sábado , 23 novembro , 2024

E aí, querido cinéfilo?! – Nossa Coluna de Entrevista | Parte 35: Diego Alexandre

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Nessa vida temos encontros e desencontros. A internet veio para bagunçar isso tudo e para quem é esperto conseguir se aproximar de ídolos ou apaixonados por cinema que nunca teria a chance de conhecer os pensamentos se a distância entre os dois pontos não existisse, como é agora no planeta internet. Dividir curiosidades sobre o gosto cinéfilo é um grande exercício que todos nós cinéfilos adoramos descobrir. Esse especial chega exatamente para apresentar universos diferentes do seu mas sempre com um grande amor ao cinema como o seu.

Nosso convidado de hoje é cineasta e mineiro, da cidade de Conselheiro Lafaiete. Atualmente reside no RJ. Colaborador do site Cine Set, recentemente disponibilizou no Youtube o seu primeiro curta-metragem, o documentário Só para Loucos. Já trabalhou com o grande Bigode (Luiz Carlos Lacerda) como assistente de direção no longa-metragem Introdução à Música do Sangue e na série Rua do Sobe e Desce, Número Que Desaparece exibida pelo Canal Brasil. Para contar um pouquinho sobre seus pensamentos cinéfilos, enviamos as nossas pergunta dessa coluna para o querido cinéfilo Diego.



1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Por morar em Botafogo, frequento bastante as salas do Grupo Estação e o Espaço Itaú de Cinema. A programação de ambos é sensacional, pois consegue mesclar filmes autorais de diversas nacionalidades com o melhor do cinema comercial.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A primeira vez que pisei numa sala de cinema foi em 1999, para assistir à animação Tarzan, da Disney. Eu tinha 7 anos de idade. Até então, eu só assistia filmes em uma TV de tubo. Imagina o que significa para uma criança ver pela primeira vez uma projeção numa tela gigantesca! Para mim foi um grande acontecimento.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick, dentre os estrangeiros. Laranja Mecânica me causou um impacto muito grande quando o assisti pela primeira vez, aos 12 anos. Kubrick era um cineasta obcecado pela perfeição, e isso está impresso em cada fotograma de seus filmes. Dentre os nossos diretores, me identifico muito com o Cacá Diegues. Sou apaixonado pelo seu cinema popular brasileiro e considero Bye Bye Brasil a sua obra-prima.

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, de Walter Salles. Um filme extremamente brasileiro, mas que carrega uma mensagem universal que conquistou o mundo inteiro. Não é à toa que trouxe para o Brasil prêmios importantes como o Urso de Ouro, o BAFTA e o Globo de Ouro, além da primeira (e, até hoje, única) indicação de uma atriz brasileira ao Oscar. Inclusive, ainda é difícil de acreditar que Central do Brasil perdeu o Oscar para um xarope como A Vida é Bela.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim, ser cinéfilo é ver o cinema muito além do que um simples entretenimento.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim. O problema é que maior parte desses programadores entendem apenas de cinema comercial. São poucos os que conseguem montar uma programação diversificada que atenda todos os públicos. Isso piorou com as redes multiplex que invadiram os shoppings e transformaram as salas de cinema em lanchonetes que passam filmes. Eu venho do interior de Minas Gerais, e nas poucas cidades do interior que possuem salas de cinema, a situação é ainda pior. A programação é péssima, praticamente todos os filmes são blockbusters e com cópias somente dubladas.

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De jeito nenhum! Apesar da praticidade dos serviços de streaming e home video, importantíssimos na democratização do acesso aos filmes, nada substitui a experiência de assistir a uma projeção numa sala de cinema. O que pode acontecer é a diminuição de salas, como ocorreu nos anos 90 durante o boom das fitas VHS. Mas, se o cinema sobreviveu às videolocadoras, não vai ser a Netflix que vai acabar com ele.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Shortbus (2006), de John Cameron Mitchell. Um filme underground com roteiro aberto, diálogos improvisados e personagens criados a partir de experiências pessoais dos próprios atores.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Seria maravilhoso, desde que sejam tomadas todas as medidas de segurança por parte dos cinemas. Melhor ainda seria se o brasileiro respeitasse essas medidas.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Como toda cinematografia, temos filmes muito bons e filmes muito ruins. Sempre foi assim. De qualquer forma, como disse o historiador e crítico Paulo Emílio Sales Gomes: “Até o pior filme brasileiro nos diz mais que o melhor filme estrangeiro.”

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sonia Braga. Só o seu nome já é sinônimo de cinema brasileiro, é a nossa musa máxima. E, sempre que temos a oportunidade de tê-la filmando por aqui, é impossível não acompanhar o seu trabalho.

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a minha religião.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Foi numa sessão de estreia da animação Viva – A Vida é Uma Festa, da Pixar. Quando o filme terminou e as luzes se acenderam, todos os adultos estavam chorando. Desde os pais ou avós que levaram suas crianças até os marmanjos que foram sozinhos ver o filme, como eu.

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Talvez o nosso melhor “pior filme”. A sequência final é antológica!

