domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | xXx: Reativado

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Um filme de ação à moda antiga

Quando o ator Vin Diesel se tornou um astro de ação, no início da década passada, seu estilão nas telas foi muito comparado ao dos brucutus que reinaram nos anos 1980 e 1990, considerados em extinção quando Diesel ascendia. O ator não nega as raízes e as comparações vinham em forma de elogio para ele, que mantinha a tocha acesa para o subgênero.

Se no início da década passada este tipo de cinema soava sem força, hoje, com super-heróis aos montes, banhados a muito efeito de computação, manter a tocha acesa soa como remar contra a maré. Mais eis que surge Vin Diesel novamente, clamando por seu trono nas bilheterias, numa era onde ele talvez se veja extinto também. Além de ator e astro, Diesel adentra os novos tempos como empresário do ramo, com bastante controle criativo nas rédeas de lucrativas franquias. Se Velozes e Furiosos deu tão certo que chega este ano ao seu oitavo episódio, com quase $3 bilhões em caixa, contando apenas os três últimos filmes, é hora de tentar revitalizar outra marca pré-estabelecida.



xXx ou Triplo X, pegou carona no sucesso de Diesel, tentando capitalizar em cima da temática dos filmes de agentes secretos, muito em voga na época. O ano era 2002, James Bond tinha as formas de Pierce Brosnan (parecendo velho junto ao público) e ganhava um novo exemplar com Um Novo Dia para Morrer; Tom Cruise e seu Missão: Impossível saíam do bem sucedido segundo filme (2000) e as portas eram abertas para um novo espião, mais jovem e ágil, na pele de Matt Damon em A Identidade Bourne. Triplo X era ainda mais moderno e arrojado, indo na contramão da classe do agente da Rainha, por exemplo, e apelando mais para a geração vídeo game Thug Life.

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Xander Cage (Diesel) é um esportista radical, que realiza os atos mais audaciosos imagináveis, sempre indo contra as autoridades e as regras, a fim de quebrar recordes e fazer valer a máxima da atitude ‘stick it to the man’. Seria um rebelde elevado à décima potência. Justamente por isso, uma agência do serviço secreto americano, personificado por Augustus Gibbons (Samuel L. Jackson), achou que Cage seria o homem ideal para ser seu mais novo espião!? Bom, em 2002 já percebíamos que xXx não era o tipo de filme para ser levado a sério, no qual a diversão só é de fato encontrada se você embarcar na insanidade de tudo, desacreditando conceitos físicos e dando espaço para toda quebra de realidade – é o chamado salto de fé, aqui mais para ‘um triplo mortal de costas no ar de fé’.

Uma malfadada continuação em 2005 depois – estrelada por Ice Cube (numa época em que Diesel achava que sua carreira não ficaria presa aos estereótipos por ele criados) – e Xander Cage está de volta, quinze anos depois de sua primeira incursão nos cinemas, sim o tempo passa. Dado como morto, Cage passa seu tempo arriscando o pescoço na República Dominicana, descendo ribanceiras de florestas com esquis (sim, você leu certo) e ruas bastante íngremes com seu “skate envenenado”, para que o vilarejo onde vive possa ter acesso ao jogo de futebol. Tudo isso em 10 minutos de filme, 10 minutos em que jogamos pela janela qualquer sinal de bom senso, lógica e inteligência se quisermos ter uma experiência minimamente aceitável aqui.

Depois de um breve encontro com Neymar, Gibbons sai de cena. Em seu lugar, a nova manda-chuva da agência é a loira gelada Jane Marke (papel da indicada ao Oscar, Toni Collette). Cabe a ela recrutar novamente Cage para uma segunda missão suicida. O objetivo agora é recuperar um item (o MacGuffin da vez), que tira satélites de órbita e pode invadir os computadores de qualquer agência de segurança do mundo, roubado por um time de especialistas, comandados por Xiang (Donnie Yen, o cego de Rogue One). Serena (papel da indiana Deepika Padukone, estreando no cinema americano), Talon (Tony Jaa, de Velozes e Furiosos 7) e Hawk (Michael Bisping, lutador de MMA na vida real) completam o time de antagonistas.

