sexta-feira, abril 26, 2024

Crítica | X-Men: Fênix Negra – Boa Intenção, Péssima Execução

Estreia nesta quinta-feira o capítulo final da Era X-Men na FOX. Adaptando de novo a Saga da Fênix Negra para os cinemas, Charles Xavier e sua turma retornam pela última vez para tentar mostrar ao mundo que os mutantes não são uma ameaça e podem, sim, conviver em sociedade com as pessoas “normais”. Com promessa de aventura pesada e muita tensão, será que a FOX conseguiu acertar desta vez?

Quando ‘X-Men: Primeira Classe‘ chegou aos cinemas, lá em 2011, criou-se uma expectativa muito grande em torno do que seria esse novo universo mutante criado pela FOX. Sem desconsiderar a trilogia antiga (2000 – 2006), a aventura comandada por Matthew Vaughn trouxe frescor à franquia e deixou muita gente animada, porque foi um filmaço.

Em 2014, Matthew deixou o time para o retorno de um velho conhecido: Bryan Singer. Ame ou odeie, Bryan foi o responsável por trazer os X-Men para os cinemas nos anos 2000 e ainda tinha moral com os executivos. E seu retorno ficou marcado por uma característica já muito conhecida do diretor, uma obsessão quase assustadora pelo Wolverine (Hugh Jackman). Com a nova aventura centrada no Carcaju, muito daquele “frescor” de Primeira Classe foi perdido e começou aquele sentimento de mais do mesmo.

Pois bem, ‘Dias de Um Futuro Esquecido‘ fez um bom dinheiro e conquistou algumas boas críticas, mesmo com a polêmica do “Wolverinecentrismo” e da total bagunça na cronologia oficial.

X-Men: Apocalipse‘, o terceiro capítulo da nova trilogia, chegou aos cinemas em 2016 e trouxe Bryan Singer na direção mais uma vez. Aí o trem desandou de vez. Com um roteiro confuso, personagens sub-utilizados e um vilão adaptado de forma ofensiva ao material original, o filme afundou nas críticas, mas não fez feio nas bilheterias. Só que um filme ruim pode mexer com as estruturas de um Universo Cinematográfico.

Com as expectativas lá embaixo, os fãs eram pura crítica a Bryan Singer, que decidiu abandonar a franquia para focar em outros projetos (Bohemian Rhapsody). Então, outro velho conhecido dos filmes dos mutantes foi chamado para dirigir e roteirizar o quarto capítulo da nova saga: Simon Kinberg.

Simon foi responsável por roteirizar alguns dos filmes de super-heróis mais controversos da FOX, como ‘X-Men: O Confronto Final‘, ‘Quarteto Fantástico‘ (2015) e ‘X-Men: Apocalipse‘. Tentando mudar a visão dos fãs sobre sua competência no universo mutante, Simon até tenta fazer um bom trabalho com ‘Fênix Negra‘, mas não consegue entregar um bom filme.

Não deixe de assistir:

Vejam bem, ‘Fênix Negra‘ é um filme que adapta uma das maiores e mais importantes – senão A Mais Importante – saga dos X-Men nos quadrinhos. E como adaptação, não dá para cobrar algo que não seja minimante grandioso ou impactante. Mas para funcionar bem e causar algum tipo de impacto emocional, o longa teria que contar com personagens desenvolvidos ao longo dos anos e que tenham um lugar cativo no coração dos fãs. Só que a personagem que dá nome ao filme foi introduzida nos 10 minutos finais de ‘Apocalipse‘.

Não tem como o espectador criar laços com ela ou com sua equipe, apesar de Sophie Turner se esforçar para entregar uma boa Jean Grey. E se a personagem título – que precisava ser muito querida e amada para que a gente se importasse com seu desenvolvimento ao longo da história, não tem tanto peso, como se importar com o círculo de mutantes ao seu redor? Quer dizer, trazer os X-Men adolescentes foi uma ótima ideia, mas eles precisavam já ter uma bagagem para que o entrosamento fizesse sentido. Ficou tudo muito jogado em tela.

E quando você tem o Ciclope, Jean Grey, Tempestade e Noturno em cena, fica difícil de aceitar a Mística como líder da equipe. Apesar de ser coerente com o desenvolvimento da personagem na nova franquia, ainda é meio amargo de engolir a Mística de Jennifer Lawrence como heroína.

Se você tem os mutantes mais icônicos dos quadrinhos à disposição, por que colocar uma vilã no comando de tudo? Sem contar que a dinâmica entre o Professor Xavier e o Magneto segue a mesma. Não parece haver uma evolução nos personagens, que agem exatamente igual a todos os outros filmes. A receita da participação do Magneto nessa nova saga é igual em todos os filmes: ele começa neutro, cria um conflito e mostra se lado de vilão para, no fim, perceber seu erro e ajudar os X-Men. Não é diferente em ‘Fênix Negra‘.

São personagens tão icônicos e profundos, que chega a ser feio serem tratados de forma tão rasa e superficial. O humor não é um artifício tão explorado, até porque as histórias dos X-Men pedem uma trama mais séria e densa. Não tem muito como fazer gracinha quando o mundo odeia sua existência, e nesse ponto Simon acerta parcialmente.

A história é séria, mas por não ser mais aprofundada, acaba sendo direcionada para um segundo ato bastante arrastado. Sem contar que os vilões não ajudam a criar um contraponto interessante. Nem mesmo a presença da incrível Jessica Chastain é capaz de trazer algo de interessante. E desperdiçar uma atriz do seu calibre em um papel genérico desses é um pecado enorme.

Grande parte desses defeitos é culpa do roteiro, que não se preocupa em aprofundar a história ou dar relevância aos personagens. As regravações também não ajudaram muito, principalmente no ato final, que passou de uma luta espacial para um confronto em um trem. Mas nem só de defeitos ‘Fênix Negra‘ é feito. O início do filme é espetacular! Apresenta os mutantes como adolescentes e cria algumas situações típicas da idade. Ele também tem algumas boas cenas, como o resgate do ônibus espacial, o confronto na faixa de pedestres, Jean usando seus poderes de Fênix e o Magneto em ação, que é sempre magnífico.

A direção é razoável, mas não consegue ir muito além do fraco roteiro. É um filme que você repara que foi bem produzido e tinha boas intenções, só que teve de enfrentar problemas no roteiro e a venda da FOX para a Disney no meio do caminho. Então, colocando na balança as intempéries dos bastidores, é quase um milagre que tenham conseguido finalizar o material.

Enfim, ‘X-Men: Fênix Negra‘ é um filme cansativo que tem a responsabilidade de encerrar uma franquia cheia de altos e baixos. Com jeitão de filme de domingo, o longa é bem intencionado, mas não passa disso. Uma produção de potencial desperdiçado, que não fossem os problemas de bastidores, talvez conseguisse um trabalho mais inovador ou marcante. Ainda assim, considero um filme melhor do que ‘X-Men: O Confronto Final‘ e ‘X-Men: Apocalipse‘.

 

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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