‘Dezesseis Facadas’ é o mais recente sucesso de crítica da Amazon Prime Video. O terror adolescente do subgênero slasher recai também em outro subgênero que tem feito bastante a cabeça do público: os filmes “terrir”, ou seja, filmes de terror equilibrados com muito humor. Se feitos da maneira correta, tais gêneros conseguem coexistir, encontrando um equilíbrio perfeito de sustos e risadas, de medo e diversão. O golaço não é apenas da Amazon, já que a produção é da Blumhouse Television, e o estúdio do produtor Jason Blum tem apostado bastante não apenas no slasher e no terrir, mas também em uma nova vertente que talvez tenham criado: o “slasher cômico com uma pegada nostálgica de fantasia”.
É claro que outros filmes já haviam apostado nessa mistura bem saborosa de subgêneros, e inclusive nada disso seria possível se ‘Pânico’ (1996) não tivesse ressuscitado o estilo e injetado uma nova dose de adrenalina no terror adolescente. Não por acaso, ‘Dezesseis Facadas’ presta homenagem ao “pai” de todos, mencionado “Pânico” em sua trama. Mas para não estragar muito a surpresa desta nova matéria, digamos apenas que vocês encontrarão todos esses exemplares abaixo, com eles mais especificados para uma maior compreensão. Sendo assim, confira os filmes de terror slasher mais divertidos dos últimos anos.
Dezesseis Facadas (2023)
Começamos a matéria com o item que a motivou. ‘Dezesseis Facadas’, como dito, é o novo acerto da Blumhouse em parceria com a Amazon. Podemos dizer que ele faz parte de uma trilogia que tem tudo a ver com os anos 80 e 90, por adicionar elementos de fantasia em sua trama. Todos os três filmes desta “trilogia involuntária” também são estrelados por uma jovem atriz loirinha. Aqui quem vive a personagem principal é Kiernan Shipka, mais conhecida como a nova ‘Sabrina’, da Netflix.
A melhor forma de definir ‘Dezesseis Facadas’ é como uma mistura de ‘De Volta para o Futuro’ e ‘Pânico’. E por mais esdrúxula que essa combinação possa parecer, ela dá muito certo. No Halloween, um assassino mascarado retorna para fazer sua última vítima, após ter matado três adolescentes nos anos 80. Agora, a protagonista Jamie (Shipka) precisa usar a máquina do tempo criada por sua amiga para voltar à década de 1980 e impedir os assassinatos, no trajeto encontrando sua mãe, seu pai e diversos adultos da cidade ainda na fase adolescente.
Freaky – No Corpo de um Assassino (2020)
‘Freaky’ pode ser considerado o segundo “capítulo” desta trilogia talvez involuntária (embora achemos difícil) da Blumhouse. Aqui também temos um slasher adolescente com uma sacada. A diferença é que ‘Dezesseis Facadas’ é o único não dirigido por Christopher Landon. Aqui a loirinha protagonista é vivida por Kathryn Newton, a nova Cassie Lang de ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’. A “gimmick” aqui (o artifício usado pela trama como diferencial) é a troca de corpos – algo comum em comédias dos anos 80, como ‘Tal Pai, Tal Filho’, ‘Vice-Versa’ e ‘Um Pedido Especial’.
Muitos, no entanto, gostam de comparar a trama aqui com a de ‘Sexta-Feira Muito Louca’ (2003) e não estariam de todo errados. Acontece que o filme que completou 20 anos em 2023 é na verdade o remake de ‘Seu Eu Fosse Minha Mãe’ (1976), que precede as comédias 80’s. A sacada aqui é que um serial killer no estilo Jason troca de corpo com uma patricinha do colégio.
A Morte te dá Parabéns (2017)
‘A Morte te dá Parabéns’ foi o primeiro dos filmes slasher criativos da Blumhouse a adicionar em sua trama elementos de fantasia protagonizados por uma loirinha. Quem estrela aqui é Jessica Rothe e o filme tem assinatura do mesmo Christopher Landon. Enquanto ‘Dezesseis Facadas’ brinca com a viagem no tempo, e ‘Freaky’ traz a troca de corpos, a ideia de ‘A Morte te dá Parabéns’ é a repetição do tempo, com o mesmo dia se repetindo para a protagonista, o dia de seu aniversário, em que tenta escapar da fúria de um psicopata. Dentro deste subgênero, definitivamente o maior exemplar é a comédia ‘Feitiço do Tempo’, com Bill Murray, que completou 30 anos em 2023. ‘A Morte te dá Parabéns’ também foi o único (dos três) que ganhou uma continuação dois anos depois.