Como não gosta de andar na linha, Cage exige sua própria equipe para desbaratinar os planos dos malfeitores, e então entram em cena Adele Wolff (papel da estonteante Ruby Rose, da série Orange is the New Black), Nicks (o chinês Kris Wu, também debutando em Hollywood) e Tennyson (Rory McCann, o ‘cão’ da série Game of Thrones). O interessante aqui é que todos estes personagens secundários ganham espaço para destaque dentro da trama, entre uma cena e ação e outra, o que é mais do que se pode dizer de tantos filmes que abarrotam seus personagens na tela. Inclusive, há espaço para participações bem especiais, que não valem a pena ser mencionadas para não estragar a surpresa. A estrela da TV Nina Dobrev (Diários de um Vampiro) também empresta seu carisma para a versão de Q deste universo, a agente high tech Becky.

xXx: Reativado soa como um filme cujo roteiro já vem sendo requentado desde quando tais obras estavam no auge. Não trabalha com originalidade, mas sim com criatividade, carisma e graça. Já vimos essa história antes, mas não custa ver de novo se quem está contando vende a coisa com vontade. É exatamente o que Vin Diesel (que também produz o longa), o roteirista F. Scott Frazier (graças a Deus um roteiro com apenas um autor assinando) e o diretor D.J. Caruso (Paranoia e Controle Absoluto) fazem aqui, vendem seu peixe com frescor e tempero de novidade, mesmo que a mercadoria tenha sobrado na mesa por alguns dias.  O terceiro Triplo X é um filme de ação à moda antiga, exala testosterona, exalta ânimos e nervos com muita pancadaria (afinal, de que outra forma se resolve uma disputa), e arruma tempo para enaltecer a figura de Vin Diesel como o galã que toda mulher quer levar para a cama (o sujeito tem menos cabelos que Bond, mas muito mais lábia). Os trogloditas estão com os dias contados, mas enquanto não desaparecem, procuram se divertir.

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Quando o ator Vin Diesel se tornou um astro de ação, no início da década passada, seu estilão nas telas foi muito comparado ao dos brucutus que reinaram nos anos 1980 e 1990, considerados em extinção quando Diesel ascendia. O ator não nega as raízes e as comparações vinham em forma de elogio para ele, que mantinha a tocha acesa para o subgênero.

Se no início da década passada este tipo de cinema soava sem força, hoje, com super-heróis aos montes, banhados a muito efeito de computação, manter a tocha acesa soa como remar contra a maré. Mais eis que surge Vin Diesel novamente, clamando por seu trono nas bilheterias, numa era onde ele talvez se veja extinto também. Além de ator e astro, Diesel adentra os novos tempos como empresário do ramo, com bastante controle criativo nas rédeas de lucrativas franquias. Se Velozes e Furiosos deu tão certo que chega este ano ao seu oitavo episódio, com quase $3 bilhões em caixa, contando apenas os três últimos filmes, é hora de tentar revitalizar outra marca pré-estabelecida.

xXx ou Triplo X, pegou carona no sucesso de Diesel, tentando capitalizar em cima da temática dos filmes de agentes secretos, muito em voga na época. O ano era 2002, James Bond tinha as formas de Pierce Brosnan (parecendo velho junto ao público) e ganhava um novo exemplar com Um Novo Dia para Morrer; Tom Cruise e seu Missão: Impossível saíam do bem sucedido segundo filme (2000) e as portas eram abertas para um novo espião, mais jovem e ágil, na pele de Matt Damon em A Identidade Bourne. Triplo X era ainda mais moderno e arrojado, indo na contramão da classe do agente da Rainha, por exemplo, e apelando mais para a geração vídeo game Thug Life.

