A Netflix se tornou uma potência do audiovisual, e ano após ano a plataforma nos traz de presente dezenas de produções originais. Tudo bem que alguns deles são verdadeiros presentes de inimigo oculto. Se pensarmos que a empresa começou a produzir seus próprios filmes em 2015, a evolução é notória e impressionante. É só repararmos na quantidade crescente de produções que a Netflix consegue emplacar no Oscar, por exemplo.
Pensando em homenagear esse verdadeiro império cinematográfico, que lança um filme por semana durante o ano todo, resolvi assumir uma tarefa arriscada. Com a ajuda de meus colegas críticos internacionais, realizei uma extensa pesquisa selecionando os 20 filmes mais elogiados e os mais avacalhados pela imprensa mundial, a fim de ajudar você, nosso querido leitor, naquela missão sempre difícil de selecionar o que assistir no streaming. Começaremos pela metade de baixo, os piores filmes, que podem ser igualmente divertidos dependendo de seu humor e estado de espírito.
Confira abaixo.
20) Um Ninho para Dois (2021)
Curiosamente, como você poderá conferir mais abaixo na lista, o filme mais detonado de Melissa McCarthy na Netflix não foi o óbvio Esquadrão Trovão – lançado no mesmo ano. A sátira de filmes de heróis conseguiu escapar. Para os críticos, pior ainda foi este dramalhão açucarado em que McCarthy interpreta uma mulher que perde seu filho ainda na gravidez e faz amizade com um pássaro como parte do processo de luto.
19) Polar (2019)
O grande Mads Mikkelsen dificilmente se mete em roubada quando falamos de filmes, mas aqui ao lado da Netflix estrelou o que os críticos consideraram uma grande bomba. Devidamente paramentado com um tapa-olho e um bigodón, o ator interpreta o maior assassino do mundo, nesta adaptação de um quadrinho da Dark Horse Comics. A história é um clichê do gênero, e traz o protagonista precisando largar a aposentadoria e voltar à ativa quando descobre que seus ex-empregadores colocaram sua cabeça à prêmio.
18) Perda Total (2018)
Já imaginou como seria o clássico da ação Duro de Matar (1988) se ao invés do policial durão Bruce Willis, tivéssemos três adolescentes perdedores precisando salvar o dia? Talvez ninguém queira imaginar. A Netflix sim. E para isso ela aprovou o roteiro de Adam Devine e Anders Holm, que também protagonizam o longa como dois de três amigos camareiros de um hotel que sonham em mudar de vida. Quando o rico ídolo do trio aparece em seu hotel, eles imaginam que essa seja sua oportunidade. Porém, terroristas também surgem e tomam todos como reféns. Apenas os três poderão salvar o dia.
17) Encontro Fatal (2020)
Algumas destas produções originais da Netflix soam como “clones B” de clássicos famosos. É o caso com este primo pobre e tosco de Atração Fatal. Até mesmo o título do longa parece ter sido criado no esquema do “copia, mas faz diferente”. Ao invés de Atração Fatal, temos Encontro Fatal (até em inglês, ao invés de Fatal Attraction, aqui temos Fatal A…ffair). A trama é a mesma, apenas subvertendo o sexo dos protagonistas, com a mulher casada (Nia Long) sendo infiel ao marido com um sujeito perturbado (Omar Epps). Além, é claro, o fato de serem atores negros.
16) Próxima Parada: Apocalipse (2018)
Temos que reconhecer que os responsáveis por dar os títulos a certos filmes aqui no Brasil são criativos, e continuam mantendo a tradição lá da década de 1980 – que transformou Ferris Bueller’s Day Off em Curtindo a Vida Adoidado, por exemplo. Aqui é How it Ends que se transforma no engraçadinho Próxima Parada: Apocalipse. Dá vontade de rir apenas lendo esse título. A trama, por outro lado, não é uma comédia, e sim um thriller apocalíptico, onde um homem tenta desesperadamente voltar para casa, para sua mulher grávida, após um evento de grandes proporções ocorrer.
15) Dívida Perigosa (2018)
Depois de ganhar o Oscar, o ator Jared Leto foi viver o Coringa em Esquadrão Suicida (2016). Mas como aquilo não deu muito certo, Leto resolveu se bandear para os lados da Netflix, que lhe deu um filme para protagonizar. Bem, talvez o ator devesse tentar de novo, porque sua estreia numa produção da plataforma não foi, digamos, seu melhor momento. Aqui, Leto vive um matador envolvido com a yakuza no Japão. Nada me tira da cabeça que o ator só aceitou pela chance de filmar no país nipônico.
