O 47º Festival de Cinema de Gramado começou nesta última sexta-feira, 16, e abriu portas significativas para que cineastas expressassem sua indignação contra recentes comentários do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Nos últimos dias, Bolsonaro comentou que a supervisão da Ancine (Agência Nacional do Cinema) iria migrar para Brasília e, em meio a comentários LGBTfóbicos e repressivos, acrescentou que a produção de longas-metragens nacionais deveria passar por uma “adequação” antes de ganharem aval e os recursos necessários para serem rodados.
Em resposta a essa reprimenda, o diretor Emiliano Cunha (‘Raia 4’) afirmou que sua obra só conseguiu ser feita devido ao apoio do órgão em questão, além de ter confirmado que o projeto foi responsável por gerar 400 empregos diretos e indiretos, além de impostos e receitas.
Os protestos não pararam por aí, visto que diversos colegas de Cunha também se posicionaram contra essas decisões opressoras. “Alguns desses projetos que Bolsonaro quer censurar são de amigos meus. Nosso filme existe hoje, mas talvez não pudesse existir em 2020”, disse um dos membros da equipe de ‘Marie’, curta-metragem de Leo Tabosa que gira em torno de uma mulher transsexual.
Outros temas políticos também ganharam palanque nesses primeiros dias do evento: Sonia Braga, que atuou no aclamado e premiado ‘Bacurau’, dedicou sua personagem à vereadora Marielle Franco, perguntando mais uma vez quem a matou. Franco foi assassinada junto com seu motorista, Anderson Pedro Mathias Gomes, em março de 2018.
O Festival termina neste próximo sábado, 24 de agosto.