quarta-feira , 20 novembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 27: Francisco Carbone

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A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Figura presente em diversos festivais de cinema pelo Brasil, dono de um texto maravilhoso sobre a arte de que tanto ama, nosso convidado é o cinéfilo mais ranzinza que eu conheço e automaticamente um dos que mais respeito e adoro conversar, Francisco (Frank) Carbone. Crítico de cinema, jornalista. Se você digitar o nome dele no Google, vai ser creditado em tanto site e matérias que deveria virar tema de documentário sobre cinéfilos. Com vocês, meu amigo, Frank.



Obs: Não esqueço do dia que na cabine de Me Chame pelo Seu Nome, no RJ (mais especificamente numa das salas do Grupo Estação), produzido pelo querido cinéfilo Rodrigo Abreu Teixeira. Quando acaba a sessão encontro Frank aos prantos. Bonito ver o quanto uma obra pode emocionar até os amigos mais rabugentos.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Grupo Estação, especificamente os da Voluntários da Pátria. Bom, é lá que me sinto à vontade, que vejo os grandes filmes em cartaz, que me sinto à vontade, que encontro amigos, que troco ideias e, muitas vezes, afetos.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Bom, creio que você esteja falando da experiência cinematográfica completa, e não filme visto em casa. Pois bem, o primeiro filme que lembro de ter sentido um arrepio diferente dentro da sala de cinema, foi o Almas Gêmeas, do Peter Jackson. O assisti numa sala que não existe mais, e por lá, vendo um filme adulto e sozinho, bateu uma certeza diferenciada.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Da vida, Bergman – meu preferido é Persona, acho. São tantas obras-primas desse mestre… entre os que estão vivos, Paul Thomas Anderson. Também ele me embolo pra decidir o melhor, mas vou de Boogie Nights, a despeito de inúmeros filmaços.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Bandido da Luz Vermelha, do Sganzerla. Porquê? Ah, é a minha praia o desafio, a ousadia, o risco, a experimentação.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é, acima de tudo, não apenas amar o cinema como complementar a sua visão com inúmeras trocas infinitas com outros como você.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acredito que uma parte dessas pessoas entende, mas não todas. E nem sei dizer se seriam a maioria, mas sinto que existe uma mentalidade que precise combinar o conhecimento com a necessidade de cada espaço.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Os ‘coveiros do cinema’ existem desde o início do mesmo. Passaram pelas guerras, pela TV, pela Internet – acho que estão todos errados.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ghost World, de Terry Zwigoff, é um dos filmes emblemáticos da minha vida, creio que poucos viram.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não. Na verdade, eu acho que essa correria de buscar datas para coisas como Tenet é prejudicial não apenas ao cinema como negócio como principalmente às obras.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Essa última década o nosso cinema deu um salto qualitativo que tem a ver com a descentralização do mesmo, da amplitude de olhares que invadiram várias tribos, idades, sexos e lugares, e nos colocou num patamar onde estamos de igual pra igual com o melhor cinema produzido no mundo, seja de que parte for.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Atualmente estou fascinado por Grace Passô, em todas as vertentes que esse colosso de artista se apresente. Nossa melhor tradução hoje.

12) Defina cinema com uma frase.

O cinema me salva desde a adolescência, e hoje vai além da minha vida – é um desdobramento meu.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Nossa, eu já vi de tudo. Já vi gente sendo retirada carregada de uma sessão de Blue Jasmine (Woody Allen), já vi críticos extremamente mal educados dentro da sessão de Cães Errantes (Tsai Ming-Liang), já vi bate boca por assento, já vi pessoas morrendo de rir em ‘Saló‘ (Pasolini), já vi pessoas muito loucas aplaudindo uma sessão de ‘Lendas da Paixão’ (Edward Zwick)… e muita coisa que eu não lembro agora. Comigo, duas situações inusitados – eu caindo da cadeira na sessão de Mapas para as Estrelas e dando esporro em espectadores em Árvore da Vida (Terence Malick).

