Com estreia no Brasil marcada para o dia 25 de janeiro de 2024, o drama Vidas Passadas está sendo exibido no Festival do Rio em sessões abertas ao público a partir desta semana que se inicia. Então, se você estiver pela Cidade Maravilhosa entre os dias 9 e 14 de outubro, vale a pena fazer um esforço para adequar seu horário e poder conferir este filmaço nas telonas antes da estreia oficial no país.
O longa é o primeiro da diretora sul-coreana Celine Song, que vem de uma bela carreira no teatro e conseguiu destaque internacional como roteirista da série A Roda do Tempo. E que maneira melhor de estrear nos cinemas do que ter seu filme produzido pela queridinha do momento, A24?
Vidas Passadas é um drama escrito e dirigido por Celine Song, que trata essa história de amor embalada pela cultura de sua terra natal e com uma maturidade muito rara nesse tipo de trama. Se Gian & Giovani arrancaram lágrimas de uma geração com os versos “Eu ia dizer que estava apaixonado. Recebi o convite do seu casamento”, Celine eleva essa sensação complexa de “E se…” à milésima potência ao contar os encontros e desencontros de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amiguinhos de infância que viveram o primeiro amor muito cedo e acabaram se separando por conta dos rumos que suas vidas levaram.
Doze anos após a separação, as redes sociais promovem um encontro inesperado. Nora agora vive em Nova York, vivendo o sonho de escrever romances, enquanto Hae Sung segue estudando na Coréia do Sul para se tornar bem sucedido e honrar seus pais. Eles começam um tipo de relacionamento à distância que logo começa a interferir nos objetivos de cada um deles. É aquela sensação amarga de quando duas pessoas se gostam, mas parece não ser o momento delas ainda. Então, eles terminam e ficam mais doze anos sem se falar.
O tempo passa e cada um segue com sua vida, mas com aquela sensação de que toda a vida poderia ter sido diferente por conta de uma escolha. Então, Nora se casa e Hae Sung… Bem, ele cresce. Diante das responsabilidades da vida adulta, ele marca suas férias para visitar o amor de sua vida em Nova York, 24 anos depois do evento que os separou. E nessa viagem, temos um pouco mais da ótica dele sobre toda a situação, e como essa relação dos dois é pura e simples.
Ao trabalhar essa questão das possibilidades e das variações que cada escolha pode causar, o filme se questiona o tempo inteiro, mexendo diretamente com o que é amor e o que é vida real. Dentre os personagens, surge o marido de Nora, Arthur (John Magaro), que assume um papel quase de narrar-observador, trazendo um pouco de bom humor em meio a esse caos de ser o “vilão” de uma história de amor, cujo único “crime” foi estar na hora certa e no lugar certo, tratando sua amada com respeito e amor. Mas o mais interessante é que mesmo sendo um grande ponto na trama, ele jamais ofusca os dois amantes distantes.
E conforme a história se desenrola, é impossível não se afetar com o realismo poético da trama conferido principalmente por uma direção muito segura de Song. Ela presa por momentos sonorizados exclusivamente pelos ruídos da rua ou do ambiente, passando a sensação do espectador estar inserido na cena. Entre momento de “quentinho” no coração e de frustração pela situação, o realismo é angustiante, enquanto a poesia da metáfora coreana dos amantes de múltiplas vidas conflita com a realidade vivida.
Não deixe de assistir:
É um filme que dialoga em nível pessoal com qualquer ser humano que já tenha vivido um amor puro, um namoro sincero de infância ou até mesmo para quem se envolveu em um relacionamento à distância. E a forma como tudo é resolvido com maturidade é impressionante. É uma história que poderia claramente cair nos clichés do gênero, mas decide ousar, contrariando expectativas nutridas por suas próprias questões, construindo bem lentamente cada lágrima que cairá dos olhos do espectador. Tão controverso quanto a própria vida, Vidas Passadas é um dos melhores filmes do Festival do Rio e precisa ser visto numa tela grande.
Então, se você estiver no Rio de Janeiro, não perca essa oportunidade. Serão quatro sessões nesta próxima semana, sendo que uma delas já está esgotada. A primeira acontece nesta segunda (9) às 21h30, no Estação Net Botafogo; Na terça (10), o filme será exibido às 16h, no Estação Net Gávea; Na quarta (11), é a vez do Kinoplex São Luiz, no Largo do Machado, exibir o filme às 16h45. Por fim, o Estação Net Gávea volta a exibir o longa às 17h15 do sábado (14). As duas primeiras sessões, porém, já estão esgotadas.
O Festival do Rio acontece na Cidade Maravilhosa até o dia 15 de outubro.