terça-feira , 24 dezembro , 2024

Disney 100 anos | Lembra dele? Última grande produção da Disney voltada para o mercado brasileiro foi um CD espetacular

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Este dia 16 de outubro de 2023 marca uma data especialíssima para os fãs de animações e da Disney como um todo. Isso porque Walt e Roy Disney fundavam, há exatos 100 anos, uma empresinha de garagem conhecida como Disney Brothers Studio. Dali vieram os primeiros passos de Walt Disney rumo ao estrelato, sendo o local de nascimento de Oswald, o Coelhinho Sortudo, que seria tomado de Walt numa caneta e eventualmente o inspiraria a criar o simpático Mickey Mouse, que dispensa apresentações. Fato é que a empresa e seu criador cresceram até virarem um dos nomes mais conhecidos do planeta, alçando a marca Disney a valores praticamente inestimáveis, virando esse império sem comparações no planeta e na história do entretenimento.

Para comemorar, a Disney lançou um curta chamado Era Uma Vez no Estúdio, que reúne mais de 500 personagens da casa se reunindo para tirar uma foto em celebração aos 100 anos da empresa. Ele é muito divertido e traz algumas figurinhas que muita gente certamente esqueceu nesse tempo.



Confira também: Zé Carioca 80 anos | Cinco curiosidades sobre o brasileiro mais amado da Disney

Mas o texto de hoje não é sobre esse curta nem sobre as origens da Disney antes de virar o império da animação. Ao longo dessa história centenária, um dos capítulos mais polêmicos e interessantes vem justamente da parceria entre Disney e o Brasil, que, como já contamos algumas vezes aqui no CinePOP, atendeu a interesses políticos dos EUA sobre as potências estratégicas latino-americanas por meio da Política da Boa Vizinhança.

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O grande filho desse casamento é o papagaio Zé Carioca, que é amado por uns, considerado estereotipado por outros, mas definitivamente é um dos nomes mais marcantes desses 100 anos. São poucos os países que contam com um representante tão icônico num cenário amplamente dominado por norte-americanos e europeus, como nos filmes da Disney, que historicamente viraram sinônimo de animações de qualidade.

Mais do que o impacto cinematográfico, o Zé Carioca, acompanhado de seu entusiasmo e da forma apaixonada como descrevia e defendia seu tão amado Rio de Janeiro, impactou diretamente na consolidação da Cidade Maravilhosa como parada obrigatória nas rotas do turismo mundial.

Não é por acaso que o Rio, então capital do Brasil, segue como a principal imagem do país no exterior até os dias de hoje. Foi um processo massivo de propaganda trabalhada entre as nações, que resultaram na Cidade Maravilhosa como o principal cartão postal brasileiro. E o nascimento do Zé Carioca fez parte ativa disso.

Nos anos seguintes, algumas produções menores foram lançadas nos cinemas, e a Disney passou a concentrar seus esforços para o mercado brasileiro quase que exclusivamente para as histórias em quadrinhos, que passaram a contar com artistas nacionais. Porém, o tema do texto de hoje é talvez o lançamento mais aleatório da história da Disney visando o mercado nacional. É também o último grande produto da empresa com foco no público brasileiro e que, infelizmente, acabou não fazendo tanto sucesso assim: o CD Disney Adventures In Samba.

Lançado em 2010, ele integrou um projeto chamado Disney Adventures que compilava versões de músicas clássicas do estúdio cantadas por grandes artistas de diferentes gêneros musicais. No Brasil, o Adventures In Samba foi encabeçado por Rodrigo Caldas, que chamou o produtor musical e mestre do cavaquinho, Alceu Maia, para transformar essa ideia em realidade. E aí a coisa ficou séria. Foi convocado um verdadeiro Dream Team do Pagode e do Samba para interpretar clássicos Disney e clássicos da música nacional que marcaram época nas animações da casa.

“O interessante desse projeto é a reunião desses sambistas todos, desses cantores todos, em torno de um tema que são os clássicos da Disney. Todo mundo que está sendo convidado para cantar tem uma história para contar e recebeu a ideia de coração aberto. Porque o projeto apesar dessa pluralidade, ele tem uma identidade, uma assinatura no samba muito legal. Ele é cheio de Brasilidade, se é que existe isso, musical na história toda. Acho que todo mundo vai gostar disso aí”, comentou, na época, Alceu Maia.