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A beleza do cinema é conseguir enxergar além do que os olhos conseguem captar. Falar de cinema é uma grande prova de amor ao sentimento das curiosidades que afligem esse imenso mundão que vivemos. Todo tipo de filme, de qualquer gênero, busca o importante elo em apresentar emoções ao espectador, seja ele quem for. Pensando em entender melhor as razões do porquê o cinema ser uma coisa tão rica para nossa existência como ser humano, esse eterno jovem cinéfilo que vos escreve buscou cinéfilos espalhados pelo Brasil (alguns até pelo mundo) para contar um pouquinho da trajetória cinéfila deles para vocês.

Figura presente em diversos festivais de cinema pelo Brasil, dono de um texto maravilhoso sobre a arte de que tanto ama, nosso convidado é o cinéfilo mais ranzinza que eu conheço e automaticamente um dos que mais respeito e adoro conversar, Francisco (Frank) Carbone. Crítico de cinema, jornalista. Se você digitar o nome dele no Google, vai ser creditado em tanto site e matérias que deveria virar tema de documentário sobre cinéfilos. Com vocês, meu amigo, Frank.

Obs: Não esqueço do dia que na cabine de Me Chame pelo Seu Nome, no RJ (mais especificamente numa das salas do Grupo Estação), produzido pelo querido cinéfilo Rodrigo Abreu Teixeira. Quando acaba a sessão encontro Frank aos prantos. Bonito ver o quanto uma obra pode emocionar até os amigos mais rabugentos.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Grupo Estação, especificamente os da Voluntários da Pátria. Bom, é lá que me sinto à vontade, que vejo os grandes filmes em cartaz, que me sinto à vontade, que encontro amigos, que troco ideias e, muitas vezes, afetos.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Bom, creio que você esteja falando da experiência cinematográfica completa, e não filme visto em casa. Pois bem, o primeiro filme que lembro de ter sentido um arrepio diferente dentro da sala de cinema, foi o Almas Gêmeas, do Peter Jackson. O assisti numa sala que não existe mais, e por lá, vendo um filme adulto e sozinho, bateu uma certeza diferenciada.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Da vida, Bergman – meu preferido é Persona, acho. São tantas obras-primas desse mestre… entre os que estão vivos, Paul Thomas Anderson. Também ele me embolo pra decidir o melhor, mas vou de Boogie Nights, a despeito de inúmeros filmaços.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Bandido da Luz Vermelha, do Sganzerla. Porquê? Ah, é a minha praia o desafio, a ousadia, o risco, a experimentação.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Ser cinéfilo é, acima de tudo, não apenas amar o cinema como complementar a sua visão com inúmeras trocas infinitas com outros como você.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Eu acredito que uma parte dessas pessoas entende, mas não todas. E nem sei dizer se seriam a maioria, mas sinto que existe uma mentalidade que precise combinar o conhecimento com a necessidade de cada espaço.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Os ‘coveiros do cinema’ existem desde o início do mesmo. Passaram pelas guerras, pela TV, pela Internet – acho que estão todos errados.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ghost World, de Terry Zwigoff, é um dos filmes emblemáticos da minha vida, creio que poucos viram.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que não. Na verdade, eu acho que essa correria de buscar datas para coisas como Tenet é prejudicial não apenas ao cinema como negócio como principalmente às obras.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Essa última década o nosso cinema deu um salto qualitativo que tem a ver com a descentralização do mesmo, da amplitude de olhares que invadiram várias tribos, idades, sexos e lugares, e nos colocou num patamar onde estamos de igual pra igual com o melhor cinema produzido no mundo, seja de que parte for.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Atualmente estou fascinado por Grace Passô, em todas as vertentes que esse colosso de artista se apresente. Nossa melhor tradução hoje.

12) Defina cinema com uma frase.

O cinema me salva desde a adolescência, e hoje vai além da minha vida – é um desdobramento meu.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Nossa, eu já vi de tudo. Já vi gente sendo retirada carregada de uma sessão de Blue Jasmine (Woody Allen), já vi críticos extremamente mal educados dentro da sessão de Cães Errantes (Tsai Ming-Liang), já vi bate boca por assento, já vi pessoas morrendo de rir em ‘Saló‘ (Pasolini), já vi pessoas muito loucas aplaudindo uma sessão de ‘Lendas da Paixão’ (Edward Zwick)… e muita coisa que eu não lembro agora. Comigo, duas situações inusitados – eu caindo da cadeira na sessão de Mapas para as Estrelas e dando esporro em espectadores em Árvore da Vida (Terence Malick).

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