A sequência ‘Avatar: O Caminho da Água‘ continua trilhando sua jornada de sucesso nos cinemas e acaba de ultrapassar os US$ 1.52 bilhão arrecadados mundialmente. O filme superou a arrecadação total de ‘Top Gun: Maverick‘ (US$ 1.5B), ‘Frozen 2‘ (US$ 1.45B) e ‘Vingadores: Era de Ultron‘ (US$ 1.4B) e se tornou a 11ª maior bilheteria da história do cinema.
O longa de James Cameron também assumiu oficialmente o posto de maior bilheteria de 2022, que até então pertencia ao filme de Tom Cruise. A continuação de ‘Avatar‘ (2009) também conseguiu ultrapassar a barreira do US$ 1 bilhão no mercado internacional – que não considera os EUA e Canadá. Apenas dez filmes na história haviam realizado esse feito.
A sequência do fenômeno de 2009 na realidade significa muito mais. Significa uma nova conquista técnica e visual, que deixou o midas da sétima arte James Cameron trabalhando focado por nada menos que treze anos. O diretor revolucionário não cansa de entregar marcos do cinema, mas para isso se empenha durante anos até lançar uma nova produção, às vezes com janela de décadas entre elas. James Cameron é verdadeiramente um perfeccionista. Quando estreou Titanic no fim de 1997, todos tinham medo de que o longa se tornasse um dos maiores fiascos da história, mas o cineasta provou que os detratores estavam errados e entregou algo sem precedentes. Foram 12 anos até Cameron “quebrar” de novo o cinema – algo cada vez mais difícil. Mas ele está disposto a fazer de novo nestes 13 anos que separam o Avatar original de sua continuação. E a coisa não irá parar por aí, com Avatar 3, Avatar 4 e Avatar 5 já prometidos até 2028.
Apesar de ser um dos diretores mais badalados da atualidade, e de ter em seu currículo alguns dos filmes mais famosos da história da sétima arte, existem algumas produções que talvez nem todos saibam que tiveram a mão de James Cameron em alguma capacidade. E são justamente estas obras o foco desta nova matéria. Confira abaixo seis filmes que você não sabia que tiveram envolvimento do diretor de Avatar: O Caminho da Água.
Alita – Anjo de Combate (2019)
Por vezes os artistas precisam deixar a oportunidade de criar aquela obra dos sonhos passar. Isso é muito verdade quando falamos sobre cineastas. Um realizador com o renome de James Cameron possui uma agenda apertadíssima e muitos projetos que gostaria de tirar do papel. Concretizar tudo o que se sonha é uma tarefa impossível. Assim, é preciso colaborar com outros criadores a fim de ver aquela ideia antiga finalmente ganhar forma. Todos os diretores de cinema do mundo possuem aquela história do “filme que nunca realizaram”, embora fosse algo muito caro e pessoal. São as lendas da sétima arte. Em muitas ocasiões, tais produções chegam até perto de ser concluídas, mas por alguma razão terminaram antes mesmo de começar. É claro que James Cameron tem uma história assim, e uma delas se chama Alita. Baseada na Graphic novel japonesa Gunnm, a história sobre um futuro onde ciborgues (seres meio humanos, meio máquina) são uma realidade e uma jovem chamada Alita precisa descobrir quem verdadeiramente é, encantou o cineasta, que sonhava em adaptar para as telonas. Vendo que as continuações de Avatar iam tirar muitos anos de sua vida, Cameron escreveu o roteiro e produziu, mas deu o projeto para o colega Robert Rodriguez comandar na cadeira de direção.
Santuário (2011)
Esse filme se aproveitou do boom da nova era do 3D criado no pós-Avatar. De fato, após o filme das criaturas azuladas gigantes de James Cameron, uma verdadeira enxurrada de obras produzidas em 3D (ou convertidas) aportaram nos cinemas. Filmes como Fúria de Titãs, Alice no País das Maravilhas e Tron – O Legado, por exemplo, se beneficiaram muito dos ingressos mais caros graças aos óculos de terceira dimensão – seguindo a trilha do filme de Cameron. Assim, enquanto não assinava a direção de um longa só seu, o cineasta resolveu usufruir do filão que tinha revigorado e quis lançar seu próprio filme em 3D. Para isso, foi o produtor de Santuário, produção que veio e foi sem ser muito notada. Com lançamento num dos meses mais mortos para o cinema (fevereiro – onde geralmente toda a atenção está para os filmes do Oscar), nem mesmo a produção de um nome como o de James Cameron estampando seu poster e as peças de marketing foi o suficiente para fazer o filme deslanchar. Na trama, uma equipe de mergulho em cavernas subaquáticas (tema muito caro ao diretor) precisa lutar por sua vida quando decidem se aventurar numa das travessias mais perigosas jamais exploradas.
Estranhos Prazeres (1995)
E James Cameron ainda colaboraria mais uma vez com a ex-companheira Kathryn Bigelow, quatro anos após seu casamento ter acabado. Esse aqui era ainda um projeto mais pessoal, já que Cameron bolou a história, escreveu o roteiro e produziu para a ex dirigir. Uma pena que o filme não vingou da maneira devida, não fez o sucesso esperado, mas rapidamente atingiu status de cult. Ficção científica criada nos moldes que o diretor de Avatar e O Exterminador do Futuro gosta, Strange Days (no original) apresenta um futuro onde uma nova tecnologia virtual é realidade. O que o diretor propõe é um artefato capaz de transformar nossos olhos em câmeras ao ser colocada em nossas cabeças, com a finalidade de registrar tudo o que vemos e gravar nossas lembranças. Assim, não precisamos confiar apenas em nossas recordações de certos fatos, podemos assisti-los com tais gravações. “Isso é muito Black Mirror” antes mesmo de Black Mirror existir.
