Drácula é um dos personagens mais conhecidos de todos os tempos – seja na literatura, seja no cinema.
O clássico criado por Bram Stoker e um dos ícones do romance gótico do século XIX já foi adaptado inúmeras vezes para o cinema e, sem sombra de dúvidas, a versão mais conhecida e influente é o longa de 1931. Estrelado por Bela Lugosi e dirigido por Tod Browning, o filme se tornou um sucesso crítico e comercial que possibilitou à Universal Pictures o início de seu universo monstros que continuaria no mesmo ano com ‘Frankenstein’ e, mais tarde, com títulos como ‘A Múmia’, ‘O Homem invisível’ e ‘A Noiva de Frankenstein’.
Lugosi já havia interpretado o personagem nos palcos da Broadway e levou sua icônica performance aos cinemas apenas para receber mais aclame e eternizar uma das figuras do terror mais complexas e controversas de todos os tempos.
No dia de hoje, 14 de fevereiro, em pleno comemoração a São Valentim, a obra completa nove décadas e, em celebração a seu contínuo legado, o CinePOP separou dez curiosidades sobre ‘Drácula’.
Confira:
“DINHEIRO? NÃO ME IMPORTA”
Lugosi estava tão animado para repetir seu sucesso nos palcos e retornar ao papel de Conde Drácula que aceitou um contrato que lhe pagaria apenas US$500 dólares por semana durante um cronograma de sete semanas – uma quantia bastante baixa mesmo para as consequências da Grande Depressão de 1929.
EFEITOS PRÁTICOS
O icônico castelo de Drácula, que remonta à arquitetura gótica de meados do século XIII, foi pintado à mão em um vidro colocado em frente à câmra. O cocheiro que viajava pela estrada era real, mas todo o cenário, não.
RECICLAGEM CINEMATOGRÁFICA
Em uma cena onde Drácula e Renfield (Dwight Frye) estão viajando para Londres de barco, a sequência mostrada é emprestada de outro clássico da Universal, o filme mudo ‘The Storm Breaker’. Os filmes mudos eram projetados em um FPS diferente em relação aos talkies, motivo pelo qual tinha ações estranhas e jocosas que eram mais aceleradas.
“OLHE NOS MEUS OLHOS”
O diretor de fotografia Karl Freund conquistou o efeito dos olhos hipnotizantes de Drácula de uma forma bem simples: utilizando dois holofotes pequenos que eram irradiados em direção aos olhos de Bela Lugosi.
PREOCUPAÇÃO COMPREENSÍVEL
Não havia trilha sonora verdadeira no filme, porque acreditava-se que, com a transição para os sons sendo uma inovação bastante recente, o público não aceitaria ouvir a música em uma cena sem explicação plausível – por exemplo, a orquestra tocando fora de cena quando Drácula encontra sua vítima no teatro).
ATUAÇÕES MEMORÁVEIS
A produção original da Broadway, estrelando Lugosi, abriu no Teatro Fulton no dia 05 de outubro de 1927 e estendeu-se por 261 apresentações. Lugosi não foi o único ator do elenco a ser levado para o filme: Edward Van Sloan e Herbert Bunston também reprisaram seus papéis como Van Helsing e Dr. Seward, respectivamente.
UMA LENDA EM OUTRA LENDA
Helen Chandler não foi a primeira atriz cotada para viver Mina Harker na produção; na verdade, a lendária Bette Davis, que tinha contrato com a Universal à época, foi considerada para interpretá-la. Entretanto, o chefe do estúdio não apostava muitas fichas no apelo sexual da atriz e decidiu não contratá-la.
ACORDO HISTÓRICO
O filme só aconteceu graças a Lugosi. O ator negociou a compra dos direitos autorais da produção com a viúva de Bram Stoker e com o escritor da peça original, Hamilton Deane, comprando-os por US$40 mil (um valor que, hoje, corresponde a quase US$690 mil).
MÉTODO PERFORMATIVO
Quando caracterizado, Lugosi adorava andar pelo set de filmagens proferindo: “Eu sou o Drácula!”. Ele fazia o mesmo quando olhando ao espelho. Esse era o jeito que encontrara de se preparar mentalmente para o papel. Sendo um ator classicamente treinado na Hungria, ele utilizava uma das várias técnicas de atuação que aprendera para absorver o personagem e trazer a melhor performance à tona.
CENSURA
Quando o filme foi relançado pela primeira vez em 1936, várias edições e deleções foram exigidas pelos distribuidores, incluindo o grito de Renfield quando é assassinado e o gemido de Drácula conforme a estaca é enfiada em seu coração. O motivo? A instauração do Código Hays dois anos antes – um conjunto de normas morais aplicadas nos títulos cinematográficos para “limpar” o conteúdo levado às telonas.