‘A Queda da Casa de Usher’ é o mais novo sucesso de terror da Netflix em parceria com o diretor Mike Flanagan. A minissérie vem arrancando inúmeros elogios, seja dos críticos, dos quais recebeu avaliação de 89% no Rotten Tomatoes, ou do grande público – gozando de uma nota 8.1 no IMDB. O diretor Mike Flanagan já coleciona cinco produções televisivas junto à Netflix, mas a parceria do streaming com o cineasta começou não em séries e sim com dois filmes: ‘Hush – A Morte Ouve’ (2016) e ‘Jogo Perigoso’ (2017).
Apesar desta parceria bem frutífera, como geralmente acontece em nosso mundo capitalista e competitivo, Mike Flanagan recebeu uma proposta, digamos, mais atraente em um ponto de vista financeiro de uma concorrente da Netflix, a Amazon Prime Video, e resolveu trocar de time. Mal podemos esperar para ver o que diretor irá aprontar em novas terras, mas por enquanto podemos degustar o menu variado que o cineasta criou para a Netflix. Como dito, em um total de cinco programas, datando de 2018 até o mais recente, lançado no dia 12 de outubro deste ano, Flanagan pôde adaptar grandes clássicos da literatura de terror em versões modernas, com um toque bastante especial, personagens muito bem desenvolvidos, sem esquecer os inúmeros momentos assustadores.
De fato, podemos costurar esses programas, que contam quase sempre com o mesmo elenco – a panelinha de confiança do diretor. Em homenagem ao seu mais recente e, ao que tudo indica, último trabalho ao lado da Netflix (pelo menos por enquanto), resolvemos criar uma lista com as cinco séries do diretor na plataforma ranqueadas da pior à melhor. Confira abaixo e não esqueça de deixar a sua ordem nos comentários.
05) O Clube da Meia-Noite (2022)
Uma das mais recentes investidas de Mike Flanagan na Netflix, ‘O Clube da Meia-Noite’ é considerada seu esforço, digamos, menos satisfatório. Tanto que foi cancelada logo na primeira temporada, exibindo apenas 10 episódios. Ao contrário de todas as demais que veremos abaixo na lista, ‘O Clube da Meia-Noite’ foi a única que não era uma minissérie, e sim era planejada como uma série para ter mais temporadas. Em especial por se tratar da adaptação de uma série de livros juvenis de terror, do autor Christopher Pike, lançados em 1994. Isso faz da série também a adaptação de uma obra mais recente. A trama acompanha um grupo de jovens pacientes em um hospital, todos doentes terminais. No local, eles se encontram todas as noites, escondidos, para contar histórias de terror; e assim vamos conhecendo um pouco mais um a um deles.
04) A Maldição da Mansão Bly (2020)
Esse foi o segundo seriado de Mike Flanagan na Netflix. Muitos consideram ‘A Maldição da Mansão Bly’ uma continuação espiritual de ‘A Maldição da Residência Hill’, seu primeiro sucesso de forma seriada. Muitos dos atores são repetidos aqui – e em especial Victoria Pedretti, a jovem atriz que havia dado um show com seu desempenho na primeira e que todos queriam ver novamente. É seguro dizer, porém, que a atriz não marcou tanto assim no novo programa, e a série igualmente não gerou tanto falatório quanto a antecessora.
A aposta de Flanagan aqui foi pela adaptação de ‘A Volta do Parafuso’, livro gótico que Henry James escreveu ainda em 1898. Como sempre, o diretor injeta na narrativa um olhar moderno único sobre o clássico, que conta sobre um casal de pequenos irmãos órfãos em uma grande casa, meio abandonada, depois que seus pais morrem. Após a morte da primeira babá que cuidava da dupla, uma nova é contratada e chega ao local com a missão de cuidar das crianças. Porém, algo mais pode se encontrar por lá.
03) Missa da Meia-Noite (2021)
Essa aqui é uma preferida pessoal, e dá um aperto no coração colocá-la em terceira posição apenas – já que é uma forte concorrente ao primeiro lugar (se dependesse unicamente deste que vos fala). O que acontece é que aqui não nos baseamos em gosto pessoal, e sim em uma média tirada entre as avaliações dos críticos e do grande público. Sua posição em terceiro lugar não é um demérito, no entanto, e apenas atesta à qualidade dos dois primeiros itens que veremos abaixo. Aqui, nem uma obra clássica da literatura, e tampouco uma adaptação mais moderna de contos assustadores. Essa é a primeira série original de Mike Flanagan na Netflix, ou seja, uma história que não foi baseada em nenhum material prévio. Bem, em partes.