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019)
Desde que entregou seu filme derradeiro da franquia que criou, com O Exterminador do Futuro 2 (1991), James Cameron se despediu com chave de ouro desta história, que ele mesmo havia encerrado de maneira esplendorosa, sem a necessidade verdadeira de que ela continuasse. Mas diga isso para os engravatados ambiciosos de Hollywood, que preferem sempre apostar numa ideia já famosa e numa marca pré-estabelecida do que criar algo novo e pagar para ver. O curioso é que muitas destas investidas contínuas em um material querido do grande público podem acabar com gosto azedo, pela sensação de tirar até a última gota de um material saturado. É o caso com a franquia O Exterminador do Futuro, que realmente não vai bem das pernas desde que James Cameron encerrou sua participação como diretor. Acontece que para conseguir realizar o primeiro filme, James Cameron vendeu os direitos da franquia para a produtora Gale Anne Hurd – com quem casaria no ano seguinte – com a promessa de que dirigiria o filme. Desde então a franquia já esteve nas mãos de diferentes estúdios. Mas em 2019, Cameron finalmente retornaria ao universo que criou, bolando a história e produzindo o sexto Exterminador do Futuro.
Caçadores de Emoção (1991)
Esse foi o primeiro grande sucesso da carreira da diretora Kathryn Bigelow, que anos mais tarde se tornaria a primeira mulher a receber um Oscar na categoria de direção na história da sétima arte. E o elo entre Bigelow e James Cameron é antigo e muito forte. Acontece que os cineastas foram casados de 1989 a 1991. Antes disso, eram colegas e colaboraram em algumas produções. A primeira foi o longa solo de estreia de Bigelow, o terror western sobre vampiros Quando Chega a Escuridão (1987). É só reparar no elenco do filme, de nomes como Bill Paxton, Lance Henriksen e Jenette Goldstein, e perceber que foi “emprestado” de Aliens – O Resgate, assinado por Cameron. O casamento entre os dois terminou em 1991, mas eles seguiram amigos e continuaram a trabalhar juntos. Como neste item, por exemplo, sobre um jovem agente do FBI (Keanu Reeves) infiltrado numa turma de surfistas californianos adepta de esportes radicais (encabeçados por Patrick Swayze), que nas horas vagas se diverte assaltando bancos. O filme de ação repleto de adrenalina foi dirigido por Bigelow, mas teve o ex-maridão James Cameron produzindo.
Rambo II – A Missão (1985)
Pois é, querido leitor, embora quase ninguém saiba a criação do herói de ação Rambo teve envolvimento de James Cameron. O primeiro filme de 1982, Programado para Matar, é baseado num livro escrito como um libelo anti-guerra. O longa foi responsável por uma segunda onda de popularidade na carreira de Sylvester Stallone e fez muito sucesso há 40 anos. Assim, o estúdio logo se prontificou a tirar do papel uma continuação – desta vez um roteiro original e não baseada em qualquer material prévio. Nesta época também, James Cameron já era um nome de sucesso em Hollywood, tendo emplacado o primeiro O Exterminador do Futuro, e preparava Aliens – O Resgate (lançado no ano seguinte). Assim, os produtores e Stallone não tiveram dúvida e escalaram o diretor para escrever o roteiro da segunda aventura do ex-combatente, que voltava às selvas do Vietnã para resgatar prisioneiros americanos. Embora tenha se tornado um símbolo americano da era Reagan, Rambo também possui um discurso político antissistema, com o protagonista sendo traído pelo próprio país. James Cameron hoje afirma que escreveu apenas as cenas de ação (algumas das mais espetaculares dos anos 80) e que Stallone, também creditado como roteirista do filme, foi o responsável pelo discurso político da obra.
Bônus 1: Solaris (2002)
Aqui James Cameron também assumiu o cargo de produtor nessa reimaginação da Fox para o clássico da literatura de ficção científica. Como todos os cinéfilos sabem, a história já havia sido levado às telonas na forma de uma produção russa cult de 1972 e 3 horas de projeção, assinada pelo cultuado cineasta Andrei Tarkovsky. A versão americana com o nome de James Cameron como produtor foi escrita e dirigida por Steven Soderbergh, então saído da dupla indicação ao Oscar de direção – por Erin Brockovich e Traffic (seguida de vitória pela segunda) -, e estrelada por George Clooney. A história passada no futuro e no espaço, mostra um astronauta numa base fora da Terra, tendo alucinações muito reais com sua falecida esposa.
Bônus 2: Dark Angel (2000-2002)
A única incursão de James Cameron pela TV (então recém-saído do fenômeno de Titanic) resultou neste programa que já nasceu cult e hoje possui uma legião de fãs, mesmo na época não fazendo o sucesso devido, e durando apenas 2 temporadas. O seriado foi criado por Cameron, produzido, escrito e teve um episódio dirigido por ele. Fora isso, serviu para apresentar ao mundo o talento e a beleza da sumida Jessica Alba, em seu primeiro papel de destaque. A trama passada no futuro, apresenta um grupo de crianças que serve de “ratos de laboratório” em experiências genéticas em uma poderosa empresa. Todas elas conseguem fugir, e anos mais tarde encontramos uma delas nas formas de Max, a protagonista vivida por Alba, que se tornou um membro de uma rebelião contra o governo, e se esconde nos subterrâneos de um mundo à beira do colapso. Ela faz de sua missão encontrar outros iguais a ela.