e falhando miseravelmente neste processo.

Enquanto Evelyn (Moore) é uma mãe ausente, uma esposa displicente – mas uma ágil (porém inflexível) dona de um abrigo para mulheres sobreviventes de abuso doméstico, Ziggy (Wolfhard) é um talentoso adolescente, uma pseudo celebridade do equivalente ao TIK TOK, que ganha o seu dinheiro com músicas ruins e vazias, mas que agradam um público acostumado com vídeos rápidos e conteúdos rasos. Prosperando em suas zonas de conforto, mas fracassando nos contextos onde seus posicionamentos talvez seriam mais importantes, ambos são incapazes de se relacionarem. E enquanto um busca a validação materna nos militantes colegas de escola, a outra tenta preencher o sentimento de ninho vazio com o sensível e prestativo filho de uma recém-chegada hóspede do seu abrigo.

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Projetando suas inseguranças naqueles que o rodeiam, ambos os personagens são aqui a face de uma insegurança social insurgida em meio às vozes da militância. Apresentando uma sátira corajosa e honesta sobre o cenário de inconstância de identidade em que vivemos, a comédia dramática é uma combinação apurada entre conflitos emocionais e um humor leve e inteligente. Com performances poderosas de Wolfhard e Moore, o longa faz uma reflexão necessária e envolvente sobre os dilemas que têm regido a sociedade contemporânea, à medida que explora com profundidade o distanciamento familiar entre duas figuras que – ainda que convivam no mesmo ambiente – parecem estar a quilômetros de distância um do outro.

Em meio a uma insuportável cultura de cancelamento e à falta de referenciais que sejam concretos e genuinamente sólidos, Evelyn e Ziggy são aqui um reflexo de quem muitas vezes somos em nossas pequenas e particulares realidades: Exigentes demais com os outros, impositivos demais com os nossos princípios, mas ironicamente sempre em busca de algum nível de aprovação e validação, sem sequer entender exatamente o que isso de fato significa. E de forma serena e sem pressão, Eisenberg externaliza um sentimento comum e genuíno, que se comunica com todos nós em pelo menos alguma instância. Divertido e simbólico, When You Finish Saving The World ainda é um singelo e coerente pedido do mais novo cineasta, em meio a tantos discursos, rotas de colisão e incoerências que nos confundem: Será que poderíamos ser mais compreensíveis uns com os outros?

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Sob uma paleta ultra beige com poucas variações de tons terrosos, When You Finish Saving The World é um conto familiar que transcende seu subgênero, apresentando uma generosa camada extra de profundidade em seu roteiro. Aqui, a frágil comunicação dentro do ambiente doméstico se desmembra diante dos nossos olhos como uma extensão dos tumultuados tempos de crise social que temos enfrentado no mundo. Em meio a novos conceitos impostos por uma ávida militância e a constante sensação de incapacidade diante de impossibilidade de cumprir todas essas métricas, o roteiro de Eisenberg é uma aflição particular que mostra uma mãe e um filho tentando conquistar a aprovação do mundo e falhando miseravelmente neste processo.

Enquanto Evelyn (Moore) é uma mãe ausente, uma esposa displicente – mas uma ágil (porém inflexível) dona de um abrigo para mulheres sobreviventes de abuso doméstico, Ziggy (Wolfhard) é um talentoso adolescente, uma pseudo celebridade do equivalente ao TIK TOK, que ganha o seu dinheiro com músicas ruins e vazias, mas que agradam um público acostumado com vídeos rápidos e conteúdos rasos. Prosperando em suas zonas de conforto, mas fracassando nos contextos onde seus posicionamentos talvez seriam mais importantes, ambos são incapazes de se relacionarem. E enquanto um busca a validação materna nos militantes colegas de escola, a outra tenta preencher o sentimento de ninho vazio com o sensível e prestativo filho de uma recém-chegada hóspede do seu abrigo.

Projetando suas inseguranças naqueles que o rodeiam, ambos os personagens são aqui a face de uma insegurança social insurgida em meio às vozes da militância. Apresentando uma sátira corajosa e honesta sobre o cenário de inconstância de identidade em que vivemos, a comédia dramática é uma combinação apurada entre conflitos emocionais e um humor leve e inteligente. Com performances poderosas de Wolfhard e Moore, o longa faz uma reflexão necessária e envolvente sobre os dilemas que têm regido a sociedade contemporânea, à medida que explora com profundidade o distanciamento familiar entre duas figuras que – ainda que convivam no mesmo ambiente – parecem estar a quilômetros de distância um do outro.

Em meio a uma insuportável cultura de cancelamento e à falta de referenciais que sejam concretos e genuinamente sólidos, Evelyn e Ziggy são aqui um reflexo de quem muitas vezes somos em nossas pequenas e particulares realidades: Exigentes demais com os outros, impositivos demais com os nossos princípios, mas ironicamente sempre em busca de algum nível de aprovação e validação, sem sequer entender exatamente o que isso de fato significa. E de forma serena e sem pressão, Eisenberg externaliza um sentimento comum e genuíno, que se comunica com todos nós em pelo menos alguma instância. Divertido e simbólico, When You Finish Saving The World ainda é um singelo e coerente pedido do mais novo cineasta, em meio a tantos discursos, rotas de colisão e incoerências que nos confundem: Será que poderíamos ser mais compreensíveis uns com os outros?

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