Rua do Medo (2021)
A trilogia da Blumhouse é muito criativa, mas ela não é a única a fazer sucesso neste subgênero. A Netflix, que não gosta de perder tempo, resolveu tirar de sua manga uma trilogia igualmente para sacudir as coisas para os fãs de terror em 2021. Assim, usou os contos de R.L. Stine, o mesmo de ‘Goosebumps’, para criar uma elogiada série moderna de filmes de terror. Na trama adolescentes se deparam com uma lenda local de sua cidade, que fala sobre uma bruxa. Essa história antiga bem propícia para o halloween começa a exibir ligação com uma série de assassinatos misteriosos.
Apesar de alguns personagens mais voltados para o humor, ‘Rua do Medo’ não pega leve, e aposta na intensidade de uma censura mais alta, o que pegou os fãs desprevenidos, mas agradou. Em três fins de semana, o público foi presenteado com uma parte da história, que começou nos anos 1990, seguiu pela década de 1970, e voltou ainda mais no tempo para a origem de tudo em 1666.
A Babá (2017)
Esse foi um projeto que durante certo tempo permaneceu misterioso. Tudo o que sabíamos era se tratar do novo filme do diretor McG, o mesmo responsável por ‘As Panteras’ e sua continuação, e ‘O Exterminador do Futuro 4’. O filme serviu para revelar o talento de Samara Weaving, que vive a babá do título, e seguiria para se tornar uma das rainhas do grito modernas, com filmes como ‘Casamento Sangrento’ (2019) e o mais recente ‘Pânico’ (2023), o sexto em Nova York. Em ‘A Babá’, ela vive a jovem Bee, que vai cuidar do pequeno Cole. O menino é apaixonado pela babá mais velha, porém, em uma noite quando ela recebe seus amigos na casa do menino, ele presencia um ritual satânico em que seria a próxima vítima. ‘A Babá’ também ganhou uma continuação dirigida pelo mesmo McG, e lançada em 2020, que mergulha ainda mais na temática sobrenatural.
Terror nos Bastidores (2015)
Um dos primeiros “terrir” modernos com temática de fantasia e sobrenatural desta nova fase, ‘Terror nos Bastidores’, ou ‘The Final Girls’, foi lançado há quase dez anos (o tempo voa!). O longa, apesar de muito criativo, sequer foi lançado nos cinemas brasileiros – chegando direto em vídeo por aqui após ter feito sucesso em festivais de cinema e especializados em terror e fantasia. No entanto, em pouco tempo o longa se tornaria cult. A trama, bem divertida, presta homenagem e também tira muito sarro de slashers de acampamento, em especial ‘Sexta-Feira 13’.
Esse é um daqueles filmes que possuem um “filme dentro do filme”. Taissa Farmiga, de ‘A Freira’ vive a jovem filha de uma atriz dos anos 80 que faleceu. Ela sente muita falta da mãe, mas como forma de terapia, decide ir à exibição de um clássico estrelado por ela nos cinemas, em seu aniversário de lançamento. No evento com os amigos, um acidente os joga dentro do filme, e agora todos estão vivendo a realidade do acampamento, e precisando lidar não apenas com os monitores, os personagens do filme, e o encontro entre mãe e filha do além vida, mas também com o psicopata mascarado, que é puro Jason escarrado.
Pânico (2022)
Sim, ‘Pânico’, de 1996, foi o precursor do slasher autoconsciente e dono de muito humor. Mas como você deve ter lido no título da matéria, o texto é focado em filmes recentes. Sendo assim, ao invés do ‘Pânico’ original, o selecionado para esta matéria é o filme homônimo da franquia, lançado em 2022 – que serve tanto como uma sequência (o quinto filme), quanto como uma espécie de reboot, adicionando novos personagens protagonistas, em especial a nova dupla principal, as irmãs Carpenter (vividas por Jenna Ortega e Melissa Barrera). ‘Pânico 5’ foi extremamente bem-sucedido e fez aquilo que os criadores originais, Wes Craven e Kevin Williamson, tentaram fazer com o quarto filme e não conseguiram: dar início a uma nova trilogia. ‘Pânico 6’ veio logo no ano seguinte, ou seja, esse ano, e o sétimo é prometido para 2024.