Estreou nesta quinta-feira a sequência de Detona Ralph. Contando com boa parte do elenco do primeiro filme, a continuação decide expandir seus horizontes e levar a dupla de protagonista à internet. O que poderia ser apenas mais uma aventura infantil comum, porém, usa a ambiguidade de seus personagens para ir além e entregar uma bela história sobre relacionamentos complicados e amizade.
Se a história do primeiro era sobre Ralph querer ser um herói, a trama deste aqui vai mais além. Com um caráter mais questionador, o filme chega a ter até um diálogo sobre o sentido da existência. Claro, tudo amenizado com as piadas características da Disney e pelo próprio carisma dos personagens.
O Fliperama segue funcionando à todo vapor, até que um acidente acontece e o volante do jogo Sugar Rush é quebrado. Por serem muito antigas, as peças de reposição do jogo são muito caras, então o dono do Fliper decide desativar a máquina. No mesmo dia, ele pluga um roteador de Wi-Fi na régua, trazendo a conexão à internet para lá. Motivados a salvar o jogo de Vanellope, a pequena e o Ralph decidem ir atrás do Volante no EBay e se envolvem em uma série de confusões.
É interessante e frustrante ver como a trama passa dois atos inteiros sem um vilão, apenas focado em contar uma história e desenvolver a amizade entre os dois protagonistas. Talvez o maior conflito seja mesmo a diferença de objetivos dos dois, mostrando como cada atitude egoísta, por mais que bem intencionadas, influencia na vida do outro. E funciona. A Disney estava fazendo algo realmente inovador, até que optaram por uma ameaça mais “clássica” para explicitar ainda mais a mensagem do filme e dar uma cara ao mal em questão. Nesse quesito, o primeiro filme é bem superior à sequência.
Ralph (John C. Reilly) retorna como o grandalhão de coração mole e Vanellope (Sarah Silverman) segue como a irritante, mas fofa, Princesa do Sugar Rush. Suas pretensões na vida e como isso afeta a amizade dos dois é a chave do roteiro, então há uma evolução muito grande nesse quesito. Já Conserta Félix Jr. (Jack McBrayer) e Sargento Calhoun (Jane Lynch) são jogados para escanteio, protagonizando duas ou três piadas em todo o filme. É meio decepcionante que personagens tão importantes no original não tenham desempenhado uma função maior aqui. Por outro lado, há a adição de Shank (Gal Gadot), a melhor piloto da Corrida do Caos, e sua gangue. Eles tem um visual bem anárquico e divertem com suas personalidades distintas.
Outro ponto de destaque é a interação de Ralph com a internet. Ele é todo grosseirão e não entende muito bem como aquele mundo funciona, mas em vez de cair no clichê do cara ranzinza que odeia a tecnologia, eles trabalham o personagem de forma aberta. Ou seja, ele está ali para aprender e fazer sucesso, visto que a salvação do mundo de Vanellope também depende dele. E isso cria cenas divertidíssimas! Mas nada superar o momento “Oh My Disney“. Eles souberam muito bem como trazer aos cinemas toda a sensação de estar em um evento da marca Disney. Se você já foi a um dos parques,ou até mesmo à Expo Disney, vai conseguir sentir no filme como se estivesse em um deles. A identidade visual do estúdio é muito forte e usar isso a seu favor foi um toque de mestre. Fora as interações entre franquias. Tem personagem e trilha sonora de basicamente todos os principais títulos da Disney no site. Star Wars, Marvel, Princesas… É maravilhoso e a “autozoação” vai deixar qualquer fã babando. Principalmente se você tiver uma boa “bagagem” dos filmes do estúdio. É referência e gag pra ninguém botar defeito.
Com um visual deslumbrante e situações identificáveis para todas as idades, WiFi Ralph: Quebrando a Internet surge como uma ótima surpresa nesse início de ano e vai encantar pais e filhos. Divertido, reflexivo e lotado de referências, o filme é um pacotão para quem busca uma aventura interessante! Ah, vale lembrar que tem DUAS cenas pós-créditos (a segunda é um clássico para a galera mais Oldschool da internet), então nada de sair antes do final da sessão!