14) O Limite da Traição (2020)
Enquanto o novo filme da Madea chega na Netflix e começa a se assentar (para quem sabe em breve fazer parte desta lista no futuro também), temos uma produção de Tyler Perry para passar o tempo – afinal não poderíamos ficar sem um produto do cineasta. Esse aqui, no entanto, não é uma comédia e sim um suspense dramático, o que nas mãos de Perry pode ser tão engraçado quanto (é só assistir Acrimônia para dar boas risadas, por exemplo). Como de costume nos dramas do diretor, aqui temos a vida de uma mulher destruída por um homem.
13) Correspondentes Especiais (2016)
Aqui temos um dos primeiros filmes originais da Netflix, e também um de seus piores, segundo a maioria dos críticos. O ácido Ricky Gervais é quem escreve o roteiro, dirige o filme e protagoniza ao lado de Eric Bana como dois jornalistas “171”, armando um golpe para cima de seus empregadores e do mundo. Enviados para cobrir um conflito na América do Sul, a dupla resolve permanecer em Nova York e cobrir o evento de lá mesmo, fingindo estar em campo. A ideia é sem noção, mas poderia render um filme engraçado.
12) A Barraca do Beijo (2018)
Na Netflix temos um caso curioso, em sua plataforma existem duas franquias adolescentes de muito sucesso, porém, apenas uma caiu nas graças dos críticos. A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos que Já Amei são dois sucessos mirados a meninas adolescentes que emplacaram tanto no gosto do público do streaming que já renderam três filmes cada. O espectador mais desatento poderia coloca-los no mesmo patamar. No entanto, basta uma olhada mais de perto para perceber que o segundo é adorado também pelos especialistas, enquanto este aqui… . Quem protagoniza é Joey King no papel de uma jovem tímida, encontrando a chance de dar o primeiro beijo, justamente no garoto por quem é apaixonada.
11) Indecente (2022)
Chega na lista agora o item mais recente, tendo sido lançado neste início do ano que mal começou. A geração Netflix talvez não conheça a atriz Alyssa Milano, mas os mais velhos com certeza lembram dela ainda adolescente na série de comédia Quem é o Chefe?, e também como a filha de Arnold Schwarzenegger no clássico de ação Comando para Matar (1985). Nos anos 90, Milano protagonizou a série do trio de irmãs bruxas, Charmed. Agora a atriz está de volta e ataca na Netflix neste thriller erótico, no qual interpreta uma escritora de livros de suspense precisando desvendar o mistério do assassinato da própria irmã.
10) Desperados (2020)
Agora adentramos o top 10 dos piores filmes originais da Netflix segundo os críticos. Em décima posição está essa comédia romântica feminina, em que uma jovem mulher envia um e-mail para o noivo enquanto estava bêbada. Envergonhada e sem ter como desfazer o ato… a solução é embarcar “cazamiga” para o México, onde o sujeito está, e apagar a mensagem no computador dele sem que ele saiba. Qual a chance de dar ruim? Talvez menores do que as do filme.
09) Vende-se esta Casa (2018)
Considerado “o” pior filme original da Netflix por muitos, estes mesmos ficarão surpresos de perceberem que para a maioria dos críticos ainda existem outros oito filmes piores no acervo da plataforma. Este aqui é um pseudo suspense com toques de terror, protagonizado pelo jovem Dylan Minnette (Pânico 5). No filme, ele e sua mãe se mudam para uma nova mansão. E como esperado de filmes assim, logo descobrem eventos possivelmente inexplicáveis no local.
08) Zerando a Vida (2016)
Adam Sandler tem o nosso respeito. Em seu currículo, o ator agora pode falar “quando eu cheguei na Netflix, aquilo era tudo mato”. O que acontece é que Sandler foi um dos primeiros a ver potencial na empresa, e logo de cara fechou um acordo para seis filmes produzidos exclusivamente no streaming. Contrato esse que já foi renovado para mais filmes. Zerando a Vida foi o segundo longa deste acordo. Apesar da contratação de luxo, os críticos continuaram fazendo pouco caso da qualidade de suas obras. Aqui, Sandler e o amigo David Spade resolvem forjar a própria morte e começar vidas novas. Porém, suas novas identidades se mostrarão mais perigosas do que imaginavam.
07) A Última Coisa que Ele Queria (2020)
Por bem ou por mal, os críticos e o público já esperam que certas produções, como os filmes de Adam Sandler, comédias besteirol, pseudo thrillers eróticos, alguns filmes adolescentes de comédia e terror, não serão do gosto de todos. O que surpreende é ver filmes que deveriam ser sérios e ter prestígio aparecendo na lista. É o caso com este suspense dramático, que estreou em Sundance, e tem os Oscarizados Anne Hathaway e Ben Affleck protagonizando. A recepção do longa foi tão fria que ele rapidamente foi varrido para debaixo do tapete e terminou caindo na Netflix.