E quando o assunto é qualidade, a Disney realmente não poupou despesas. A proposta era comemorar essa parceria de sucesso, então eles mesclaram artistas consagrados no samba, principalmente carioca e nordestino, com uma galerinha nova que estava surgindo para o cenário nacional da época.

O mais legal é parar para ver hoje quem era considerado aposta em 2010 e como já são artistas consagrados na história da música nacional. Dos experientes, podemos ressaltar Martinho da Vila, Leci Brandão, Daniela Mercury, Jorge Aragão, Alcione, Margareth Menezes, Alexandre Pires, Dudu Nobre e o grupo Molejo. Das “apostas”, Diogo Nogueira, Exaltasamba, Ana Costa e o grupo Casuarina.

É realmente um grupo que reunia o que o Brasil tinha de melhor na época, além de contar com uma canção inédita chamada “Pagode na Disney”, composta por Arlindo Cruz exclusivamente para o álbum.

A música propõe ao público imaginar como seria uma roda de samba com os personagens da Disney, com direito ao Mickey tocando guitarra e o Pato Donald arranhando no cavaquinho, sendo a farra comandada obviamente pelo Zé Carioca. A campanha publicitária do álbum foi maciça no Disney Channel, que exibiu clipes do CD e entrevistas com os músicos contando suas experiências pessoais com a Disney.

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“É um prazer cantar sobre essa turma da Disney, porque eu, quando garoto, colecionava gibi do Tio Patinhas. Então ficou fácil cantar sobre esse universo que fez parte da minha infância. Esse samba tá arrumadinho, tá animado. Acho que vai dar pagode lá na Disney, brincou Arlindo Cruz no lançamento.

“Pra mim é uma alegria, um prazer imenso poder participar desse projeto tão bonito, com canções típicas da Disney. Eu sou fanático por todos os desenhos, dos parques da Disney que já tive a oportunidade de conhecer. E ao mesmo tempo, poder cantar um clássico como ‘Aquarela do Brasil’ é, pra mim, uma honra, um prazer. Essa música primeiro se tornou um clássico na voz da Carmen Miranda e eu tô muito feliz de poder participar desse projeto, que tenho certeza que será um grande sucesso”, disse Alexandre Pires.

E o que fascina no álbum é justamente esses encontros inesperados, como o pessoal do Molejo cantando a música dos Sete Anões da Branca de Neve, Alcione cantando A Bela e a Fera com sua sobrinha e um dueto de Péricles e Thiaguinho interpretando O Que Eu Quero Mais É Ser Rei, de O Rei Leão.

O álbum é composto pelas 14 faixas que você pode conferir na imagem ao lado e foi lançado em duas versões. Uma é o CD simples, que conta apenas com as músicas gravadas.

Porém, veio também uma edição especial, um pouco mais difícil de encontrar hoje em dia, que trouxe de brinde um DVD que traz as participações históricas do Zé Carioca nas animações da Disney por meio das músicas. São seis clipes com conteúdos tirados de Alô, Amigos!, Você Já Foi à Bahia? e Tempo de Melodia. E como essas três animações são praticamente curtas compilados em filmes de aproximadamente 1h, o DVD de bônus traz praticamente um resumão de todas as aparições do Zé Carioca na Disney até então.

Além dele, há os videoclipes oficiais da Aquarela do Brasil de Alexandre Pires e de Pagode na Disney, do Arlindo. Encerrando os bônus, um making of do álbum, chamado Um Toque de Magia no Samba, de onde foram tirados os comentários desta matéria. E para quem se interessou pelo álbum, ainda é possível encontrar a versão simples por valores acessíveis em lojas on-line. A versão com o DVD que é realmente mais difícil de achar em loja, até por ser uma edição com 13 anos de idade. Mas se CD não é a sua, a playlist reduzida, distribuída no mercado internacional, está disponível em plataformas on-line de áudio, como o Spotify. Basta clicar aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

Por mais estranho que possa parecer, o projeto foi um sopro de criatividade num mercado já cansado da mesmice que era o fonográfico. Além disso, foi uma forma lúdica de aproximar a molecada de músicas e artistas clássicos da música nacional. Foi um projeto realmente interessante que merecia mais atenção do que ganhou.