O que acontece é que embora ‘Missa da Meia-Noite’ não seja oficialmente uma adaptação, o que temos aqui é uma grande homenagem que não consegue esconder sua inspiração em uma obra literária de Stephen King: ‘Os Vampiros de Salem’. O livro de King que fala sobre vampiros já recebeu sua própria adaptação na década de 1970, sendo o segundo produto em audiovisual com o nome do escritor. Mas ao contrário de ‘Carrie’ e ‘O Iluminado’, ‘Os Vampiros de Salem’ viraria uma minissérie em dois episódios exibida na TV e não ganhou os cinemas. Uma versão moderna parece se encontrar no limbo e foi tirada da grade de lançamentos da Warner. Duvidamos que fosse tão boa quanto ‘Missa da Meia-Noite’ de qualquer forma. Na trama, um sujeito retorna à sua cidadezinha, somente para descobrir um plano nefasto no local, envolvendo a dominação da comunidade por meio de uma criatura das trevas.
02) A Queda da Casa de Usher (2023)
‘A Queda da Casa de Usher’ é o mais recente sucesso da Netflix, e marca a despedida do diretor Mike Flanagan como criador de produções de sucesso na plataforma. Como dito, foram cinco no total, com grande parte caindo no gosto do público, enaltecidas como alguns dos melhores programas do streaming quando o assunto é terror. Sentimos a entrega de Flanagan a cada novo projeto, seu envolvimento e sua paixão. O cineasta entrega linhas narrativas atraentes, e personagens interessantes para movimentar sua trama. E como podemos perceber, o cineasta se despede da parceria com o pé direito, pronto a nos entregar mais material de altíssima qualidade, agora na Amazon.
Aqui, Flanagan decide apostar em algumas das principais obras do autor Edgar Allan Poe, sumidade quando o assunto é livro clássico do terror gótico. O autor lançou muitos de seus contos na década de 1830 – e se tornou um dos autores mais adaptados ao cinema e audiovisual de todos os tempos. É claro que Mike Flanagan não deixaria de homenageá-lo. E o fez como uma espécie de ‘Succession’ macabro, onde irmãos em uma grande família donos de um império farmacêutico lutam para se tornar o sucessor de seu pai nos negócios. O novo trabalho do diretor, como de costume, possui muito drama, sem esquecer o clima assustador e para lá de sombrio.
01) A Maldição da Residência Hill (2018)
Subindo ao pódio em primeiríssimo lugar e levando a medalha de ouro, temos a primeira de todas. ‘A Maldição da Residência Hill’ foi a primeira série de Mike Flanagan na Netflix, e seu sucesso estrondoso serviu para abrir portas para todos os outros programas do realizador na plataforma. Aqui, o cineasta faz jus ao clássico ‘The Hauting of Hill House’, de Shirley Jackson; e à sua primeira adaptação no cinema ‘Desafio do Além’ (1963). Em 1999, Steve Spielberg produziu uma versão moderna do conto para os cinemas intitulada ‘A Casa Amaldiçoada’, que infelizmente confiou mais nos efeitos especiais da época e não em personagens cativantes ou em uma narrativa verdadeiramente assustadora. Assim, o resultado ficou bem abaixo do esperado.
Em todas as versões anteriores, um grupo de pessoas passa por um experimento organizado por um especialista em distúrbios do sono. Todos eles aceitam passar a noite em uma casa dita ser assombrada. Na versão de Flanagan na Netflix, os personagens se tornam membros da mesma família, atormentada por tragédias do passado, como uma espécie de maldição que volta a persegui-los. Quando foi lançado, o programa chamou atenção de todos os fãs de obras audiovisuais de qualidade, exibindo o detalhamento de sua confecção, como em cenas de planos-sequência sem cortes e momentos artesanais que apostavam em efeitos práticos realizados durante as filmagens. O tipo de trabalho defendido pelos grandes realizadores, como Christopher Nolan, por exemplo. Ou seja, logo de cara Mike Flanagan demonstrou que sua produção não era qualquer obra de terror, mas sim uma feita de forma precisa, e que entraria para os anais do gênero.