Xander Cage (Diesel) é um esportista radical, que realiza os atos mais audaciosos imagináveis, sempre indo contra as autoridades e as regras, a fim de quebrar recordes e fazer valer a máxima da atitude ‘stick it to the man’. Seria um rebelde elevado à décima potência. Justamente por isso, uma agência do serviço secreto americano, personificado por Augustus Gibbons (Samuel L. Jackson), achou que Cage seria o homem ideal para ser seu mais novo espião!? Bom, em 2002 já percebíamos que xXx não era o tipo de filme para ser levado a sério, no qual a diversão só é de fato encontrada se você embarcar na insanidade de tudo, desacreditando conceitos físicos e dando espaço para toda quebra de realidade – é o chamado salto de fé, aqui mais para ‘um triplo mortal de costas no ar de fé’.

Uma malfadada continuação em 2005 depois – estrelada por Ice Cube (numa época em que Diesel achava que sua carreira não ficaria presa aos estereótipos por ele criados) – e Xander Cage está de volta, quinze anos depois de sua primeira incursão nos cinemas, sim o tempo passa. Dado como morto, Cage passa seu tempo arriscando o pescoço na República Dominicana, descendo ribanceiras de florestas com esquis (sim, você leu certo) e ruas bastante íngremes com seu “skate envenenado”, para que o vilarejo onde vive possa ter acesso ao jogo de futebol. Tudo isso em 10 minutos de filme, 10 minutos em que jogamos pela janela qualquer sinal de bom senso, lógica e inteligência se quisermos ter uma experiência minimamente aceitável aqui.

Depois de um breve encontro com Neymar, Gibbons sai de cena. Em seu lugar, a nova manda-chuva da agência é a loira gelada Jane Marke (papel da indicada ao Oscar, Toni Collette). Cabe a ela recrutar novamente Cage para uma segunda missão suicida. O objetivo agora é recuperar um item (o MacGuffin da vez), que tira satélites de órbita e pode invadir os computadores de qualquer agência de segurança do mundo, roubado por um time de especialistas, comandados por Xiang (Donnie Yen, o cego de Rogue One). Serena (papel da indiana Deepika Padukone, estreando no cinema americano), Talon (Tony Jaa, de Velozes e Furiosos 7) e Hawk (Michael Bisping, lutador de MMA na vida real) completam o time de antagonistas.

Como não gosta de andar na linha, Cage exige sua própria equipe para desbaratinar os planos dos malfeitores, e então entram em cena Adele Wolff (papel da estonteante Ruby Rose, da série Orange is the New Black), Nicks (o chinês Kris Wu, também debutando em Hollywood) e Tennyson (Rory McCann, o ‘cão’ da série Game of Thrones). O interessante aqui é que todos estes personagens secundários ganham espaço para destaque dentro da trama, entre uma cena e ação e outra, o que é mais do que se pode dizer de tantos filmes que abarrotam seus personagens na tela. Inclusive, há espaço para participações bem especiais, que não valem a pena ser mencionadas para não estragar a surpresa. A estrela da TV Nina Dobrev (Diários de um Vampiro) também empresta seu carisma para a versão de Q deste universo, a agente high tech Becky.

xXx: Reativado soa como um filme cujo roteiro já vem sendo requentado desde quando tais obras estavam no auge. Não trabalha com originalidade, mas sim com criatividade, carisma e graça. Já vimos essa história antes, mas não custa ver de novo se quem está contando vende a coisa com vontade. É exatamente o que Vin Diesel (que também produz o longa), o roteirista F. Scott Frazier (graças a Deus um roteiro com apenas um autor assinando) e o diretor D.J. Caruso (Paranoia e Controle Absoluto) fazem aqui, vendem seu peixe com frescor e tempero de novidade, mesmo que a mercadoria tenha sobrado na mesa por alguns dias.  O terceiro Triplo X é um filme de ação à moda antiga, exala testosterona, exalta ânimos e nervos com muita pancadaria (afinal, de que outra forma se resolve uma disputa), e arruma tempo para enaltecer a figura de Vin Diesel como o galã que toda mulher quer levar para a cama (o sujeito tem menos cabelos que Bond, mas muito mais lábia). Os trogloditas estão com os dias contados, mas enquanto não desaparecem, procuram se divertir.

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