Nesses 100 anos de Disney, voltar ao tempo em que a empresa lançava essas produções mais voltadas para mercados específicos é uma viagem interessante, porque com essa história de internacionalização das marcas, parece que a empresa está cada vez mais distante desses núcleos.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Este dia 16 de outubro de 2023 marca uma data especialíssima para os fãs de animações e da Disney como um todo. Isso porque Walt e Roy Disney fundavam, há exatos 100 anos, uma empresinha de garagem conhecida como Disney Brothers Studio. Dali vieram os primeiros passos de Walt Disney rumo ao estrelato, sendo o local de nascimento de Oswald, o Coelhinho Sortudo, que seria tomado de Walt numa caneta e eventualmente o inspiraria a criar o simpático Mickey Mouse, que dispensa apresentações. Fato é que a empresa e seu criador cresceram até virarem um dos nomes mais conhecidos do planeta, alçando a marca Disney a valores praticamente inestimáveis, virando esse império sem comparações no planeta e na história do entretenimento.

Para comemorar, a Disney lançou um curta chamado Era Uma Vez no Estúdio, que reúne mais de 500 personagens da casa se reunindo para tirar uma foto em celebração aos 100 anos da empresa. Ele é muito divertido e traz algumas figurinhas que muita gente certamente esqueceu nesse tempo.

Confira também: Zé Carioca 80 anos | Cinco curiosidades sobre o brasileiro mais amado da Disney

Mas o texto de hoje não é sobre esse curta nem sobre as origens da Disney antes de virar o império da animação. Ao longo dessa história centenária, um dos capítulos mais polêmicos e interessantes vem justamente da parceria entre Disney e o Brasil, que, como já contamos algumas vezes aqui no CinePOP, atendeu a interesses políticos dos EUA sobre as potências estratégicas latino-americanas por meio da Política da Boa Vizinhança.

O grande filho desse casamento é o papagaio Zé Carioca, que é amado por uns, considerado estereotipado por outros, mas definitivamente é um dos nomes mais marcantes desses 100 anos. São poucos os países que contam com um representante tão icônico num cenário amplamente dominado por norte-americanos e europeus, como nos filmes da Disney, que historicamente viraram sinônimo de animações de qualidade.

Mais do que o impacto cinematográfico, o Zé Carioca, acompanhado de seu entusiasmo e da forma apaixonada como descrevia e defendia seu tão amado Rio de Janeiro, impactou diretamente na consolidação da Cidade Maravilhosa como parada obrigatória nas rotas do turismo mundial.

Não é por acaso que o Rio, então capital do Brasil, segue como a principal imagem do país no exterior até os dias de hoje. Foi um processo massivo de propaganda trabalhada entre as nações, que resultaram na Cidade Maravilhosa como o principal cartão postal brasileiro. E o nascimento do Zé Carioca fez parte ativa disso.

Nos anos seguintes, algumas produções menores foram lançadas nos cinemas, e a Disney passou a concentrar seus esforços para o mercado brasileiro quase que exclusivamente para as histórias em quadrinhos, que passaram a contar com artistas nacionais. Porém, o tema do texto de hoje é talvez o lançamento mais aleatório da história da Disney visando o mercado nacional. É também o último grande produto da empresa com foco no público brasileiro e que, infelizmente, acabou não fazendo tanto sucesso assim: o CD Disney Adventures In Samba.

Lançado em 2010, ele integrou um projeto chamado Disney Adventures que compilava versões de músicas clássicas do estúdio cantadas por grandes artistas de diferentes gêneros musicais. No Brasil, o Adventures In Samba foi encabeçado por Rodrigo Caldas, que chamou o produtor musical e mestre do cavaquinho, Alceu Maia, para transformar essa ideia em realidade. E aí a coisa ficou séria. Foi convocado um verdadeiro Dream Team do Pagode e do Samba para interpretar clássicos Disney e clássicos da música nacional que marcaram época nas animações da casa.

“O interessante desse projeto é a reunião desses sambistas todos, desses cantores todos, em torno de um tema que são os clássicos da Disney. Todo mundo que está sendo convidado para cantar tem uma história para contar e recebeu a ideia de coração aberto. Porque o projeto apesar dessa pluralidade, ele tem uma identidade, uma assinatura no samba muito legal. Ele é cheio de Brasilidade, se é que existe isso, musical na história toda. Acho que todo mundo vai gostar disso aí”, comentou, na época, Alceu Maia.

