Listas de Melhores Filmes sempre geram discussões afloradas, porque cada obra toca o espectador de formas diferentes. Apesar da gente avaliar aspectos práticos como técnica de filmagem, produção, roteiro, atuação, montagem, etc, são os aspectos subjetivos que marcam o nosso julgamento.
Tendo isso em mente, após ver todas as obras indicadas à categoria de Melhor filme do Oscar 2019, segue uma lista de preferências pessoais e considerações. O objetivo é você fazer as mesmas reflexões sobre a seleção dos membros da Academia de Hollywood.
1 – Roma, de Alfonso Cuarón
Disparado é o melhor filme esteticamente e conceitualmente. Todas as cenas são simbólicas e a comunicação de sua mensagem é catártica com o público. Sob a perspectiva do diretor, as relações apresentadas se chocam, se ferem e se curam.
2 – Nasce Uma Estrela, de Bradley Cooper
As escolhas de cada composição de cena marcam sua característica sensorial. É raro ver uma obra que transmite o apaixonamento e a frustração de forma tão envolvente. Além disso, é impossível parar de ouvir ‘Shallow’.
3 – A Favorita, de Yorgos Lanthimos
Quando eu assisti a O Lagosta, eu me apaixonei pela criação de uma distopia para os nossos velados abusos sociais. Depois vi O Sacrifício do Cervo Sagrado como uma maquinação e distorção da mente humana, mais uma vez com aquela pitada de irracionalidade do diretor. A Favorita desce nesta escalada insensata, mas permanece no patamar inalcançável da mente do cineasta. As composições artísticas, as atuações e os jogos de personagens do roteiro, além dos sentimentos ruminantes constituem uma obra exclamativa.
4 – Pantera Negra, de Ryan Coogler
Como um filme de super-herói chegou até aqui? Quando uma produção abrange questões políticas, sociais, tecnológicas e ainda exalta a cultura africana e seus milhões de descendentes pelo mundo com personagens carismáticos, espetáculo visual e um discurso popular e pragmático sobre preconceito, ela merece estar entre os melhores do ano.
5 – Infiltrado na Klan, de Spike Lee
Que atuações (principalmente de John David Washington), que crítica cômica, que roteiro escandaloso! De tão bem desenvolvida, a narrativa afrontosa nos indigna e revolta, mas Spike Lee oferece uma dose de catarse antes de mostrar que a ficção ultrajante é uma realidade doentia.
6 – Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer
Eu adoro cinebiografias musicais, mas por que essa especificamente é tão querida? Acredito que é mais pela banda e a figura incomensurável de Freddie Mercury que a obra em si. Quando Clint Eastwood realizou Jersey Boys: Em Busca da Música (2014), sobre o Four Season e Frankie Valli, eu jurava que o veria no Oscar, mas foi completamente esnobado. Amo a cena do show no Rio de Janeiro mesclada com a discussão entre Freddie e Mary, fora isso apenas as histórias das composições chama a minha atenção.
7 – Green Book, de Peter Farrelly
É um filme de muitas aspas. Com roteiro do filho do motorista italiano, condutor do músico negro Don Shirley na década de 60, o road movie reflete a sociedade como benevolente e ressarcida na aceitação dos “diferentes”, sendo o branco “protetor” o destaque de uma história que evidentemente pertencia ao pianista negro e a sua resiliência. A perspectiva cênica acaba por reforçar uma imagem de resignação com a sugestão de uma “amizade” canhestra.
8 – Vice, de Adam McKay
Apesar de ser do mesmo diretor, este filme não é como o dinâmico A Grande Aposta (2015). Sua narrativa exagerada a cada passo de Dick Cheney é maçante, tanto que os acontecimentos mais importantes da história moderna dos EUA tornam-se cansativos. Assim como os filmes O Destino de Uma Nação (2017) e Lincoln (2012), esta é a obra histórica-política que tem que entrar na cota do Oscar todos os anos.