06) The After Party (2018)
A Netflix realmente é a locadora moderna da era virtual. Quem viveu na época destas lojas que alugavam filmes em fita VHS lembra muito bem como funcionava a peneiração em sua locadora favorita. Todos nós conhecíamos bem onde ficavam os gêneros que mais gostávamos e também a posição dos filmes que alugávamos incansavelmente. Vira e mexe nos deparávamos com uma capa curiosa que nos intrigava, mas não o bastante para a alugarmos. É o caso com a Netflix e suas capinhas de filmes virtuais. Assim como qualquer locadora, a Netflix também tem seus filmes ruins. E este me parece ser uma “das fitas pouco alugadas” na plataforma. O motivo não é espanto, já que se encontra em sexto lugar na lista. A história desta “comédia” fala sobre um jovem aspirante a rapper, indo até Nova York atrás de sua grande chance.
05) Nu (2017)
Agora chegamos ao top 5 dos piores filmes originais da Netflix, e abrimos com esta mistura do nacional O Homem Nu, baseado na crônica de Fernando Sabino, com Feitiço do Tempo. Quem protagoniza é Marlon Wayans, e por muito pouco outro filme do humorista não entrou entre os 20 piores filmes da Netflix – trata-se de Seis Vezes Confusão, que bateu forte na trave. Mas Nu entrou e com louvor. Na trama, Wayans é um sujeito nervoso com o casamento, revivendo o mesmo dia repetidamente, em que passou vergonha ao ser encontrado nu em um elevador.
04) A História Real de um Assassino Falso (2016)
Bem, já tivemos Adam Sandler, Melissa McCarthy, Marlon Wayans, Tyler Perry… quem mais falta na lista? Ah sim, como pudemos esquecer de Kevin James? Um dos apadrinhados de Adam Sandler, James começou a fazer sucesso no divertido programa de TV The King of Queens, nos anos 90. Quando decidiu se unir à trupe de Sandler foi que sua carreira começou a degringolar. Aqui, o ator interpreta um escritor que publica seu mais recente sucesso, um livro sobre um super espião assassino. O problema é que sua editora mexe no texto e transforma a obra nas memórias de um agente real, que em pouco tempo será confundido com o próprio autor, o colocando em meio a uma conspiração internacional.
03) Pai do Ano (2018)
Seguindo de perto e subindo no pódio com a medalha de bronze, temos outro “parça” de Adam Sandler, o comediante baixinho e loirinho David Spade – que já havia aparecido na lista ao lado do próprio em Zerando a Vida. De fato, Spade fez ainda outro filme que muitos consideram um dos piores originais da Netflix: A Missy Errada (2020) – que segundo os críticos, é ruim, mas não ao ponto de ficar entre os 20 piores. Já este Pai do Ano não teve escapatória. Aqui, Spade vive uma versão de seu personagem no cult Joe Sujo (2001), a diferença é que seu caipira pobretão aqui tem um filho universitário, cuja vida ele não cansa de atrapalhar.
02) Os 6 Ridículos (2015)
Todos os pupilos já passaram pela lista, mas nenhum consegue superar o mestre. Subindo no pódio em segundo lugar temos o próprio: Adam Sandler. E justamente na primeira parceria entre o comediante e a Netflix. No contrato inicial de seis longas, quase todos receberam avaliações ruins da mídia. Mas o que bateu o recorde como pior deles, conquistando irrisórios 0% de aprovação dos críticos, foi mesmo Os 6 Ridículos, o filme que abriu com “chave de ouro” esta parceria. O curioso é que no mesmo ano o prestigiado Quentin Tarantino lançava seu faroeste Os Oito Odiados (2015), e com este título no filme de Sandler achava-se que seria uma paródia do longa citado. Os 6 Ridículos é um faroeste, mas as semelhanças param por aí, já que aqui Sandler é um pistoleiro descobrindo seus muitos irmãos, que nada tem a ver com ele.
Que rufem os tambores para saber qual filme tirou a primeira posição dos piores de Adam Sandler e subiu no pódio com medalha de ouro como o fundo do poço da Netflix…
01) The Last Days of American Crime (2020)
O filme que conseguiu desbancar Adam Sandler e todos os outros da lista não é uma comédia, um filme adolescente ou sequer um terror ruim, é um filme de ação com ares de ficção científica, protagonizado pelo geralmente eficiente Edgar Ramirez, aqui pagando todos os seus pecados. Baseado numa história em quadrinhos adulta, a história se passa num futuro não muito distância onde o governo americano planeja erradicar todo e qualquer crime de sua sociedade. Mas aqui ele não instaura Uma Noite de Crime, já que a trama está mais para uma mistura de O Demolidor (1993) e Minority Report. O que as autoridades fazem é emitir um sinal de áudio que torna as pessoas incapazes de realizar crimes. Ramirez vive um criminoso impedido em um assalto, que decide se vingar planejando o último grande roubo dos EUA. Se você decidir encarar a empreitada, esteja avisado de que são 2h30min de duração.