E quando o assunto é qualidade, a Disney realmente não poupou despesas. A proposta era comemorar essa parceria de sucesso, então eles mesclaram artistas consagrados no samba, principalmente carioca e nordestino, com uma galerinha nova que estava surgindo para o cenário nacional da época.

O mais legal é parar para ver hoje quem era considerado aposta em 2010 e como já são artistas consagrados na história da música nacional. Dos experientes, podemos ressaltar Martinho da Vila, Leci Brandão, Daniela Mercury, Jorge Aragão, Alcione, Margareth Menezes, Alexandre Pires, Dudu Nobre e o grupo Molejo. Das “apostas”, Diogo Nogueira, Exaltasamba, Ana Costa e o grupo Casuarina.

É realmente um grupo que reunia o que o Brasil tinha de melhor na época, além de contar com uma canção inédita chamada “Pagode na Disney”, composta por Arlindo Cruz exclusivamente para o álbum.

A música propõe ao público imaginar como seria uma roda de samba com os personagens da Disney, com direito ao Mickey tocando guitarra e o Pato Donald arranhando no cavaquinho, sendo a farra comandada obviamente pelo Zé Carioca. A campanha publicitária do álbum foi maciça no Disney Channel, que exibiu clipes do CD e entrevistas com os músicos contando suas experiências pessoais com a Disney.

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“É um prazer cantar sobre essa turma da Disney, porque eu, quando garoto, colecionava gibi do Tio Patinhas. Então ficou fácil cantar sobre esse universo que fez parte da minha infância. Esse samba tá arrumadinho, tá animado. Acho que vai dar pagode lá na Disney, brincou Arlindo Cruz no lançamento.

“Pra mim é uma alegria, um prazer imenso poder participar desse projeto tão bonito, com canções típicas da Disney. Eu sou fanático por todos os desenhos, dos parques da Disney que já tive a oportunidade de conhecer. E ao mesmo tempo, poder cantar um clássico como ‘Aquarela do Brasil’ é, pra mim, uma honra, um prazer. Essa música primeiro se tornou um clássico na voz da Carmen Miranda e eu tô muito feliz de poder participar desse projeto, que tenho certeza que será um grande sucesso”, disse Alexandre Pires.

E o que fascina no álbum é justamente esses encontros inesperados, como o pessoal do Molejo cantando a música dos Sete Anões da Branca de Neve, Alcione cantando A Bela e a Fera com sua sobrinha e um dueto de Péricles e Thiaguinho interpretando O Que Eu Quero Mais É Ser Rei, de O Rei Leão.

O álbum é composto pelas 14 faixas que você pode conferir na imagem ao lado e foi lançado em duas versões. Uma é o CD simples, que conta apenas com as músicas gravadas.

Porém, veio também uma edição especial, um pouco mais difícil de encontrar hoje em dia, que trouxe de brinde um DVD que traz as participações históricas do Zé Carioca nas animações da Disney por meio das músicas. São seis clipes com conteúdos tirados de Alô, Amigos!, Você Já Foi à Bahia? e Tempo de Melodia. E como essas três animações são praticamente curtas compilados em filmes de aproximadamente 1h, o DVD de bônus traz praticamente um resumão de todas as aparições do Zé Carioca na Disney até então.

Além dele, há os videoclipes oficiais da Aquarela do Brasil de Alexandre Pires e de Pagode na Disney, do Arlindo. Encerrando os bônus, um making of do álbum, chamado Um Toque de Magia no Samba, de onde foram tirados os comentários desta matéria. E para quem se interessou pelo álbum, ainda é possível encontrar a versão simples por valores acessíveis em lojas on-line. A versão com o DVD que é realmente mais difícil de achar em loja, até por ser uma edição com 13 anos de idade. Mas se CD não é a sua, a playlist reduzida, distribuída no mercado internacional, está disponível em plataformas on-line de áudio, como o Spotify. Basta clicar aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

Por mais estranho que possa parecer, o projeto foi um sopro de criatividade num mercado já cansado da mesmice que era o fonográfico. Além disso, foi uma forma lúdica de aproximar a molecada de músicas e artistas clássicos da música nacional. Foi um projeto realmente interessante que merecia mais atenção do que ganhou.

Nesses 100 anos de Disney, voltar ao tempo em que a empresa lançava essas produções mais voltadas para mercados específicos é uma viagem interessante, porque com essa história de internacionalização das marcas, parece que a empresa está cada vez mais distante desses núcleos.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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