‘Wonka’, pré-sequência do clássico ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’, já estreou nos cinemas nacionais – e, surpreendendo a todos, se consagrou como uma ótima adição ao universo arquitetado por Roald Dahl, bem como um clássico quase instantâneo de fim de ano.
Estrelado pelo indicado ao Oscar Timothée Chalamet, a trama é ambientada quinze anos antes da história original e acompanha Willy Wonka antes se transformar no icônico chocolatier como o conhecemos. Na produção, Willy retorna de uma longa viagem pelos sete mares em busca dos ingredientes mais inesperados e únicos para produzir suas guloseimas magníficas – e, à medida que tenta se estabelecer no vibrante cenário dos chocolates, enfrenta a fúria de magnatas corruptos e gananciosos que não o querem ali.
Recentemente, tivemos a oportunidade de participar de uma coletiva de imprensa com o diretor Paul King e com o roteirista Simon Farnaby – e a dupla contou alguns detalhes muito interessantes dos bastidores do projeto.
É notável que o trabalho de criar uma “história de origem” para um dos estandartes da cultura pop não foi fácil, mas King e Farnaby capturaram os trejeitos e os traços de personalidade mais marcantes de Wonka para desenvolverem uma narrativa que fala sobre esperança e sobre nunca abandonar os sonhos.
“Acho que [Willy] é um grande otimista”, King comentou quando questionado sobre a essência do protagonista titular. “Nossa história se passa vinte e cinco anos antes de ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’, então ele é um jovem rapaz dando seus primeiros passos no mundo. Ele espera grandes coisas. E, por esse ser um filme do universo de Roald Dahl, acredito que o mundo não é tão acolhedor e gracioso quanto esperamos. Mas Willy Wonka não aceita não como resposta e resolve mudar as coisas”.
Farnaby, que ficou responsável pelo roteiro ao lado do diretor, aproveitou a deixa para discorrer sobre o processo de escrita do enredo e de que maneira a dupla engendrou cada uma das sequências:
“[Eu e Paul] funcionamos melhor quando estamos na mesma sala. Nós nos fazemos rir bastante, o que é muito importante. Então, temos uma noção de como sentir as emoções de que forma as coisas irão desenrolar e de que forma irão tocar as pessoas”.
‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’ ganhou sua primeira adaptação para os cinemas em 1971, como já comentado nos parágrafos acima – e conquistou uma geração inteira com uma trama que ficaria marcada na história. E, ainda que Dahl não tivesse gostado de seus escritos terem sido transformados em um musical (chegando a criticar a “insalubre” atmosfera das canções), o resultado foi muito positivo entre o público e rendeu um remake assinado por Tim Burton em 2005.
Considerando o contínuo apreço dos grandes estúdios em revisitar franquias clássicas, era apenas questão de tempo até que esse cosmos fosse revivido para uma nova geração. Entretanto, King e seu espetacular time criativo não apenas prestaram homenagens ao longa original e ao romance de Dahl, como brincaram com inúmeras oportunidades para expandir a mitologia acerca de Willy.
“É assustador mergulhar em um mundo que foi criado por um escritor tão talentoso quanto Roald Dahl, com personagens marcantes que, de fora, parecem fluir tão naturalmente de sua mente”, ele comentou. “Mas o mais incrível em trabalhar em um universo criado por outra pessoa é que você consegue enxergar sua perspectiva. Podemos brincar com outras ideias que partiram dele”.
Um dos aspectos de maior sucesso do filme é, sem sombra de dúvida, as ótimas mensagens que entrega ao público, bem como o fato de ser destinado para uma experiência em família – seja ela da configuração que for.
“Este é um filme sobre família e a marca eterna que nossas famílias biológicas deixam conosco, além das famílias que fazemos ao longo do caminho”, King explicou. “Willy chega à cidade sem conhecer ninguém, mas consegue reunir um grupo de amigos para fazer algo extraordinário – e creio que o filme será mais bem apreciado ao lado da família e, com sorte, unir mais as pessoas”.
Outro elemento que chama a atenção dos espectadores é a belíssima trilha sonora assinada por Neil Hannon. O compositor não apenas incorporou canções icônicas como “Pure Imagination” e o tema dos Oompa-Loompas, como abriu espaço para incursões inéditas.
“Acho que o desafio de Neil foi o fato das músicas [do filme de 1971] serem muito clássicas, como ‘Pure Imagination’ e a música do Oompa-Loompa. Todo mundo conhece essas canções. Então, criar algo que possa coexistir com essas músicas deve ter sido um desafio assustador para Neil; mas acho que ele conseguiu. Ele é muito fã do trabalho de [Anthony] Newley e [Leslie] Bricusse [compositores da trilha sonora original], foi uma área em que ele estava confortável. Ele arrasou, fez um ótimo trabalho”, o diretor disse.
Lembrando que o filme está em exibição nos cinemas nacionais.