quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | White Boy Rick – Matthew McConaughey e os Problemas da Gente Branca

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Existe uma expressão que circula na Internet que chama de ‘white people’s problems’ (problemas de gente branca) eventos que de fato não são problemáticos, mas, aos olhos dos privilegiados, se tornam uma questão de suma importância. É mais ou menos por aí a história de ‘White Boy Rick‘, que é baseada em fatos reais.

O filme começa com Rick Jr. (Richie Merritt) acompanhando o pai, Richard Wershe (Matthew McConaughey), numa feira de exibição de armas. Nos Estados Unidos, o porte de armas é livre há décadas, e há feiras – como a gente tem aqui, de frutas e legumes – para compra e venda de armas de fogo de todos os tipos, desde para a caça de animais até uma AK. É claro que, dependendo da arma, você precisa comprovar alguma coisa, mas a família Wershe não. Golpistas profissionais, Rick Jr. se interessa por uma determinada arma num balcão. O vendedor negocia, o garoto rebate, até que chega o pai e diz que a arma é falsa. O vendedor se ofende e diz que vai chamar os seguranças, ao que Richard o ameaça, dizendo que se fizer isso ele irá denunciá-lo por vender armas a um garoto de 14 anos. É assim que eles acabam conseguindo comprar três armas pelo preço de uma.



Richard Pai vive disso: ir em feiras de armas nas cidades do interior para comprar equipamento a preço de banana e depois revender tudo na Detroit dos anos 1980. Conseguir um emprego normal para quê, né? Richard Pai, abandonado pela esposa anos antes, acha que é assim que deve sustentar seus dois filhos. Ao chegarem em casa, Richard Pai tem um surto de bom pai, e insiste que quer levar sua filha, maior de idade, para tomar um sorvete. Acontece que Dawn (Bel Powley) é super viciada em cocaína e outras substâncias, e, naquele instante, decide deixar sua família disfuncional para ir morar com o namorado, que é traficante – afinal, o pai é um perdedor, exemplo de nada, e naquela casa maldita ela não pode fazer o que quer.

Por conta dos negócios escusos de Richard Pai, o FBI acaba batendo na sua porta, e pede informações sobre a venda ilegal de armas na cidade (é preciso ter licença para vender armas), mas Richard é malandrão, e se esquiva dos questionamentos. Neste momento, desce Rick Jr., e o FBI enxerga nele o elo fraco da família, através do qual eles podem conseguir o que querem.

 

Mais tarde, os agentes do FBI encurralam Rick Jr. na rua e o chantageiam: eles têm provas para colocar Richard Pai na cadeia, mas o consideram peixe pequeno; se o garoto os ajudar a pegar os traficantes locais, servindo como informante infiltrado na gangue dos Curry, eles vão deixar o pai dele em paz. O jovem, então, passa a fazer um jogo duplo: por um lado, passa algumas informações à polícia; por outro, começa a traficar e ganhar muito dinheiro com isso.  Único branco na gangue, ele passa a ser conhecido como White Boy Rick.

Como a tentação é muito grande, o jovem menino branco acaba ganhando gosto pelo submundo das drogas, afinal, ganha mais com o tráfico, do que o pai com a venda de armas. Aos poucos ele vai conhecendo todos os chefões do crime e se torna o principal provedor de sua família –  tudo isso antes dos de dezoito anos. Ostentação, ganancia, cobiça e um elevado nível de estupidez movem esse adolescente de classe média baixa da sua casa para uma sequência de escolhas erradas.

Baseada numa história real, White Boy Rick acabou preso eventualmente, e ficou 30 anos enclausurado “injustamente” na penitenciária de Michigan. Foi solto em abril de 2017.

O filme, de certa forma, tenta fazer com que o espectador se compadeça dos eventos que conduzem a história de vida de Rick Jr, porém, essa empatia fica comprometida quando você entende que tudo o que aconteceu foi escolha das pessoas envolvidas. Sem conseguir o envolvimento do espectador, o filme de quase duas horas é um pouco entediante. Matthew McConaughey tenta repetir sua atuação de ‘Clube de Compras Dallas‘ (2013), mas seu personagem é tão vazio que o ator não consegue atingir o resultado. Destaque apenas para Bel Powley, que interpreta bem uma irmã mimada com dependência em drogas.