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Mas não consigo entender uma pessoa que queira trabalhar com cinema e não gosta de assistir filmes. Porque todo bom cineasta traz consigo referências das obras que assistiu ao longo da vida. E, quanto mais ele expandir o seu conhecimento, mais bagagem ele terá para realizar um bom trabalho. É importante ter contato com as cinematografias dos mais diversos países, especialmente a nossa. Como levar a sério um diretor que quer fazer filmes no Brasil, mas não conhece nada de cinema brasileiro???

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Nosso convidado de hoje é cineasta e mineiro, da cidade de Conselheiro Lafaiete. Atualmente reside no RJ. Colaborador do site Cine Set, recentemente disponibilizou no Youtube o seu primeiro curta-metragem, o documentário Só para Loucos. Já trabalhou com o grande Bigode (Luiz Carlos Lacerda) como assistente de direção no longa-metragem Introdução à Música do Sangue e na série Rua do Sobe e Desce, Número Que Desaparece exibida pelo Canal Brasil. Para contar um pouquinho sobre seus pensamentos cinéfilos, enviamos as nossas pergunta dessa coluna para o querido cinéfilo Diego.

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Por morar em Botafogo, frequento bastante as salas do Grupo Estação e o Espaço Itaú de Cinema. A programação de ambos é sensacional, pois consegue mesclar filmes autorais de diversas nacionalidades com o melhor do cinema comercial.

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A primeira vez que pisei numa sala de cinema foi em 1999, para assistir à animação Tarzan, da Disney. Eu tinha 7 anos de idade. Até então, eu só assistia filmes em uma TV de tubo. Imagina o que significa para uma criança ver pela primeira vez uma projeção numa tela gigantesca! Para mim foi um grande acontecimento.

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick, dentre os estrangeiros. Laranja Mecânica me causou um impacto muito grande quando o assisti pela primeira vez, aos 12 anos. Kubrick era um cineasta obcecado pela perfeição, e isso está impresso em cada fotograma de seus filmes. Dentre os nossos diretores, me identifico muito com o Cacá Diegues. Sou apaixonado pelo seu cinema popular brasileiro e considero Bye Bye Brasil a sua obra-prima.

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Central do Brasil, de Walter Salles. Um filme extremamente brasileiro, mas que carrega uma mensagem universal que conquistou o mundo inteiro. Não é à toa que trouxe para o Brasil prêmios importantes como o Urso de Ouro, o BAFTA e o Globo de Ouro, além da primeira (e, até hoje, única) indicação de uma atriz brasileira ao Oscar. Inclusive, ainda é difícil de acreditar que Central do Brasil perdeu o Oscar para um xarope como A Vida é Bela.

5) O que é ser cinéfilo para você?

Para mim, ser cinéfilo é ver o cinema muito além do que um simples entretenimento.

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim. O problema é que maior parte desses programadores entendem apenas de cinema comercial. São poucos os que conseguem montar uma programação diversificada que atenda todos os públicos. Isso piorou com as redes multiplex que invadiram os shoppings e transformaram as salas de cinema em lanchonetes que passam filmes. Eu venho do interior de Minas Gerais, e nas poucas cidades do interior que possuem salas de cinema, a situação é ainda pior. A programação é péssima, praticamente todos os filmes são blockbusters e com cópias somente dubladas.

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

De jeito nenhum! Apesar da praticidade dos serviços de streaming e home video, importantíssimos na democratização do acesso aos filmes, nada substitui a experiência de assistir a uma projeção numa sala de cinema. O que pode acontecer é a diminuição de salas, como ocorreu nos anos 90 durante o boom das fitas VHS. Mas, se o cinema sobreviveu às videolocadoras, não vai ser a Netflix que vai acabar com ele.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Shortbus (2006), de John Cameron Mitchell. Um filme underground com roteiro aberto, diálogos improvisados e personagens criados a partir de experiências pessoais dos próprios atores.

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a Covid-19?

Seria maravilhoso, desde que sejam tomadas todas as medidas de segurança por parte dos cinemas. Melhor ainda seria se o brasileiro respeitasse essas medidas.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Como toda cinematografia, temos filmes muito bons e filmes muito ruins. Sempre foi assim. De qualquer forma, como disse o historiador e crítico Paulo Emílio Sales Gomes: “Até o pior filme brasileiro nos diz mais que o melhor filme estrangeiro.”

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Sonia Braga. Só o seu nome já é sinônimo de cinema brasileiro, é a nossa musa máxima. E, sempre que temos a oportunidade de tê-la filmando por aqui, é impossível não acompanhar o seu trabalho.

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a minha religião.

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Foi numa sessão de estreia da animação Viva – A Vida é Uma Festa, da Pixar. Quando o filme terminou e as luzes se acenderam, todos os adultos estavam chorando. Desde os pais ou avós que levaram suas crianças até os marmanjos que foram sozinhos ver o filme, como eu.

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras…

Talvez o nosso melhor “pior filme”. A sequência final é antológica!

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Mas não consigo entender uma pessoa que queira trabalhar com cinema e não gosta de assistir filmes. Porque todo bom cineasta traz consigo referências das obras que assistiu ao longo da vida. E, quanto mais ele expandir o seu conhecimento, mais bagagem ele terá para realizar um bom trabalho. É importante ter contato com as cinematografias dos mais diversos países, especialmente a nossa. Como levar a sério um diretor que quer fazer filmes no Brasil, mas não conhece nada de cinema brasileiro???

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