Com direção de Yann Demange, a trama gira em torno de Richard Wershe Jr., que nos anos 80, com apenas 14 anos, se tornou um chefão do tráfico de drogas local após alguns meses trabalhando como informante do FBI. O roteiro é de Steve Kloves, da franquiaHarry Potter, e Darren Aronofsky é um dos produtores.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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O filme começa com Rick Jr. (Richie Merritt) acompanhando o pai, Richard Wershe (Matthew McConaughey), numa feira de exibição de armas. Nos Estados Unidos, o porte de armas é livre há décadas, e há feiras – como a gente tem aqui, de frutas e legumes – para compra e venda de armas de fogo de todos os tipos, desde para a caça de animais até uma AK. É claro que, dependendo da arma, você precisa comprovar alguma coisa, mas a família Wershe não. Golpistas profissionais, Rick Jr. se interessa por uma determinada arma num balcão. O vendedor negocia, o garoto rebate, até que chega o pai e diz que a arma é falsa. O vendedor se ofende e diz que vai chamar os seguranças, ao que Richard o ameaça, dizendo que se fizer isso ele irá denunciá-lo por vender armas a um garoto de 14 anos. É assim que eles acabam conseguindo comprar três armas pelo preço de uma.

Richard Pai vive disso: ir em feiras de armas nas cidades do interior para comprar equipamento a preço de banana e depois revender tudo na Detroit dos anos 1980. Conseguir um emprego normal para quê, né? Richard Pai, abandonado pela esposa anos antes, acha que é assim que deve sustentar seus dois filhos. Ao chegarem em casa, Richard Pai tem um surto de bom pai, e insiste que quer levar sua filha, maior de idade, para tomar um sorvete. Acontece que Dawn (Bel Powley) é super viciada em cocaína e outras substâncias, e, naquele instante, decide deixar sua família disfuncional para ir morar com o namorado, que é traficante – afinal, o pai é um perdedor, exemplo de nada, e naquela casa maldita ela não pode fazer o que quer.

Por conta dos negócios escusos de Richard Pai, o FBI acaba batendo na sua porta, e pede informações sobre a venda ilegal de armas na cidade (é preciso ter licença para vender armas), mas Richard é malandrão, e se esquiva dos questionamentos. Neste momento, desce Rick Jr., e o FBI enxerga nele o elo fraco da família, através do qual eles podem conseguir o que querem.

 

Mais tarde, os agentes do FBI encurralam Rick Jr. na rua e o chantageiam: eles têm provas para colocar Richard Pai na cadeia, mas o consideram peixe pequeno; se o garoto os ajudar a pegar os traficantes locais, servindo como informante infiltrado na gangue dos Curry, eles vão deixar o pai dele em paz. O jovem, então, passa a fazer um jogo duplo: por um lado, passa algumas informações à polícia; por outro, começa a traficar e ganhar muito dinheiro com isso.  Único branco na gangue, ele passa a ser conhecido como White Boy Rick.

Como a tentação é muito grande, o jovem menino branco acaba ganhando gosto pelo submundo das drogas, afinal, ganha mais com o tráfico, do que o pai com a venda de armas. Aos poucos ele vai conhecendo todos os chefões do crime e se torna o principal provedor de sua família –  tudo isso antes dos de dezoito anos. Ostentação, ganancia, cobiça e um elevado nível de estupidez movem esse adolescente de classe média baixa da sua casa para uma sequência de escolhas erradas.

Baseada numa história real, White Boy Rick acabou preso eventualmente, e ficou 30 anos enclausurado “injustamente” na penitenciária de Michigan. Foi solto em abril de 2017.

O filme, de certa forma, tenta fazer com que o espectador se compadeça dos eventos que conduzem a história de vida de Rick Jr, porém, essa empatia fica comprometida quando você entende que tudo o que aconteceu foi escolha das pessoas envolvidas. Sem conseguir o envolvimento do espectador, o filme de quase duas horas é um pouco entediante. Matthew McConaughey tenta repetir sua atuação de ‘Clube de Compras Dallas‘ (2013), mas seu personagem é tão vazio que o ator não consegue atingir o resultado. Destaque apenas para Bel Powley, que interpreta bem uma irmã mimada com dependência em drogas.

Com direção de Yann Demange, a trama gira em torno de Richard Wershe Jr., que nos anos 80, com apenas 14 anos, se tornou um chefão do tráfico de drogas local após alguns meses trabalhando como informante do FBI. O roteiro é de Steve Kloves, da franquiaHarry Potter, e Darren Aronofsky é um dos produtores.

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